O Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren PB) divulgou nota na tarde desta terça-feira (14) abordando dados do Relatório 302/2019, encaminhado em outubro do ano passado para Promotoria da Saúde (MPPB), Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba (SES/PB) e Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa (SMS/JP).
No relatório, assinado pelo Enfermeiro Fiscal, Vitor Sergio Alves Ferreira, foi constatado “um número excessivo de pacientes, o que implica na diminuição no número de horas de enfermagem prestadas e consequente comprometimento da privacidade e o conforto” dos internos. Também foi registrado “que a superlotação na Unidade Hospitalar acaba promovendo o uso de contenção mecânica (amarrar pacientes) o que associado a falta de espaço entre as macas favorece a infecção cruzada e lesões por pressão”.
“Na verdade, a situação está instalada no Hospital de Trauma, mas é preciso que se tenha um olhar mais amplo para a Rede de Atenção a Saúde. Porque o Hospital não funciona isolado da UPA, da Unidade Básica de Saúde. É perceptível que acontece uma falha de comunicação entre esses pontos e quando eles ficam fragilizados comprometem a rede como um todo”, avaliou o Dr. Vitor Sergio.
Na nota o Coren PB destaca que “o serviço de Urgência da Unidade estava funcionando com 52,8% acima de sua capacidade. Já na Área Laranja se observou que apesar do planejamento ser para 20 leitos, existiam 45 pacientes. Ou seja, 225% além da capacidade de atendimento do setor”.
Lea a nota:
Nota
O Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren PB) vem a público informar que no período de 13 setembro de 2019 a 08 de outubro do mesmo ano realizou Auditoria Operativa no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena (HETSHL), em João Pessoa/PB, buscando aferir a qualidade dos serviços prestados pela enfermagem a população.
Durante a fiscalização a Auditoria constatou um número excessivo de pacientes, o que implica na diminuição no número de horas de enfermagem prestadas e consequente comprometimento da privacidade e o conforto. Outro efeito da superlotação é a ausência de espaço entre as macas, impedindo a equipe de enfermagem de prestar os devidos cuidados. Tudo isso fragiliza o processo de trabalho e compromete a eficiência, eficácia e qualidade do serviço de saúde.
A auditoria constatou ainda que a superlotação na Unidade Hospitalar acaba promovendo o uso de contenção mecânica (amarrar pacientes) o que associado a falta de espaço entre as macas favorece a infecção cruzada e lesões por pressão. A contenção mecânica é um procedimento previsto na legislação do serviço de enfermagem, porém, não deve ser aplicada de maneira rotineira e sem critérios.
Quanto aos idosos que ficam internados no HETSHL a superlotação favorece o distanciamento dos profissionais, devido a alta demanda, além de impedir a presença de familiares para o acompanhamento, causando isolamento social e familiar. Esta situação é pouco respeitosa com os idosos, impossibilitando praticar ações que promovam o bem-estar biopsicossocial e espiritual dos internos.
Verificou-se que o serviço de Urgência da Unidade estava funcionando com 52,8% acima de sua capacidade. Já na Área Laranja se observou que apesar do planejamento ser para 20 leitos, existiam 45 pacientes. Ou seja, 225% além da capacidade de atendimento do setor.
Foram encontrados pacientes sentados nas macas aguardando transferência, exames e outros procedimentos. Muitos pacientes aguardavam por até 4 dias pela manifestação da Regulação para efetivar a transferência para outro serviço.
Tal auditoria resultou no Relatório de Fiscalização 302/2019, disponibilizado no site desta autarquia, que foi devidamente encaminhado à época para Promotoria da Saúde, gerente do Serviço de Enfermagem do HETSHL, Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba e a Secretaria de Saúde de João Pessoa.