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Parlamentares vão à Justiça contra privatização e apontam manobra na Eletrobras

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Um grupo de senadores protocolou nesta terça-feira (7) representação (leia a íntegra), na Procuradoria-Geral da República (PGR), para barrar o processo de privatização da Eletrobras, estatal do sistema elétrico brasileiro, anunciado nos últimos dias pelo presidente Michel Temer. Em outra frente, as lideranças do PT no Senado e na Câmara foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra outro decreto, este assinado por Temer na última quarta-feira (1º), véspera do feriado de Finados, que se destina a estabelecer “regras de governança, transparência e boas práticas de mercado para a adoção de regime especial de desinvestimento de ativos pelas sociedades de economia mista federais” – entre outras disposições, permite a venda de ativos por estatais como a Petrobras, informa reportagem de Fábio Góis, do Congresso em Foco.

Nesta terça (7), Temer publicou decreto que regulamenta a privatização de distribuidoras de energia controladas pela União, estados e municípios, além das transmissoras de energia tuteladas pela União. O foco da medida, como o próprio governo tem propagandeado, é a Eletrobras. Assinado pelos líderes do PT, Lindbergh Farias (RJ), do PCdoB, Vanessa Grazziotin (AM), e do PSB, Lídice da Mata (BA), a representação à PGR acusa o governo de executar “mais que a venda de uma Estatal brasileira, mas sim a quebra da segurança energética do país em favor de grupos econômicos e agentes públicos”.

Endereçada à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a representação faz menção a reportagem do jornalista Luís Nassif (“A 3G e o negócio do século com a Eletrobras”), publicada em 28 de agosto, sobre “o pano de fundo” para a privatização da Eletrobras. “O pai da ideia é o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, operador colocado para dar as cartas no MME. O ministro [Fernando Coelho Filho] é figura decorativa. Pedrosa é ligado ao fundo de private equity GP Investimentos, que nasceu das entranhas do Banco Garantia para administrar parte dos ativos, quando os três fundadores embarcaram na grande aventura Ambev”, diz trecho da matéria.

“GP é Garantia Partners, que comprou a Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão) quando essa estava sob intervenção da Aneel depois de ter sido devolvida pela Pennsylvania Power and Light, que perdeu 330 milhões de dólares na primeira privatização da Centrais Elétrica do Maranhão e a entregou de volta por 1 dólar. Foi dada de graça a esse grupo apesar de haver uma proposta com dinheiro a vista do grupo americano Franklin Park, operador do Fundo Guggenheim, um dos maiores fundos de private equity americanos. Mas foi um leilão de cartas marcadas, no qual o trunfo do comprador estava na facilidade em renegociar os passivos da empresa com a Eletrobrás”, acrescenta a reportagem (leia).

Para os senadores oposicionistas, Temer atenta contra a soberania nacional ao beneficiar “determinado grupo econômico” no setor elétrico. “O modelo de privatização proposto, que deverá se dar juntamente com a mudança em todo o marco regulatório do setor elétrico, é em si profundamente danoso ao país e representará para a população brasileira uma agressão à soberania nacional, insegurança energética para o futuro e substancial elevação das tarifas no curto e no médio prazos”, dizem os senadores, na representação à PGR.

“Ademais, fartos são os indícios de que a privatização aventada seja o instrumento utilizado para dar aparência de legalidade ao que de fato será a venda dirigida a um determinado grupo econômico, que tem representantes na Eletrobras e no Ministério das Minas e Energia”, acrescenta o texto.

Ontem (segunda, 6), enfrentando insatisfação na base aliada, o presidente anunciou que a proposta de privatização da Eletrobras e outras estatais do setor seria encaminhada ao Congresso por meio de um projeto de lei, no que concerne apenas à autorização para o processo de desestatização – isso impediria que os termos dos processos de licitação, descritos no decreto, estivesse passível de mudança na Câmara e no Senado. A ideia do Planalto é enviar a proposição aos parlamentares até a próxima quinta-feira (9).

Venda de ativos

Além de representação ao STF, as lideranças petistas já providenciaram projetos de decreto legislativo (PDL) para sustar o decreto de Temer publicado em 1º de novembro. A iniciativa dos petistas foi acompanhada por parlamentares como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que também anunciou em plenário a formalização de um PDL – minoritária no Congresso, a oposição sabe que o governo pode barrar as iniciativas, por isso a ida ao STF.

Para os oposicionistas, ao criar regime especial para venda de ativos de empresas de economia mista como a Petrobras, o decreto cria o terreno propício para a onda privatista sinalizada pelo governo Temer. Além da petrolífera, dizem os adversários de Temer, a própria Eletrobras e o Banco do Brasil, além de suas subsidiárias e demais empresas tuteladas, servirão como reforço de caixa para o governo a partir da comercialização de ativos.

“É gravíssimo! É crime de lesa-pátria! E, ainda pior, permite a venda apenas dos ativos valiosos e rentáveis, deixando aqueles que não têm valor no colo do governo. E seus prejuízos sendo pagos pelo contribuinte. Por exemplo, o mercado passa a ter direito de comprar tudo o que dá lucro na Petrobras, e abrir mão de tudo o que pode dar prejuízo ou lucro pouco significativo. E o mesmo vale para Banco do Brasil, Eletrobras e as demais empresas estatais que mantêm ações em Bolsa”, protestou o líder do PT na Câmara, Carlos Zaratini (SP).

“Esse decreto abre todas as sociedades de economia mista e subsidiárias para participação de capital externo. É um acinte esse decreto, uma agressão! Para vocês terem ideia, o Banco do Brasil está sob ameaça de ter capital privado na sua composição e de ser privatizado, sob a égide desse decreto”, reclamou Randolfe em plenário, lembrando que até a Casa da Moeda foi lançada no rol de privatizações. “Na história nacional, esse decreto passará, será incorporado como o texto de maior lesa-pátria que já foi editado por um presidente da República. Nunca na história nacional um presidente ousou tanto agredir o Estado nacional, construído há 200 anos.”

Um dos signatários da representação contra a privatização, Lindbergh protestou em plenário também contra o Decreto 9.188/2017. ”Eles estão vendendo sem leilão, sem licitação. Venderam a Nova Transportadora do Sudeste, da Petrobras, por 5 bi para a empresa canadense Brookfield, sem licitação. Venderam 66% do campo de pré-sal de Carcará por 2,5 bi para a Statoil francesa, aliás, norueguesa. Venderam o campo de Sururu para a Total francesa. Agora querem, com esse decreto, legalizar essa situação e permitir que se vendam ativos sem licitação. É um escândalo!”, vociferou o petista, depois contraditado pelo senador José Medeiros (Podemos-MT).

“Quero dizer que vi a Bolívia ficar com o patrimônio brasileiro, que valia quase US$10 bilhões. Eu vi, em uma entrevista, o ex-presidente Lula se jactar e dizer o seguinte: que o Brasil tinha uma elite atrasada e que, se dependesse dela, a Bolívia não teria ficado com aquele ativo brasileiro. E que ele, como era um sujeito avançado, partilhou com a Bolívia, um país amigo, e deu aquela refinaria para a Bolívia. Pois bem: aquele ativo não passou aqui pelo Congresso, não foi feito decreto, nada. Simplesmente deu, como se fosse dele. E agora eu vejo aqui o senador Lindbergh fazer uma defesa árdua do patrimônio nacional”, ironizou Medeiros.

Eletrobras

O decreto publicado hoje (terça, 7) por Temer viabiliza a venda de distribuidoras antes controladas pela Eletrobras, cuja licitação é pretendida pelo governo já no início do próximo ano. Seis distribuidoras estão colocadas para venda: Amazonas Distribuidora de Energia, Boa Vista Energia, Companhia de Eletricidade do Acre, Companhia Energética de Alagoas, Companhia de Energia do Piauí e Centrais Elétricas de Rondônia.

Segundo o decreto, o controlador de empresas de distribuição terá 15 dias para encaminhar solicitação, ao Ministério de Minas e Energia, de permissão para que a União possa executar os leilões no setor. No caso das distribuidoras controladas por estados, municípios e Distrito Federal, será transferida para a União a responsabilidade pelos procedimentos de cada processo licitatório.

O texto determina ainda a estados e municípios a observância das solicitações do Ministério de Minas e Energia, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e de outras instituições da administração pública federal, bem como reforçar tais pedidos de privatização com pareceres da Procuradoria-Geral nos estados, Distrito Federal e municípios – nesses casos, ficará a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a execução dos procedimentos de privatização, em contratos de concessão vigentes por 30 anos.

O governo diz que as mudanças trarão benefícios para o país com a modernização do setor, e que as privatizações atrairão investimento internacional. Lembrando que a Eletrobras, por exemplo, poderá ter ações negociadas na Bolsa de Valores, o Ministério de Minas e Energia diz que a medida tem entre seus objetivos conferir mais competitividade e agilidade às operações da estatal, com expectativa de arrecadação de até R$ 12 bilhões.

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Efraim é relator de projeto para tornar punição mais severa em crimes de roubo de fios de cobre

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Em conversa com jornalistas nesta sexta-feira (22), o senador Efraim Filho (União-PB) se manifestou sobre sua relatoria ao Projeto de Lei nº 3780, de 2023, que aumenta o rigor da legislação penal para coibir novos crimes de furto, roubo, estelionato, receptação e interrupção de serviço telefônico, e outros de utilidade pública.

O parlamentar disse que é preciso aumentar as penas e incluir na legislação a proteção de bens jurídicos caros à sociedade como, por exemplo, roubos e furtos de cabos e equipamentos de telecomunicações.

“A população não pode ficar à mercê desses bandidos que prejudicam a coletividade, colocando em risco a segurança de todos e gerando estragos irrecuperáveis. O código penal precisa ser atualizado para evitar uma legislação branda para esses delitos. Não dá para ficarmos lenientes com crimes dessa natureza”, desabafou.

Efraim relembrou, ainda em tom de indignação, a recente invasão e o roubo de fios de cobre na Paraíba que afetou a distribuição de água na Região Metropolitana de João Pessoa afetando cerca de 760 mil pessoas.

“Hoje, existem quadrilhas criminosas especializadas que operam de forma criteriosa na subtração de equipamentos de alto valor, como cabos de cobre e baterias. Essas ações infratoras comprometem, muitas vezes com danos irreparáveis, serviços de utilidade pública como emergências médicas”, disse.

Em 2023, mais de 5,4 milhões de metros de cabos de telecomunicações foram subtraídos, um aumento de 15% em relação a 2022, e mais de 7,6 milhões de clientes tiveram seus serviços interrompidos.

“Nosso trabalho legislativo vai ser firme no sentido de punir severamente esses criminosos. O PL 3780 definirá como crime qualificado, com penas mais rigorosas, e não mais como crime comum, o furto e roubo de celulares e de cabos de energia elétrica e telecomunicações ou outros que afetem serviço essencial,” concluiu.

O relatório já está em fase de conclusão e será apresentado em breve pelo parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

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Relatório final da PF aponta Bolsonaro como “líder da organização criminosa” em tentativa de golpe

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O relatório final de 884 páginas da Polícia Federal (PF) sobre o plano de golpe de Estado no Brasil aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “líder” do grupo de 37 pessoas que, de acordo com a PF, organizou um plano para mantê-lo na Presidência após a derrota nas urnas para o presidente Lula (PT).

O documento, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21), relata que Bolsonaro “permeou por todos os núcleos” a organização criminosa apontada pela investigação. A Polícia aponta, ainda, que, apesar de transitar em todos os núcleos, “atuou diretamente na desinformação e ataque ao sistema eleitoral”.

Indiciados

Após um ano e dez meses de investigação, a PF indiciou nesta quinta-feira (21/11) o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas nesse inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado no Brasil e plano de assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Morais.

Também estão entre os indiciados alguns ex-ministros do governo, como Anderson Torres (Justiça), general Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa e Casa Civil).

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid também está na lista, além do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

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Comissão analisa emendas a reforma dos processos administrativo e tributário

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A comissão temporária encarregada de modernizar os processos administrativo e tributário (CTIADMTR) voltará a analisar três projetos que aprovou em junho e que, depois, receberam emendas no Plenário do Senado. A reunião da comissão está marcada para quarta-feira (27/11), a partir das 14 horas. O relator das três projetos é o senador paraibano Efraim Filho (União Brasil).

As propostas vieram de anteprojetos apresentados por juristas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e depois formalizados como projetos de lei. Elas haviam sido aprovadas em decisão terminativa e iriam direto para a Câmara dos Deputados, mas receberam recurso de senadores para que fossem analisadas também em Plenário. Ao todo, os três projetos receberam 79 emendas dos parlamentares, que devem ser analisadas pela CTIADMTR.

Um dos projetos que retornou para análise é o da reforma da Lei de Processo Administrativo (LPA — Lei 9.784, de 1999). O PL 2.481/2022 foi aprovado na forma de um substitutivo para instituir o Estatuto Nacional de Uniformização do Processo Administrativo. Serão analisadas 29 emendas apresentadas em Plenário.

Outro projeto é o de novas regras para o processo administrativo fiscal federal (PL 2.483/2022), que também foi aprovado como substitutivo. O texto incorporou os conteúdos de dois outros projeto que estavam em análise na comissão: o PL 2.484/2022, que tratava do processo de consulta quanto à aplicação da legislação tributária e aduaneira federal, e o PL 2.485/2022, que dispunha sobre mediação tributária na cobrança de dívidas fiscais. A comissão votará 36 emendas ao projeto.

O terceiro é o PL 2.488/2022 que cria a nova Lei de Execução Fiscal. O objetivo do texto é substituir a lei atual (Lei 6.830, de 1980) por uma nova legislação que incorpore as inovações processuais mais recentes e ajude a tornar a cobrança de dívidas fiscais menos burocrática. Foram apresentadas 14 emendas.

Comissão

As minutas dos projetos foram elaboradas pela comissão de juristas criada em 2022 pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. A comissão foi presidida pela ministra Regina Helena Costa, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Depois, os textos foram apresentados como projetos de lei por Pacheco e remetidos para uma nova comissão, constituída por senadores. O senador Izalci Lucas (PL-DF) presidiu o colegiado.

Fonte: Agência Senado

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