Segundo o Ministério do Turismo, a resistência de lideranças religiosas ao projeto que legaliza o jogo no Brasil dentro do Congresso se dá pela fata de esclarecimento dos envolvidos. A afirmação foi feita na manhã desta quinta-feira (17) pelo Secretário Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do órgão, Bob dos Santos, durante a Conferência Internacional da UNI Américas para os Jogos, realizada em São Paulo (SP), entre os dias 17 e 18 de maio.
“A CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil] e a Bancada Evangélica têm muita preocupação com a ludopatia. Mas países na Europa, América do Norte e Ásia têm uma política especial, revertendo parte de suas arrecadações para o tratamento dessa doença. Falta esclarecimento desse pessoal, com mais reuniões como essa que está acontecendo”, esclarece o secretário.
O projeto em discussão é o 441/91, que está na Mesa Diretora da Câmara, para a avaliação do presidente da casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Estamos confiantes, pois os pontos positivos da legalização do jogo são muitos. Desde aumento da arrecadação, como regularização de trabalhadores que hoje estão na clandestinidade, além de gerar novas oportunidades, trazendo turistas e capital estrangeiro para o país”, completa Bob.
“Cassinos do mundo todo querem investir no Brasil. Estivemos numa conferência em Las Vegas e grandes players do mercado, como MGM e Caesar, já disseram que têm interesse em montar complexos em nosso território”, explica Moacyr Auersvald, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (CONTRATUH), que representa a categoria. Para Auersvald, a geração de empregos é o ponto central da necessidade da legalização. “Só nos Estados Unidos são 750 mil empregos diretos. Para cada quarto de hotel num complexo de cassinos, são quatro trabalhadores no atendimento. Num país com 13 milhões de desempregados como o nosso, é um absurdo não explorar esse lado turístico extremamente positivo.”
Para o presidente da Associação Brasileira De Bingos, Cassinos e Similares (ABRABINCS), Olavo Sales, maior temor desses grupos internacionais é com a insegurança jurídica, caso o projeto de lei seja aprovado. “O investimento é de centenas de milhões de dólares, não dá para esses grupos ficarem rendidos a uma simples decisão de um governante. A legalização precisa ser vista como política de Estado e, por ser uma tendência mundial, provavelmente será solidificada desse jeito”, coloca. Sales diz que no mundo são 182 bilhões de dólares em arrecadação de bingos e cassinos, com boa parte revertida impostos. “Desse montante, em média, são 30% de impostos. São 56 bilhões de dólares para os cofres públicos. Nenhum centavo para o Brasil”, lamenta.
Sobre as acusações de lavagem de dinheiro, Daniel Amoroso, presidente mundial da UNI Jogos e do Sindicato de Trabajadores de Juegos de Azar (Argentina), afirma que a tecnologia já coíbe esse tipo de prática. “Na Argentina, onde acompanho de perto os cassinos, existem softwares e aplicativos avançados para fazer esse controle, o que ocorre em todos os lugares do mundo. Governos obrigam empresa a implantar sistemas de receita, não há motivos para mantermos o jogo na ilegalidade no Brasil”.