Dados do Indicador de Demanda por Investimento da Micro e Pequena apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que a intenção de fazer investimentos por parte dos micro e pequenos empresários de varejo e serviços cresceu quase 13 pontos na escala em um ano, passando para 41,3 pontos no último mês de março – no mesmo período do ano passado, esse número estava em 28,4 pontos. Na comparação mensal, também houve crescimento, uma vez que o índice observado em fevereiro fora de 40,7 pontos. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100, maior a propensão de investir; quanto mais próximo de zero, menor a propensão.
Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a retomada da economia tende a aumentar o apetite dos micro e pequenos empresários por investimento e os sinais mais consistentes de saída da recessão mostram uma sensível melhora nesse cenário. “Aos poucos os empresários de menor porte começam a se sentir mais dispostos a assumir riscos com a perspectiva de investir. A melhora ainda é cautelosa, mas reforça a tendência de evolução gradual da economia”, explica o presidente.
Cresce de 22% para 34% volume de MPEs que querem investir na empresa; principal finalidade é aumentar vendas
Em termos percentuais, cresceu de 22% para 34% em um mês, o número de micro e pequenos empresários de varejo e serviços que pretendem investir nos próximos três meses. A maioria (51%), contudo, descarta fazer investimentos atualmente, embora esse número já tenha sido maior em meses anteriores – em abril de 2016, esse número chegou a 78%.
Entre os que pretendem investir nos próximos 90 dias, seis em cada dez (59%) tem como principal objetivo aumentar as vendas, seguido por adaptar a empresa a uma nova tecnologia (23%) e atender a demanda que aumentou (21%) recentemente. Para isso, os investimentos prioritários serão a compra de equipamentos, maquinário e computadores (29%), promover uma reforma nas instalações da empresa (26%), ampliar os estoques (20%) e potencializar ações em mídia e propaganda (16%).
O capital próprio será a principal fonte de recurso para quem vai investir, seja na forma de investimentos (49%) ou venda de algum bem (11%). Por outro lado, entre os que não pretendem investir, pouco mais de um terço (38%) não vê necessidade. Outros 30% justificam a negativa pelo fato de o país ainda não ter se recuperado da crise e 23% alegam ter investido recentemente e estão ainda esperando o retorno.
Indicador de Demanda por Crédito cresce oito pontos na escala; 54% dos que não vão contratar crédito conseguem tocar empresa com recursos próprios
O SPC Brasil e a CNDL também investigaram a procura por crédito dos micro e pequenos empresários. Em março, o Indicador de Demanda por Crédito entre os comerciantes e empresários de serviços registrou um avanço de oito pontos na comparação com o mesmo mês de 2017, passando de 13,2 pontos para 21,2 pontos na escala. Na comparação com fevereiro, quando marcara 20,0 pontos, o indicador ficou praticamente estável, mas com viés de alta. Quanto mais próximo de 100 pontos, maior o apetite para tomada de crédito nos próximos três meses; quanto mais distante, menor o apetite.
De acordo com o levantamento, apenas 11% dos MPEs possuem a intenção de contrair crédito para seus negócios no horizonte de 90 dias. Apesar da parcela minoritária, esse percentual aumentou, uma vez que estava em 5%, no mês de maio de 2016. Em sentido inverso, 75% declararam não ter essa intenção. Quando indagados sobre a negativa, mais da metade (54%) desses empresários disseram que conseguem manter suas empresas com recursos próprios, sendo desnecessário buscar outras fontes. Um terço (33%) considera os juros elevados e 21% estão inseguros com as condições econômicas do país.
“Mesmo com o avanço observado nos últimos meses, que quase fez dobrar os resultados do indicador, a busca por crédito ainda não faz parte da gestão corriqueira dos empresários de menor porte. Prova disso é o fato de que a maior parte dos micro e pequenos diz que consegue se manter sem recursos de terceiros. Mas para se desenvolverem, o crédito pode ser uma via importante de crescimento. Por isso, o acesso por linhas de crédito específicas, com custo mais baixo, poderá contribuir para a expansão do negócio”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Em média, micro e pequeno empresário deve contratar quase R$ 48 mil em crédito nos próximos três meses; capital de giro e compra de equipamentos são principais necessidades
Considerando os micro e pequenos empresários que estudam a possibilidade de tomar crédito no mercado, as principais finalidades são formar um capital de giro (39%), compra de equipamentos e maquinário (24%), adquirir estoques e insumos (19%) e a ampliação do negócio (16%). Já quanto, às modalidades de crédito mais procuradas devem ser os empréstimos (48%), financiamentos (24%) e descontos de duplicatas (13%). De acordo com o levantamento, o valor do crédito a ser tomado será de aproximadamente R$47.776.
Para quatro em cada dez (38%) micros e pequenos empresários consultados, contratar crédito é algo difícil de se conseguir, principalmente pelo excesso de burocracia (59%) e devido as altas taxas de juros (52%). Já para os que consideram ser fácil contratar crédito (23%), o bom relacionamento com o banco é a principal razão, citada por 45%. Estar as contas em dia (44%) também é um fator que ajuda, de acordo com os entrevistados.
Metodologia
Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro e Pequeno Empresário calculados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) levam em consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. As micro e pequenas empresas representam 39% e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e serviços, respectivamente. Baixe a íntegra do indicador e a metodologia em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos