O Estado da Paraíba está prestes a perder, através de demolição, um dos maiores símbolos turísticos e de identidade visual de toda a história paraibana: o Hotel Tambaú. A revelação foi feita pelo advogado Marcos Pires, através de coluna publicada no portal MaisPB.
Marcos Pires afirma que chegou a ser formalmente procurado por um grupo interessado em promover a demolição da estrutura física do Hotel Tambaú para que aquele “pedaço de praia” possa ser devolvida ao povo.
O advogado não aceitou participar do movimento e disse que o grupo questiona “a permanência do imóvel na propriedade e posse da Companhia Tropical depois que a empresa encerrou suas atividades e deixou de prestar o serviço de hotelaria ao qual estaria obrigada por condições geradas ao assumir aquele empreendimento“.
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A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) possui um ‘Decreto de Desapropriação’ e quer que o proprietário do imóvel se manifeste sobre plano e prazo para reativação do hotel.
O prefeito Cícero Lucena (PP) disse durante entrevista ao @portaldacapital, ainda em fevereiro de 2024, que “a Prefeitura não quer ser proprietária de nada. A Prefeitura quer que as coisas funcionem em favor da cidade”.
Porém, cinco meses após a fala do prefeito o impasse permanece e o Tambaú, que poderia ser transformado em hotel escola, como já foi sugerido pelo próprio Cícero, segue abandonado e em deterioração desde que foi abandonado, ainda no ano de 2006.
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Confira a íntegra da coluna clicando aqui ou lendo o texto logo abaixo:
“A demolição do hotel Tambaú
Fui procurado por alguns amigos que estão montando um grupo para empinar uma campanha que visa a demolição dos escombros do hotel Tambaú e a posterior devolução daquele belíssimo pedaço de praia ao povo. Queriam que eu participasse dando minha contribuição como Advogado e trouxeram documentos para examinar. Entre os documentos está a ata da assembleia realizada pela CINEP datada de 15 de dezembro de 1972 que tratou da transição da propriedade do hotel Tambaú desde o Estado da Paraíba até a Companhia Tropical.
Os argumentos que o grupo usa tem várias vertentes. Politicamente eles entendem que haverá um ganho extraordinário para o gestor que vier a apoiar a iniciativa, principalmente porque seria uma lição dada ao resto do país (e até a outros países) demonstrando que a Paraíba vai ao encontro da mais positiva forma de preservação do meio ambiente, porque ao invés de se omitir na invasão de áreas nobres, devolve essas áreas invadidas à população.
Juridicamente, entre outros argumentos eles entendem haver uma larga base para impugnar o que foi efetuado à época e posteriormente. Inicialmente questionam a verdadeira propriedade da área onde foi construído o hotel Tambaú, declinando a ausência total da União Federal não somente nos licenciamentos e transações originais como posteriormente na manutenção da ocupação de larga faixa de terrenos de marinha. Mais ainda, pretendem questionar a permanência do imóvel na propriedade e posse da Companhia Tropical depois que a empresa encerrou suas atividades e deixou de prestar o serviço de hotelaria ao qual estaria obrigada por condições geradas ao assumir aquele empreendimento.
Lembro bem da construção do Hotel Tambaú porque o Governador João Agripino era grande amigo do meu pai e muitas vezes eu o vi demonstrar um carinho incrível com aquela obra. Havia uma razão; é que ele usava frequentemente nossa casa para hospedar as autoridades que vinham à Paraíba. Já escrevi sobre isso aqui; hospedamos 2 Presidentes da República e muita gente mais. Ele precisava de um lugar para acabar com essa solução “caseira”. Consta que Dr. João queria instalar um cassino no hotel Tambaú, tanto que o salão de convenções era plano, próprio para o funcionamento de roletas e outro que tais.
Quanto aos amigos tive que declinar do convite porque fiz uma promessa solene quando passei a me dedicar ao nadismo; nada fazer todos os dias.”