Imigrantes venezuelanos que ‘escolheram’ a Paraíba para ser a sua nova “pátria” passarão a ter cursos profissionalizantes gratuitos para que seja encurtado o caminho deles até o mercado de trabalho. Para tornar isso possível, um projeto pioneiro será implantado pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) em parceria com diversos órgãos, instituições públicas e privadas, empresas locais e organizações da sociedade civil organizada.
O primeiro grupo (com 44 imigrantes) chegou ao Estado no dia 3 de julho passado, vindo do Estado de Roraima, região Norte do país. Ele foi acolhido pela Pastoral do Imigrante em abrigos no município do Conde, Região Metropolitana de João Pessoa e em Campina Grande. Posteriormente, cerca de 100 outros venezuelanos vieram para a Paraíba e foram acolhidos pela organização humanitária internacional Aldeias Infantis SOS, na capital paraibana, informa publicação do MPT.
Dificuldades
Algumas dessas pessoas já conseguiram trabalho e tentam reconstruir suas vidas após migrarem para o Brasil por causa da crise econômica e humanitária no país de origem. No entanto, as dificuldades são muitas, entre elas, de aprender um novo idioma e novas atividades em um país estranho.
É justamente para reduzir essas ‘barreiras’ e encurtar o caminho até o mercado de trabalho que o MPT na Paraíba apresentou, ontem, o projeto durante uma reunião com representantes de várias entidades e instituições, públicas e privadas, em João Pessoa.
O projeto
Intitulado “Venezuelanos Refugiados na Paraíba: capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho sob a ótica da dignidade humana nas relações laborais”, o projeto tem por objetivo a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho paraibano, por meio de parcerias interinstitucionais e ações de promoção social.
Cursos
Entre as medidas que se propõe no projeto está a oferta, gratuita, de cursos relacionados ao melhor aprimoramento do idioma português, assim como conhecimentos gerais sobre cidadania e história, cultura brasileira e paraibana como forma de proporcionar uma inserção mais completa na sociedade, além de capacitação profissional e sua colocação no mercado de trabalho.
Segundo o procurador-chefe do MPT-PB, Carlos Eduardo de Azevedo Lima, “não se pode ficar inerte ante as graves circunstâncias vivenciadas por estes imigrantes, que estão em nítida situação de vulnerabilidade social e que, justamente por isso, correm maior risco de ter sua força de trabalho indevida e ilegalmente explorada, o que não se pode admitir”, destacou.
Ele enfatizou, ainda, que “este contexto demonstra a imprescindibilidade de uma atuação concatenada de diversos órgãos, instituições e entidades, governamentais e não governamentais, aí incluídas representações da sociedade civil organizada, visando à capacitação profissional e a inclusão dos migrantes e refugiados venezuelanos no mercado de trabalho paraibano, inclusive buscando-se a mobilização e, também, a sensibilização das representações de empregadores, nos seus mais variados segmentos”.
Embaixada de Negócios
Segundo o presidente da Embaixada de Negócios da Paraíba, Paulo Júnior, “a importância principal é o lado humano, é receber bem o estrangeiro e, principalmente, dar condições de dignidade a essas pessoas, que tiveram que deixar o seu país, onde a economia foi destruída e os relacionamentos foram ‘quebrados’”.
“No caso da Embaixada de Negócios, é dar publicidade a essa causa para que empresários paraibanos se conscientizem e se esforcem para acolher esses profissionais, que já têm qualificação em diversas áreas. Por isso, a gente destaca o lado humano, para que o mercado possa utilizar essa força de trabalho”, ressaltou o presidente da Embaixada de Negócios, entidade que reúne empresários paraibanos, com sede em João Pessoa. Ele informou que pelo menos 35 currículos de venezuelanos já estão sendo analisados pela Embaixada.
Participantes
Participaram da reunião representantes do Sine-PB, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano, Sistema ‘S’ (Senac, Sesc e Senar), da Secretaria Municipal de Educação, da Superintendência do Trabalho no Estado da Paraíba, das Aldeias Infantis SOS, da Fundação Cidade Viva, da Pastoral do Migrante/Casa do Migrante e da Embaixada de Negócios.
Perfil e cadastro
Um levantamento detalhado dos venezuelanos que estão na Paraíba será feito para traçar um perfil deles (quais as suas áreas de interesse, nível de escolaridade, formação, idade, etc.), para ser formado um cadastro e serem direcionados para os cursos mais adequados e com maior possibilidade de absorção pelo mercado local.