O jornalista paraibano Daniel Mota, que já trabalhou na TV Correio em Campina Grande e atualmente está na Record TV em São Paulo, foi indicado ao prêmio ‘Most Influential People of African Descent’ (MIPAD, na sigla em inglês), da ONU, que reconhece os 200 negros, sendo 100 africanos e 100 fora da África, abaixo dos 40 anos atuantes em causas negras ou representativos em categorias como política, negócios, mídia e humanitarismo.
A ideia da homenagem é construir uma rede mundial desses influenciadores para alcançar as metas da International Decade for People of African Descent (2015 – 2024), década proclamada pelas Nações Unidas com foco nos afrodescendentes e seus direitos declarada pela ONU, informa reportagem do Portal Correio.
Ao Portal Correio, Daniel diz que, apesar de entusiasmado, não esperava receber a indicação. “Eu fui surpreendido com um email que chegou do The MIPAD. No primeiro momento eu não sabia do que se tratava, depois fui ler direitinho e pesquisar a respeito. Eu não entendi muito bem, porque não considero que tenho tanta influência assim que pudesse acarretar em uma indicação a um concurso internacional”.
Ao pesquisar o que seria o concurso, Daniel, que desenvolve um trabalho jornalístico voltado a questões de direitos humanos, admitiu que a ficha foi caindo aos poucos. “Depois eu fui lendo e vi que a organização do MIPAD, que é da ONU, leva em consideração personalidades negras de todo o mundo que desenvolvam trabalhos que valorizem a luta pelas minorias e principalmente pela causa negra. Então comecei a receber mensagens dos meus amigos me parabenizando e dizendo que eu merecia, e então a ficha foi caindo”.
Jornalismo investigativo
Daniel Mota é natural de Juazeirinho, na região da Borborema, a 209 km de João Pessoa. Durante cinco anos, morou em Campina Grande, onde se formou e trabalhou em jornalismo. Atualmente ele está no Núcleo de Jornalismo Investigativo da Record TV em São Paulo e disse que sempre foi apaixonado pelo jornalismo que investiga, denuncia e contribui para uma sociedade melhor.
“No meu trabalho eu tenho a oportunidade de produzir e executar pautas voltadas para temas que acho muito interessantes como direitos humanos, exploração do trabalho infantil, trabalho escravo, violência, desigualdade social, pobreza, corrupção e refugiados, por exemplo”, explicou.
Através da TV, Daniel disse que tem a oportunidade de viajar o Brasil em busca de histórias, de personagens para as reportagens e que sempre se preocupa com a responsabilidade e a humanização das pautas.
“É disso que eu gosto. Como jornalista eu me sinto muito feliz em poder ser um instrumento para esses personagens, essas pessoas que por muitas vezes são vítimas do descaso e ignorados pelo Estado. Como pessoa, isso me fortalece muito também porque a cada contato, a cada vivência eu aprendo mais com as histórias, com os relatos e a rotina dessas pessoas”.
Esperança
Em um momento de gratidão e esperança, o paraibano indicado diz aguardar mais oportunidades para os negros no jornalismo brasileiro. “É muito bom ter um reconhecimento como esses, ainda mais quando vem da comunidade internacional e é algo que você não planejou para sua vida. O que eu espero que seja diferente é que o jornalismo brasileiro ofereça mais oportunidades para os jornalistas negros e que outros também consigam, assim como eu, ter espaço para se destacar”.
Lista oficial sai depois
A cerimônia que reunirá os 100 escolhidos entre os indicados será em setembro, durante uma Assembleia Geral da ONU em Nova York. Até lá, os indicados devem ser comunicados se estarão na lista dos 100 escolhidos.
Daniel Mota concorre aos 100 influenciadores negros fora da África, mas garante que já se considera vencedor. “Eu fui indicado e até o fim do ano sairá a lista dos 100 nomes escolhidos. Só de já ter sido indicado para mim é uma vitória muito grande porque, para falar a verdade, eu nem sabia que existia o prêmio. Então para mim já está valendo, já ganhei”.
Categorias
A lista é dividida em quatro categorias: Política e Governança, Negócios e Empreendedorismo, Mídia e Cultura, Humanitarismo e Religião. Do total, 100 influenciadores são da África e os demais de outros países que receberam imigrantes africanos.
Prêmio em 2018
No ano passado, 11 brasileiros foram homenageados no prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O rapper brasileiro Emicida e o casal de atores Érico Brás e Kenia Maria estão entre eles.
Em 2017, Lázaro Ramos e Taís Araújo, além da fundadora do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa, foram homenageados na premiação.