Após serem levantadas suspeitas de irregularidade na votação do Senado, José Maranhão (MDB-PB) disse ainda não saber o que aconteceu. “Se foi intencional, foi uma fraude grosseira”, afirmou o senador que presidia a sessão em que havia mais votos depositados na urna do que o número de parlamentares. Esta votação foi anulada e a seguinte elegeu Davi Alcolumbre (DEM-AP) presidente do Senado.
Em conversa com o Estado neste domingo, Maranhão se exime da culpa. “Os votos estavam sendo contados um a um. Qualquer número superior a 81 estava fora dos padrões. Foi por isso que pronunciei pela anulação dos votos e mandei triturar”, disse. Ele também nega ter visto para quem eram os votos nas duas cédulas que estavam fora de envelopes, destaca reportagem do Estadão.
Um cinegrafista da TV Globo flagrou que, em ambas as cédulas, o nome do senador Renan Calheiros (MDB-AL) estava assinalado. Maranhão disse que rasgou os papeis antes de olhar. “Foi uma coisa instintiva. Todo mundo falou ‘Rasga! Rasga!’. Eu rasguei, mas coloquei os pedaços lá em cima da mesa e eles passaram naquela máquina (triturador de papel) com as outras”, afirmou.
Maranhão também nega ter colocado no bolso, como alguns chegaram a dizer. “Coloquei naquele espaço que tem entre a bancada de vidro e a bancada de madeira. Eu me afastei para poder colocar ali embaixo, enquanto a máquina de triturar chegava” disse ao Estadão/Broadcast.
“As chapas eram rubricadas e alguém pegou de má fé ou deliberadamente duas cédulas. A gente ia rubricando em cima da mesa, alguém ao invés de pegar uma, pegou duas. Quem entregava as chapas era o senador Fernando Bezerra (PSB-PE)”, disse.
Segundo Maranhão, foram duas cédulas, uma dentro da outra, sem o envelope e que estavam assinadas apenas pelo senador Bezerra. “Eu não tinha rubricado essas”, afirmou. Questionado se as cédulas não deveriam ter sido guardadas para uma investigação posterior, ele disse que seguiu a orientação dos escrutinadores “E eles eram membros de vários partidos”.
Maranhão disse ainda que deve haver uma investigação para apurar o que de fato aconteceu. Do partido de Jair Bolsonaro, Major Olímpio (PSL-SP) protocolou requerimento em que ele pede “imediata instauração de procedimento para investigar crime de fraude”.
No protocolo, o major pede “apreensão dos vídeos da sessão para investigação e a concessão de cópias”. A equipe do parlamentar esteve no sábado na Polícia Legislativa e também na TV Senado. Eles aguardam as imagens para analisá-las.
A equipe da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) também esteve em busca de imagens da sessão para apurar denúncia feita por um eleitor. A senadora afirmou que vai apoiar abertura de investigação junto com outros parlamentares.