A transferência do acervo documental do administrador cultural e jornalista paraibano José Simeão Leal para a Fundação Casa de José Américo (FCJA) já está finalizada. O termo de transferência de documentos foi assinado no dia 1º de outubro entre a coordenadora do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ana Andréa Vieira de Castro, e o presidente da FCJA, Fernando Moura.
O acervo estava sob a guarda provisória do NDIHR, órgão suplementar do Gabinete da Reitoria da UFPB, desde 2003, após o Decreto 23.753, de dezembro de 2002. Com a criação do Centro de Pesquisas Simeão Leal (CPSL) na Fundação Casa de José Américo, pelo Decreto 45.245, de 6 de julho de 2024, a transferência do acervo foi iniciada em 29 de agosto e intensificada no último mês de setembro.
A partir de agora, os pesquisadores, historiadores, arquivistas, bibliotecários, entre outros servidores da FCJA, já estão trabalhando no material histórico recebido, que contém desde correspondências, pesquisas sobre cultura popular, obras raras da literatura, recordes de jornais, artigos de periódicos, documentos textuais a documentação sobre arte (cinema, teatro etc.), fotografias, arquitetura e sociedade.
Parte do acervo que já estava abrigado e conservado na Fundação Casa de José Américo já vinha sendo utilizado em diversas pesquisas acadêmicas, resultando em monografias, dissertações e teses. A partir de agora, esse acervo completo e a memória pessoal de Simeão ficarão ainda mais protegidos com a criação do Centro de Pesquisas Simeão Leal da FCJA.
Em sua edição do dia 6 de julho, o Diário Oficial do Estado da Paraíba (DOE-PB) trouxe publicado o decreto que institui o Centro de Pesquisas Simeão Leal. A iniciativa visava preservar e divulgar “o rico acervo pessoal de José Simeão Leal, uma notável figura da cultura brasileira”. O governador João Azevêdo, no decreto, destacou a importância cultural do acervo de Simeão Leal, composto por livros, objetos e documentos pessoais, além de obras artísticas de sua autoria.
“O acervo é fundamental para a preservação da memória cultural nacional, regional e local”, destacou João Azevêdo. O decreto governamental teve como objetivo reunir e proteger esse acervo, promovendo sua divulgação e estudo contínuo. Localizado na Fundação Casa de José Américo, na capital paraibana, o Centro de Pesquisas é composto por três núcleos: o Núcleo do Acervo Arquivístico, o Núcleo do Acervo Bibliográfico e o Núcleo do Acervo Artístico. Eles têm a missão de salvaguardar e difundir o acervo de José Simeão Leal, além de promover ações educativas e a preservação dos documentos e obras.
José Simeão Leal nasceu no município de Areia, na Região do Brejo paraibano, em 13 de novembro de 1908. Ele foi um administrador cultural, diplomata, crítico de arte, jornalista, médico e colecionador. Influenciado pela mãe e pelo tio e padrinho, o escritor e político José Américo de Almeida, desenvolveu “um profundo gosto” pela literatura.
Em 1919, mudou-se para João Pessoa com sua família e, posteriormente, ingressou no Liceu Paraibano. Iniciou o curso de Medicina em 1926, na Faculdade de Medicina de Recife, mas transferiu-se no ano seguinte para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde concluiu sua graduação em 1936.
Ao longo da vida, Simeão Leal “contribuiu significativamente” para a cultura brasileira. Ele foi responsável por divulgar talentos como Clarice Lispector, Tiago de Mello e Tomás Santa Rosa. Além disso, dirigiu e publicou importantes revistas culturais e “desempenhou um papel crucial” na Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).
José Simeão Leal é considerado uma figura central na cena literária, cultural e artística do Brasil. O paraibano da cidade de Areia se destacou como um dos grandes incentivadores do movimento editorial no setor público brasileiro. Fundou e dirigiu várias publicações e participou ativamente de organizações culturais tanto no Brasil quanto no exterior. Recebeu diversas homenagens, incluindo a Medalha Rui Barbosa, o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito da República Italiana e o prêmio de Personalidade do Ano de 1991. Simeão morreu aos 87 anos, no Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1996.