O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde (Ses), promoveu nestas segunda e terça-feira (13 e 14), uma capacitação para quatro técnicos da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte para a implementação da vigilância da cólera. Houve aulas teóricas e práticas em pontos estratégicos de João Pessoa, como estação rodoviária, praia, rios e redes de esgoto.
“Devido ao achado do vibrião da cólera no estado de Pernambuco, o Ministério da Saúde lançou o alerta para a Paraíba e Rio Grande do Norte. Como nosso estado está muito avançado em relação à Vigilância Ambiental da cólera, houve a solicitação para que nós realizássemos essa capacitação para o estado vizinho”, explicou o chefe do Núcleo de Fatores não Biológicos da SES, Emanoel Lira.
Na manhã desta terça-feira (14), a capacitação aconteceu na Praia da Penha, litoral sul da capital. Vários pontos foram analisados.
“Na Penha tem rio, esgoto e praia, ou seja, é um local propício para a aula prática. O vibrião da cólera existe na natureza, porém, diante da situação climática que o Nordeste está passando, se faz necessária a implantação da vigilância da cólera. Geralmente, uma situação como esta causa um estresse do vibrião e a reintrodução da doença se torna mais provável, por isso é preciso estar sempre atento”, explicou Emanoel.
O Rio Grande do Norte vive um período de seca há seis anos – praticamente todos os sistemas de abastecimento de água estão em colapso ou entrando em colapso. A situação é favorável ao aparecimento da cólera.
“Estamos vivenciando características climáticas parecidas com as vividas no surto de cólera no final da década de 90, por isso queremos implantar a vigilância no Estado. Nosso último caso da doença foi em 2001, é importante estarmos capacitados para trazer segurança em saúde para a população. Agradecemos demais à equipe da Paraíba, que já tinha experiência no assunto e não mediu esforços para nos orientar”, frisou o técnico de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Norte, Francisco Duarte da Silva.
Além dos técnicos do Rio Grande do Norte, também participaram da capacitação técnicos de municípios de divisa da Paraíba, considerados estratégicos: Monteiro, Alhandra, Caaporã, Natuba, Pitimbú, Sumé e Umbuzeiro.
Dados – No início dos anos 2000, a cólera entrou na Paraíba pelo município de São Bento, no Sertão, e logo se espalhou por todo o Estado, que entrou em epidemia. O último caso registrado de cólera foi em 2001.
No Brasil, a sétima pandemia de cólera chegou em 1991 e até 2001 atingiu todas as regiões do país, produzindo um total de 168.598 casos e 2.035 óbitos, com registro de grandes epidemias na região Nordeste.
Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente, e o passo seguinte é a investigação, que deve ser feita o mais rápido possível.
Cólera – A cólera é uma doença infecciosa intestinal aguda, com manifestações clínicas variadas, que pode ser leve ou até ocorrer sem sintomas, mas em cerca de 5% dos infectados, pode se apresentar de forma grave (com diarréia aquosa e profusa), levando a graves complicações e ao óbito. A doença é transmitida principalmente pela contaminação fecal da água, de alimentos e outros produtos que podem ser levados à boca.
“A população deve ser orientada a tomar os devidos cuidados com o uso da água (beber, cozinhar, tomar banho). Aos gestores de saúde e vigilância ambiental, atenção redobrada aos locais onde o vibrião é encontrado”, orientou o chefe do Núcleo de Fatores não Biológicos da SES, Emanoel Lira.
Quando a cólera é inserida numa localidade, observa-se um aumento no número de casos de diarreia aguda, nas formas moderada e grave. É extremamente necessário que se faça o monitoramento dos casos de diarreia aguda no nível local, principalmente nas áreas silenciosas, pois somente com o conhecimento do comportamento das diarreias será possível identifica os surtos de cólera de forma precoce e adota as medidas adequadas no menor tempo possível.
A cólera é causada pelo Víbrio Choleraetoxigênico dos sorogrupos O1 ou O139. O Víbrio Choleraefaz parte da microbiota marinha e fluvial, e pode se apresentar de forma livre ou associado a crustáceos, moluscos, peixes, algas, aves aquáticas, entre outros.