A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) realiza, no próximo sábado (27), duas apresentações de literatura e um projeto de dança na Casa da Pólvora, no Centro Histórico da Capital. As ações são resultado do edital da Prefeitura para ocupação do equipamento. As atividades, que são gratuitas, têm início a partir das 16h.
“Essa ação faz parte de uma linha de atividades da Fundação que prima pela ocupação dos equipamentos públicos da Funjope por meio dos editais. Estamos ocupando a Casa da Pólvora, Hotel Globo, Casarão 34. Todos os artistas selecionados por meio de edital, o que é muito importante para todos nós”, observa o diretor executivo da Funjope, Marcus Alves.
Ele entende que a iniciativa dos editais contribui para qualificar o artista. “Mostra essa dimensão democrática, múltipla e acessível da Fundação Cultural, de modo que o público tem acesso a uma produção artística e cultural de qualidade, de relevância estética e que mobiliza nossa cena de literatura, de teatro, de danças, das artes plásticas. É muito significativo para todos nós fazermos esse edital de ocupação”, acrescenta.
Literatura – O primeiro espetáculo de literatura é da Companhia Quimera, que apresenta a performance poética ‘Eu sou a mulher que mordeu as mãos do impossível’. É um experimento cênico-performático criado a partir de versos compostos pela poetisa Anna Apolinário, unindo dança, poesia e performance através da expressão criativa da bailarina Sophia Apolinário e da atriz Anna Raquel Apolinário.
A apresentação une arte literária, dança e teatro no formato poesia encenada, por meio da construção de narrativas imagéticas, líricas e a exploração de partituras corporais e cênicas, valoriza o empoderamento feminino e a ancestralidade das mulheres e seus arquétipos de poder. A performance destaca o protagonismo de autoria feminina, corpo, identidade, empoderamento, resistência e poéticas da subjetividade.
A obra ‘O que pesa no Norte’ (Editora Moinhos, 2022) é o quarto livro do escritor paraibano Tiago Germano. Seus seis excertos são transformados em projeção visual pelo videomaker Fábio Cardoso e serão performados numa leitura multimídia.
As projeções são Álbum de família; São Paulo: Liberdade; Jogo de xadrez; Rocky IV, TOC e Conversa de homem pra homem. “É uma leitura encenada e um primeiro experimento do livro como teatro”, diz Germano. Ele afirma que a narrativa foi concebida para ser uma espécie de romance teatralizado. “Não à toa, para além das referências mais diretas às cenas teatrais paraibana e paulista, sem querer dar spoiler, em vez de usar a palavra ‘fim’ ao final, uso ‘cai o pano’, que para mim é muito mais simbólico”.
Sobre as projeções, Fábio Cardoso explica como foi a produção. “Escolhi uma estética que remetesse à época das lembranças que a narrativa faz”, diz o artista audiovisual. “A época do livro é muito associada a filmes caseiros, muito marcados pelo tempo, e fitas VHS, então trouxe essas texturas para os vídeos feitos para as passagens escolhidas”, revelou.
Ele acrescenta que outro elemento importante é o looping dos vídeos, reproduzidos continuamente, por vezes repetindo algumas cenas. “Foi uma escolha em conjunto por trazer um reforço às ideias mostradas. A ideia não é ilustrar os eventos narrados, mas passar a emoção do que está sendo dito e, em última instância, marcar os personagens descritos”.
Dança – A apresentação de dança do projeto ‘The Mask – 2 de mim’ terá à frente os artistas Jonas Valério e Mateus Carvalho e acontece dentro do complexo administrativo Casa da Pólvora.
A performance surge no desdobramento do aumento de doenças psicológicas no período da pandemia em função da Covid-19. Assim, o espetáculo leva para os palcos uma luta com o próprio ‘eu’ na busca de se encontrar em meio a tanto caos.
O projeto é composto por dois dançarinos mascarados que têm como base as danças urbanas. A apresentação é feita através de encenações e freestyle (estilo livre), tendo como objetivo a interação com o público de uma forma mais direta.