A história conta que João Pessoa nasceu às margens do Rio Sanhauá e depois cresceu em direção ao mar, num processo que também veio acompanhado de impactos positivos e negativos. O abandono do Centro Histórico foi durante muito tempo motivo de decepção, mas uma série de intervenções realizadas pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) vem invertendo a lógica do passado e devolvendo à população o orgulho e a importância do lugar onde nasceu a Capital da Paraíba. A revitalização do Centro Histórico tem proporcionado o desenvolvimento do turismo, da cultura e do empreendedorismo.
O Parque da Lagoa, por exemplo, que antes impressionava do alto e decepcionava de perto, agora foi transformado em parque de fato para ser o lugar das famílias, do lazer e dos esportes, num ambiente cercado pelo verde da natureza – preservado pela maior intervenção já realizada no coração da cidade, que no último dia 12 completou três anos. “É o lugar de todos, onde todo mundo que mora na cidade tem alguma relação”, disse o comerciante Diogo de Assis, durante um passeio pelo local.
A PMJP revitalizou a Praça da Independência, Parque Cultural Pavilhão do Chá, Hotel Globo, Casa da Pólvora, Casarão 34, entre outras intervenções como a Villa Sanhauá, também aniversariante do mês. Nesse caso, há um ano, os antigos casarões foram transformados em 17 moradias e seis lojas de diferentes empreendimentos artísticos. A Villa é um ponto cultural inovador na revitalização de prédios históricos, um complexo pensado para fomentar a cultura e a economia no Centro Histórico.
“Foi um divisor de águas na minha carreira”, desabafa Ery Nunes, artista que possui mais de 20 anos de trajetória na pintura. Ele é um dos contemplados, que passaram por um rigoroso processo de seleção comandado por uma comissão constituída para este fim, através de um edital lançado e amplamente divulgado pela PMJP. Dentre os critérios para participar da seleção, estava a necessidade de serem pessoas ligadas às artes plásticas, teatro, música e turismo, por exemplo.
“Aqui eu pinto minhas telas, aumentei e muito o meu trabalho, além de também expor, o espaço atende as duas coisas – criação e exposição”, explicou. “Quero ficar aqui pro resto da vida, contribuir com a nossa cultura através do meu trabalho, graças à Prefeitura de João Pessoa”, comentou.
Cultura – Há apenas um mês na Villa Sanhauá, a General Store é uma loja roupas, calçado, além de cafeteria e cervejaria. O empreendimento aposta justamente no apelo cultural do lugar. “Estamos muito otimistas, porque a cidade voltou a olhar para o Centro Histórico, no que se refere a comércio, eventos, lazer e entretenimento”, conta Francisco Neto, um dos funcionários da General Store. “A Prefeitura de João Pessoa está fazendo um grande trabalho aqui, está devolvendo a importância do Centro. É muito bom fazer parte desse momento”, afirmou ele.
A revitalização do Centro Histórico, com projetos como o Villa Sanhauá, gera impacto no Turismo. Recentemente, uma importante publicação da Espanha, o portal La Vanguardia, destacou entre outros cartões postais da cidade, o belíssimo acervo arquitetônico presente no Centro Histórico. Com o título “O sol da América sai por João Pessoa”, o site sugere a Capital como um destino a ser desvendado por turistas. “Um lugar que amplia a sensação de que o tempo parou em algumas ruas e esquinas”, diz um trecho da matéria sobre o Centro, que prossegue: “pôr do sol magnífico, alternativa à praia do Jacaré”, descreve.
Investimentos – Somados, os investimentos realizados pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) no Centro Histórico ultrapassam 50 milhões. Muito em breve esse número vai aumentar e a população vai ganhar mais opções. O Parque Ecológico Sanhauá está previsto para ocupar uma área de 190 mil metros quadrados, com objetivo de resolver problemas históricos, cuidar do meio ambiente e, principalmente, das famílias que viviam na Comunidade Vila Nassau, em condições insalubres e de risco.
Com projeto estimado em R$ 11,6 milhões, a área de preservação permanente será recuperada e, no local, construído um grande parque com praça, mirante, elevador panorâmico e passarela. “Uma área que vem sendo degradada há cerca de 60 anos, ou seja, desde a tentativa de urbanização, de crescimento do rio para o mar, essa área ficou, por décadas, órfã da pratica ambiental sustentável”, explicou o engenheiro agrônomo Anderson Fontes, chefe da Divisão de Arborização e Reflorestamento (Divar) da Secretaria de Meio Ambiente (Semam).
Parque Arruda Câmara – Outro equipamento importante é o Parque Arruda Câmara, carinhosamente apelidado de Bica pela população. Atualmente, o lugar passa por uma importante obra de revitalização, de modo que possa atender à cidade na perspectiva ambiental, de lazer e para o turismo.
“É uma obra que está sendo executada em três etapas – a primeira delas com previsão de conclusão em julho – entrada principal, calçadas, muros, alambrados, bilheteria, estacionamento, área de lazer (parque) e administração”, detalhou a secretaria de Infraestrutura do Município (Seinfra), Sachenka da Hora. A previsão para a conclusão da segunda etapa é novembro e a da última etapa, fevereiro do ano que vem.