O governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), equilibrou o discurso ao comentar mais uma vez a declaração pejorativa do presidente da República Jair Bolsonaro sobre o Nordeste, ocasião na qual foi flagrado chamando os governadores da região de “paraíba”.
Durante sua chegada à reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que acontece nesta segunda-feira, 29, em Salvador, Azevedo evitou ataques diretos a Bolsonaro. “São águas passadas”, amenizou ele, apesar de classificar o episódio como “infeliz, extremamente infeliz”.
“Para a gente, são águas passadas. Não interessa esse tipo de disputa. Para os governadores, interessa ter uma relação republicana e de respeito, que os Estados merecem. Merecem pelo povo nordestino. E é isso que nós vamos buscar”, afirmou o governador paraibano.
“Os governadores representam, acima de tudo, a voz desse povo que exige respeito do governo federal, que, a partir de suas demandas apresentadas, quer solução para isso. E isso nós vamos buscar. A relação republicana, independente de quem esteja sentado na cadeira de presidente, ela tem que estar acima de qualquer outro tipo de relação”, pregou o pessebista.
Ele ainda fez piada com a situação, dizendo que terá que anexar ‘Paraíba’ ao seu nome. “Durante a campanha, toda as vezes que eu me apresentava eu dizia que meu nome era João. Depois disso eu passei agora a ser também João Paraíba”, riu Azevedo.
Essa foi a primeira vez que os governadores do Nordeste, fechados em um consórcio regional, se reúnem desde as declarações polêmicas de Bolsonaro. Na ocasião, o grupo emitiu nota criticando o uso do termo ‘paraíba’ de forma pejorativa pelo presidente. Agora, contudo, o tom do discurso político foi moderado, destaca reportagem do Estadão.
Questionado se o consórcio tinha o objetivo de sanar a dificuldade de repasse de verbas do governo federal para o Nordeste, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), também evitou ser incisivo, fugindo de polêmica.
“O objetivo é na verdade ajudar o Brasil a crescer, a superar a crise, um país que vive infelizmente há 5 anos em crise e o motivo principal eu considero que é a falta de confiança no país, a falta de segurança jurídica e institucional. E nós não podemos cruzar os braços. Essas ações são para alavancar a economia e sobrar um pouco de recurso. Nós não podemos ficar esperando, já que o Brasil não acena, não aponta a retomada do crescimento”, disse Costa, ao chegar à reunião do bloco regional, sem citar diretamente o governo federal ou o presidente da República.
O governador petista viu-se envolvido, na última semana, em polêmica com o presidente por ocasião da inauguração do Aeroporto de Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia. Ambos reivindicam a “paternidade” da obra e trocaram frases ofensivas.
A obra, que foi executada com maioria de recursos federais e uma contrapartida do governo da Bahia, foi autorizada durante o governo Dilma Rousseff (PT). A briga pelos “louros” do novo aeroporto gerou a desistência do governador baiano de participar da inauguração.
O petista afirmou que o governo federal não deu convites suficientes para seus correligionários e chamou o ato de “palanque político-partidário”. Já Bolsonaro, que aproveitou a ocasião para posar ao lado do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), inimigo político de Rui Costa, reclamou publicamente porque o governador não enviou efetivos da PM para a segurança do evento.
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