O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que está “perdoando os golpistas” e que é perseverante para “virar o jogo e trazer a democracia de volta”.
“Estou perdoando os golpistas que fizeram essa desgraça no país”, disse em referência a Juscelino Kubitschek, que perdoava os militares após tentativas de derrubá-lo, é o que revela Carolina Linhares, para a Folha.
Lula discursou em Belo Horizonte, onde encerrou nesta segunda (30) sua caravana por Minas Gerais. Durante oito dias, ele percorreu 20 cidades pelo interior do Estado.
Afirmando ter convicção de que é possível recuperar o país, ex-presidente voltou a defender um referendo revogatório e a democratização dos meios de comunicação.
“Se o PT não tiver alternativa, se a esquerda não tiver alternativa, eu posso voltar a ser candidato”, afirmou.
A defesa da ascensão da classe média e dos programas na área de educação pautaram o discurso do petista.
Lula também criticou as medidas do presidente Michel Temer (PMDB), afirmando que ele “praticou um aborto no futuro do país”.
Disse ainda que se houve corrupção na Petrobras, a solução não é “destruir a empresa porque quem paga é o Brasil”.
O petista voltou a atacar as denúncias de corrupção contra ele e dizer que quer um pedido de desculpas. “Eu e Marisa [Letícia, sua mulher] não nascemos para roubar.”
Presente no ato em BH, a ex-presidente Dilma Rousseff foi bastante aplaudida aos gritos de “volta, querida”.
Dilma afirmou que a Justiça está sendo usada como “forma de combate político sem fundamento”. Ela disse ser uma contradição uma “presidente correta e honesta, que não cometeu crime nenhum, ser afastada por um impeachment fraudulento” enquanto políticos “golpistas” governam.
“Vamos barrar esse golpe parlamentar comprado com dinheiro da corrupção, que está desorganizando o país e levando o caos entre os Poderes”, disse.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), que tenta a reeleição, foi vaiado pelo público quando seu nome era mencionado.
O Estado enfrenta uma crise fiscal e Pimentel responde a denúncias de corrupção na Operação Acrônimo. A militância petista também critica sua aliança com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na eleição municipal de 2008.
Em seu discurso, Pimentel atacou o governo Temer e o governo do PSDB em Minas. Chegou a puxar um grito de “fora, Temer”.
Também estavam presentes deputados estaduais, federais e senadores do PT.
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), comparou o impeachment às tentativas de golpe contra Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas e elogiou Tancredo Neves, avô de Aécio.
Neste momento, a plateia vaiou e Lindbergh explicou: “Ele sempre esteve contra o golpe, mas, coitado, deve estar envergonhado porque Aécio quis fazer a mesma coisa com Dilma”.
O senador afirmou que eleger Dilma senadora em 2018 seria “um chute na bunda de Aécio”.
O ato encheu a praça da Estação, mas a Polícia Militar não divulgou estimativa de público. A 600 m dali, na praça Sete, cerca de 200 opositores fizeram uma manifestação com o boneco inflável Pixuleko, que representa Lula como um presidiário.
O ato foi organizado pelo MBL (Movimento Brasil Livre), Vem pra Rua e Direita Minas, que apoia o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para a Presidência.