Em novo depoimento à 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), o ex-presidente Lula (PT) disse em depoimento nesta quarta-feira (14) que sua prisão é um “prêmio” para investigadores da Operação Lava Jato (veja o conjunto de vídeos abaixo). Com fez no durante a primeira ação penal, que o levou à prisão por envolvimento no caso de um tríplex no Guarujá (SP), o petista negou qualquer envolvimento com o objeto da acusação em curso, as reformas feitas em um sítio em Atibaia como contrapartida por favorecimento a empreiteiras.
Com cerca de três horas, a oitiva foi conduzida pela juíza federal Gabriela Hardt, que substitui o juiz Sérgio Moro, responsável pela primeira condenação de Lula e escolhido ministro do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Foi a primeira vez que Lula deixou a prisão em sete meses, depois de ter sido preso em 7 de abril, informa reportagem do Congresso em Foco.
Realizado na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR), o depoimento terminou no início da noite e sequer chegou perto, em termos de logística de segurança e transporte, do primeiro interrogatório sobre o tríplex. Na ocasião, Lula ficou cara a cara com Moro e mobilizou não só os esforços das autoridades paranaenses, mas também monopolizou o noticiário daquela quarta-feira, 10 de maio de 2017.
Segundo reportagem do portal UOL, Lula deixou o prédio da Justiça Federal cerca de dez minutos depois do encerramento da oitiva e foi levado para a Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense. Com seu substituto, Fernando Haddad, derrotado por Bolsonaro nas eleições presidenciais deste ano, Lula e seus interlocutores no PT temem uma sequência de condenações que, além de minarem o poder político do líder petista, o deixem por um londo período na cadeia.
Por meio de nota, a defesa do ex-presidente diz que ele manifestou no depoimento o seu estado de espírito, com indignação e perplexidade. “O depoimento prestado pelo ex-Presidente Lula também reforçou sua indignação por estar preso sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo uma perseguição judicial por motivação política materializada em diversas acusações ofensivas e despropositadas para alguém que governou atendendo exclusivamente aos interesses do país”, diz trecho do comunicado assinado pelo advogado Cristiano Zanin (veja íntegra abaixo).
Assista à íntegra do depoimento:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Veja a nota da defesa de Lula:
Depoimento de Lula mostra arbitrariedade da acusação
O ex-presidente Lula rebateu ponto a ponto as infundadas acusações do Ministério Público em seu depoimento, reforçando que durante o seu governo foram tomadas inúmeras providências voltadas ao combate à corrupção e ao controle da gestão pública e que nenhum ato de corrupção ocorrido na Petrobras foi detectado e levado ao seu conhecimento.
Embora o Ministério Público Federal tenha distribuído a ação penal à Lava Jato de Curitiba sob a afirmação de que 9 contratos específicos da Petrobras e subsidiárias teriam gerado vantagens indevidas, nenhuma pergunta foi dirigida a Lula pelos Procuradores da República presentes à audiência. A situação confirma que a referência a tais contratos da Petrobras na denúncia foi um reprovável pretexto criado pela Lava Jato para submeter Lula a processos arbitrários perante a Justiça Federal de Curitiba.
O Supremo Tribunal Federal já definiu que somente os casos em que haja clara e comprovada vinculação com desvios na Petrobras podem ser direcionados à 13ª. Vara Federal de Curitiba (Inq. 4.130/QO).
Lula também apresentou em seu depoimento a perplexidade de estar sendo acusado pelo recebimento de reformas em um sítio situado em Atibaia que, em verdade, não têm qualquer vínculo com a Petrobras e que pertence de fato e de direito à família Bittar, conforme farta documentação constante no processo.
O depoimento prestado pelo ex-Presidente Lula também reforçou sua indignação por estar preso sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo uma perseguição judicial por motivação política materializada em diversas acusações ofensivas e despropositadas para alguém que governou atendendo exclusivamente aos interesses do País.
Cristiano Zanin Martins