‘Tecnologia e grandes investigações contra a corrupção’ foi o tema do painel apresentado pelos procuradores integrante da Força-tarefa Lava Jato, Roberson Henrique Pozzobon e Júlio Carlos Motta Noronha, na tarde desta sexta-feira (17), no IV Hackfest + Virada Legislativa. O auditório mais que lotou de espectadores, entre eles autoridades e membros do Ministério Público, a exemplo do procurador-geral de Justiça, Francisco Seraphico Ferraz da Nóbrega filho.
Júlio Noronha trouxe uma visão da evolução da tecnologia e destacou que há uma série de dificuldades no combate à corrupção, entre elas o fato de os criminosos contarem com os mesmos recursos tecnológicos que o Estado dispõe e os usam para esconder provas, dificultar as investigações e monitorar as atividades do Estado.
“A corrupção se vale da apatia das pessoas. Não sejamos meros espectadores do combate à corrupção. A responsabilidade dessa luta não é só do Estado. É preciso a participação popular”, destacou Roberson Pozzobon.
O procurador da República, Fábio George Cruz, que mediou o painel, endossou que sem uma sociedade participativa não será possível criar um novo Brasil e destacou a presença de Gil Castelo Branco, da Associação Contas Abertas, na plateia e o seu trabalho histórico em prol da transparência e contra corrupção.
Superação
O IV Hackfest abriu espaço para histórias de superação e resiliência, no painel apresentado pelo nadador, campeão brasileiro e sul-americano, Igor Sousa; pelo fundador do Movimento Code for Brazil, Stephan Rodrigues Garcia e pelo coordenador de estagiários de uma empresa de tecnologia e inovação do Nordeste, Antônio Gomes Castro Júnior.
O Code for Brazil é uma comunidade com foco em tecnologia, fomentando o ecossistema de inovação cívica para melhorar a qualidade de vida no Brasil. Stephan Rodrigues, que quando criança foi vítima de negligência, violência e abuso, tendo sido institucionalizado, falou de como o fato de ter aprendido a usar o conhecimento tecnológico o resgatou e deu sentido à sua vida.
Resgatado das ruas, recebeu oportunidades dadas pelos programas de ações sociais de sua cidade, conseguiu o 1o emprego aos 23 anos como estagiário em uma prefeitura e ascendeu na carreira, chegando a coordenar uma equipe de 900 pessoas. “Aprendi a valorizar o servidor público, porque o prefeito e os vereadores vão embora, mas tem gente q fica há mais de 30 anos ajudando as pessoas.”
Antônio Gomes falou sobre corrupção, propina e sobre a importância do controle social e da tecnologia (destacando aspectos como o big data) para combater esses problemas. O painelista também falou sobre os conceitos de moral, ética, justiça e controle, valendo-se de discussões dos filósofos gregos Sócrates e Platão.
Mais palestras e painéis
A tarde desta sexta-feira também contou com palestras sobre ‘ciência de dados e corrupção’, com o doutor em Direito, Guilherme Jardim Duarte, que falou sobre a experiência do site ‘Jota’ especializado em cobrir o Judiciário, Ministério Público e sites do governo. Sua palestra versou sobre os desafios impostos pela desorganização dos dados públicos. Ele também falou sobre métrica, automação das matérias jornalísticas e geração de informação.
Já o programador e ativista do software livre, Álvaro Fernandes, também palestrou sobre o problema da qualidade dos dados públicos e sua relação com a corrupção.
A programação do sábado foi encerrada com duas palestras. A primeira foi sobre “Gamificação: Criando sua estratégia de engajamento”, com o diretor da Spot, Lucas Mendonça. Ele explicou que a gamificação serve para engajar uma pessoa a usar ou fazer alguma coisa. “Pode ter um produto muito bom que funciona mas que as pessoas não usam. A gamificação vem dos jogos eletrônicos. A psicologia começou a estudar como os jogos são engajadores. As pessoas passam horas jogando. Então, descobriu que os jogos usam técnicas de motivação que, bem utilizadas, motivam as pessoas a continuarem jogando, e como aplicar no mundo corporativo, nos aplicativos, na tecnologia, pra direcionar comportamento”, disse.
Sobre o hackfest, o diretor da Spot disse que é uma ideia fantástica. “É muito bom juntar as pessoas no mesmo lugar, sair com projetos inovadores para mudar não só a cidade de João Pessoa mas também o Brasil”, comentou.
A outra palestra foi sobre Data Robotics, cofundador e CTO da DataRobot, Tom de Godoy. Ele falou sobre machine learning, técnica para que uma máquina aprenda dados sobre o passado para prevê o futuro. “São algoritmos eficientes que possibilitam analisar dados e prever resultados”. A palestra também abordou a inteligência artificial.