O canteiro dos Ipês, no Parque da Lagoa, ganhou um jardim recheado de flores e lembranças. Com o nome Praça das Mulheres, o recanto conta com seis placas que reverenciam, inicialmente, cinco mulheres assassinadas e uma que sobreviveu, vítimas da violência contra a mulher em João Pessoa.
A iniciativa é da Secretaria de Políticas Públicas Para as Mulheres (SPPM) e faz parte das ações implementadas pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), na luta pelo enfrentamento à violência contra a mulher na cidade.
Para acolher as placas, o canteiro dos Ipês foi ampliado e a oficialização do espaço ocorre no dia 30 de novembro, durante uma solenidade pública, às 10 horas.
Liliane Oliveira, da Coordenação de Enfrentamento da Violência Contra as Mulheres, da SPPM, destaca a importância da ação. “É uma ação de visibilidade, promovida pela gestão municipal, que simboliza a memória da resistência e luta da mulher contra a violência doméstica e urbana, patrocinada pelos homens, excepcionalmente companheiros ou outros que não respeitam a evolução e conquista dos seus espaços e liberdade ao longo do tempo”, diz a profissional.
Ela lembra que a luta da mulher é todo dia e a Prefeitura está engajada nesta luta. “Estamos reverenciando todas as mulheres que foram assassinadas na Paraíba, vítimas do feminicídio e outras que estão na resistência, especialmente em João Pessoa”, destaca.
De acordo com dados da segurança pública, segundo Liliane, até o momento, 97 mulheres foram assassinadas no decorrer deste ano, enquanto que o índice de estupros aumentou 29%. “Temos que priorizar a luta, se não resistir é pior”, destaca.
Prioridade – A escolha dos seis nomes das placas expostas no canteiro, atendeu o critério de maior brutalidade, os casos mais emblemáticos. Segundo ela, o desenvolvimento de toda a ação contou com a participação de entidades que lutam no cotidiano pela causa, a exemplo do movimento “Mães na Dor”.
Destacando o slogan “Nascer e Renascer: pelo empoderamento das mulheres”, cada placa recebeu o nome da mulher e o ano do seu assassinato. Entre elas:
– Rebecca Alves Simões, 15 anos, ano 2013, bairro de Mangabeira, assassinada pelo padrasto, que está preso;
– Germana Clara Sá Marinho, 28 anos, assassinada em frente dos filhos, 2016, no bairro de Tambiá;
– Fernanda Ellen Miranda Cabral, 11 anos. Morta em 2013, pelo vizinho e enterrada, no quintal, no alto do Mateus;
– Ariane Thais Carneiro de Azevedo, grávida, 21 anos, advogada. Assassinada em 15 de abril, 2010;
– Vivianny Crisley Viana, 29 anos, de Mangabeira, morta ao sair do Beberico’s, 2016, nos Bancários;
– Laisa Batista do Nascimento, 23 anos, do Bessa. Ela sobreviveu, mas sofreu vários tipos de abuso. Está sendo homenageada pela sua história de resistência. O caso de Laisa revoltou a sociedade pela falta de sensibilidade inclusive da justiça para o que sofreu. Ela, além de ser violentada, foi presa e o juiz deu a medida protetiva para o agressor.