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Santa Rita, as eleições e a “desbolsonarização” nos discursos de Nilvan Ferreira

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*Por Suetoni Souto Maior

A sabedoria popular tem uma máxima que merece ser ouvida: ela diz que a derrota ensina. E essa lição parece ter sido assimilada pelo comunicador Nilvan Ferreira (sem partido). Depois de duas disputas eleitorais com linha discursiva ligada ao radicalismo, ele tem adotado, agora, um tom mais conciliador em relação a possíveis alianças para a disputa das eleições deste ano, em Santa Rita. A conta inclui uma pausa na defesa do bolsonarismo como detentor da verdade absoluta. Durante entrevista nesta quinta-feira (22), ele também não negou a possibilidade de diálogo com o governador João Azevêdo (PSB) e aliados do presidente Lula (PT).

Isso quer dizer que Ferreira deixou de ser um admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)? De forma alguma. Ele diz que mantém sua posição emparelhada com a ala mais conservadora da sociedade. O único retoque é que não pretende mais se fechar no bolsonarismo. Alega que, se for eleito, estará à disposição para dialogar com o atual presidente sobre programas que possam beneficiar a população de Santa Rita. O comunicador tende a ir para a disputa, inclusive, com apoio de partidos que integram a base de apoio do governo petista, a exemplo de Republicanos, União Brasil e MDB.

O traço deferente de disputas anteriores é que naquelas oportunidades Nilvan entrou nas disputas encarnando o papel único de linha auxiliar do ex-presidente. Todo o seu discurso reproduzia as experiências e posturas de Jair Bolsonaro. A esperança nestes casos era conseguir os votos do público conservador de forma exclusiva, o que se mostrou insuficiente para garantir o desejado sucesso eleitoral. O comunicador ficou em segundo lugar na disputa pela prefeitura da capital, em 2020, e em terceiro nas eleições para o governo do Estado, em 2022. A esperança de ser eleito não foi concretizada em nenhuma das disputas.

A abertura de leque poderá ampliar a penetração eleitoral do pré-candidato na disputa. Até porque, se assim não o fizesse, encontraria problema junto ao eleitorado de Santa Rita, já que Lula recebeu 58% dos votos na cidade em 2022. Além do mais, o partido de Bolsonaro, no município, integra a base de apoio do prefeito Emerson Panta (PP) e prometeu apoio integral ao nome que vier a ser indicado pelo atual gestor. O processo de “desbolsonarização” discursiva de Nilvan em Santa Rita, por isso, é questão de sobrevivência.

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Pacientes em estado terminal: o luto que começa‬ antes da morte‬

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Redação do Portal da Capital

‭O‬‭ luto‬‭ nem‬‭ sempre‬‭ começa‬‭ após‬‭ a‬‭ morte.‬‭ Em‬‭ muitos‬‭ casos,‬‭ como‬‭ nos‬‭ de‬‭ doenças‬ terminais‬‭ ou‬‭ degenerativas,‬‭ o‬‭ processo‬‭ de‬‭ perda‬‭ pode‬‭ ter‬‭ início‬‭ ainda‬‭ em‬‭ vida,‬ quando‬‭ a‬‭ família‬‭ percebe‬‭ a‬‭ inevitabilidade‬‭ do‬‭ desfecho.‬‭ Simône‬‭ Lira,‬‭ psicóloga‬ especialista‬‭ em‬‭ luto‬‭ do‬‭ Morada‬‭ da‬‭ Paz,‬‭ traz‬‭ reflexões‬‭ sobre‬‭ o‬‭ luto‬‭ antecipado‬‭ e‬‭ esclarece‬‭ que‬‭ os‬‭ cuidados‬‭ paliativos,‬‭ ao‬‭ contrário‬‭ do‬‭ que‬‭ muitos‬‭ acreditam,‬‭ não‬‭ são‬ um‬‭ fim,‬‭ mas‬‭ um‬‭ meio‬‭ de‬‭ proporcionar‬‭ dignidade‬‭ e‬‭ qualidade‬‭ de‬‭ vida‬‭ ao‬‭ paciente‬‭ e‬‭ à‬‭ sua família.‬

Lidar‬‭ com‬‭ a‬‭ perda‬‭ de‬‭ um‬‭ ente‬‭ querido‬‭ é‬‭ um‬‭ processo‬‭ desafiador,‬‭ especialmente‬ quando‬‭ essa‬‭ despedida‬‭ começa‬‭ muito‬‭ antes‬‭ do‬‭ último‬‭ adeus.‬‭ Para‬‭ famílias‬‭ que‬ convivem‬‭ com‬‭ pacientes‬‭ em‬‭ estado‬‭ terminal‬‭ ou‬‭ portadores‬‭ de‬‭ doenças‬ degenerativas,‬‭ como‬‭ o‬‭ Alzheimer,‬‭ o‬‭ luto‬‭ antecipado‬‭ — ou‬‭ luto‬‭ antecipatório‬‭ — pode‬ surgir‬‭ à‬‭ medida‬‭ que‬‭ a‬‭ condição‬‭ do‬‭ paciente‬‭ se‬‭ agrava,‬‭ trazendo‬‭ à‬‭ tona‬‭ sentimentos‬ de dor, impotência e, muitas vezes, culpa.‬

Esse‬‭ luto‬‭ antecipado‬‭ é‬‭ uma‬‭ reação‬‭ natural‬‭ ao‬‭ reconhecimento‬‭ da‬‭ proximidade‬‭ da‬ perda,‬‭ e‬‭ pode‬‭ ser‬‭ vivido‬‭ de‬‭ forma‬‭ silenciosa‬‭ e‬‭ solitária.‬‭ “Muitas‬‭ vezes,‬‭ os‬‭ familiares‬ começam‬‭ a‬‭ vivenciar‬‭ o‬‭ luto‬‭ enquanto‬‭ a‬‭ pessoa‬‭ ainda‬‭ está‬‭ viva,‬‭ principalmente‬‭ em‬ casos‬‭ de‬‭ doenças‬‭ como‬‭ o‬‭ Alzheimer,‬‭ em‬‭ que‬‭ há‬‭ uma‬‭ perda‬‭ gradual‬‭ das‬‭ funções‬ cognitivas e da própria identidade do paciente”, explica Simône Lira.‬

Entender‬‭ e‬‭ aceitar‬‭ esse‬‭ sentimento‬‭ é‬‭ o‬‭ primeiro‬‭ passo‬‭ para‬‭ lidar‬‭ com‬‭ a‬‭ situação.‬ Durante‬‭ essa‬‭ fase,‬‭ é‬‭ comum‬‭ que‬‭ os‬‭ familiares‬‭ oscilem‬‭ entre‬‭ momentos‬‭ de‬ esperança‬‭ e‬‭ tristeza‬‭ profunda.‬‭ Segundo‬‭ a‬‭ psicóloga‬‭ especialista‬‭ em‬‭ luto‬‭ do‬‭ Morada‬ da‬‭ Paz,‬‭ é‬‭ importante‬‭ reconhecer‬‭ esses‬‭ sentimentos‬‭ e‬‭ buscar‬‭ suporte,‬‭ seja‬‭ através‬ de‬‭ grupos‬‭ de‬‭ apoio,‬‭ acompanhamento‬‭ psicológico‬‭ ou‬‭ mesmo‬‭ a‬‭ troca‬‭ de‬ experiências com pessoas que estão passando por situações semelhantes.‬

Outro‬‭ ponto‬‭ essencial‬‭ nessa‬‭ jornada‬‭ é‬‭ a‬‭ compreensão‬‭ sobre‬‭ os‬‭ cuidados‬‭ paliativos.‬ Ao‬‭ contrário‬‭ do‬‭ que‬‭ muitos‬‭ pensam,‬‭ eles‬‭ não‬‭ são‬‭ sinônimo‬‭ de‬‭ desistência.‬‭ Pelo‬ contrário,‬‭ os‬‭ cuidados‬‭ paliativos‬‭ têm‬‭ como‬‭ objetivo‬‭ oferecer‬‭ conforto‬‭ e‬‭ dignidade‬‭ ao‬ paciente,‬‭ melhorando‬‭ sua‬‭ qualidade‬‭ de‬‭ vida,‬‭ controlando‬‭ os‬‭ sintomas‬‭ da‬‭ doença‬‭ e‬ proporcionando‬‭ apoio‬‭ psicológico‬‭ e‬‭ emocional‬‭ tanto‬‭ para‬‭ o‬‭ paciente‬‭ quanto‬‭ para‬ seus‬‭ familiares.‬‭ “Os‬‭ cuidados‬‭ paliativos‬‭ ajudam‬‭ a‬‭ família‬‭ a‬‭ encontrar‬‭ equilíbrio‬ durante‬‭ esse‬‭ processo‬‭ e‬‭ a‬‭ oferecer‬‭ ao‬‭ paciente‬‭ o‬‭ máximo‬‭ de‬‭ bem-estar‬‭ possível,‬ sem sofrimento desnecessário”, destaca a Simône.‬

O‬‭ Morada‬‭ da‬‭ Paz‬‭ conta‬‭ com‬‭ um‬‭ serviço‬‭ ativo‬‭ no‬‭ acolhimento‬‭ de‬‭ famílias‬‭ em‬ momentos‬‭ de‬‭ despedida,‬‭ oferecendo‬‭ suporte‬‭ humanizado‬‭ para‬‭ todas‬‭ as‬‭ etapas.‬ Embora‬‭ doloroso,‬‭ o‬‭ luto‬‭ antecipado‬‭ também‬‭ pode‬‭ ser‬‭ um‬‭ tempo‬‭ de‬‭ reconciliação‬‭ e‬ preparação.‬ A‬‭ empresa‬‭ oferece‬‭ suporte‬‭ emocional‬‭ para‬‭ os‬‭ familiares‬‭ que‬‭ passam‬‭ por‬‭ essas‬ situações,‬‭ com‬‭ uma‬‭ abordagem‬‭ que‬‭ visa‬‭ o‬‭ acolhimento‬‭ e‬‭ a‬‭ compreensão‬‭ das‬ particularidades‬‭ de‬‭ cada‬‭ caso,‬‭ contando‬‭ com‬‭ serviços,‬‭ a‬‭ exemplo‬‭ do‬‭ cerimonial‭ fúnebre e o chá da saudade.‬

Simône‬‭ ainda‬‭ ressalta‬‭ a‬‭ importância‬‭ de‬‭ viver‬‭ um‬‭ dia‬‭ de‬‭ cada‬‭ vez:‬‭ “Nem‬‭ sempre‬‭ é‬ possível‬‭ controlar‬‭ o‬‭ que‬‭ está‬‭ por‬‭ vir,‬‭ mas‬‭ é‬‭ essencial‬‭ focar‬‭ no‬‭ presente‬‭ e‬‭ valorizar‬ os‬‭ momentos,‬‭ mesmo‬‭ os‬‭ mais‬‭ simples,‬‭ com‬‭ o‬‭ paciente.‬‭ Isso‬‭ pode‬‭ trazer‬‭ alívio‬ emocional para a família e facilitar o processo de aceitação.”

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Medicinando: avanços da tecnologia na saúde

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Redação do Portal da Capital

O médico e presidente da Cooperativa Unimed João Pessoa, Doutor Gualter Ramalho, publicou nesta segunda-feira (14/10), mais um episódio do projeto ‘Medicinando’. Com um formato de vídeos curtos compartilhados no seu perfil das redes sociais, o anestesiologista aborda temas como gestão, inovação e liderança.

Desta vez, Gualter falou sobre os avanços da tecnologia da saúde e as novas ferramentas que proporcionam melhores atendimentos aos pacientes. O médico abordou principalmente os dispositivos vestíveis, ou wearables, que estão revolucionando a forma de como cuidar da saúde. Esses pequenos dispositivos, como relógios inteligentes, pulseiras e outros acessórios, são capazes de monitorar diversas funções corporais, fornecendo dados valiosos para os pacientes e profissionais de saúde. Permitem realizar busca ativa de dados que auxiliam no monitoramento remoto da saúde dos pacientes.

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Prefeitos ou gerentes de serviços gerais?

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Redação do Portal da Capital

* Por Josival Pereira

Marchando para seu final, a campanha eleitoral em João Pessoa, maior cidade do Estado, e, com certeza, também em Campina Grande e demais localidades, não conseguiu discutir o que importa para futuro e a real melhoria da qual das pessoas que as habitam.

A constatação única é que as campanhas de praticamente todos os candidatos, partidos, federações e coligações se dedicaram a discutir superficialmente serviços gerais e a promover ataques contra os adversários.

Discutir serviços de forma superficial significa apresentar uma infinidade de propostas para supostamente resolver problemas da saúde, educação, iluminação, limpeza, e toda a problemática das cidades sem uma palavra sobre como efetivamente resolver. Promessas ao evento, terrivelmente falsas quando apresentadas por ex-prefeitos (que não resolveram quando do exercício anterior) e deliberadamente de má-fé quando prometidas por quem nunca teve experiência de mandatos executivos.

Lógico que os serviços essenciais vivem carências profundas e necessitam de mudanças também profundas, mas quem acompanhou a propaganda, entrevistas e debates da campanha sabe que quase tudo do que foi dito não representa solução para os problemas das gestões municipais.

Mais grave ainda é se assistir a uma campanha política, onde as questões mais essenciais para o futuro das cidades e das pessoas fossem seriamente discutidos e levados em consideração, nem superficialmente foram abordados.

Tomando João Pessoa como referência, não se ouviu, ao longo da campanha, nenhuma menção, por exemplo, a questão do planejamento estratégico. À rigor, não se discutiu sequer planejamento simples para uma gestão de 4 anos, que dirá planejamento estratégico. As promessas apresentadas estão mais para amontoado de intenções do que plano de governo. Visavam quase sempre tentar atrair determinados segmentos de eleitores.

Não se pode imaginar qualquer gestão pública sem planejamento estratégico para 20, 30, 50 anos, começando com o presente. Não existe registro de uma campanha política que tenha discutido mais profundamente temas como ocupação do solo urbano, expansão da cidade, reurbanização dos espaços já existentes, controle da especulação imobiliária e desenvolvimento sustentável.

Inimaginável, no tempo presente, um debate sobre gestão pública das cidades que não debata seriamente a questão do meio ambiente, levando-se em consideração a emergência climática. O que se assistiu foram promessas de aumentar o plantio de árvores e da implantação de parques e praças, o mínimo diante do grave contexto vivido nessa área. Não se ouviu uma palavra sobre controle de emissão de gazes poluentes e a busca de atingir o plano carbono zero, obrigação que as cidades precisam assumir; recuperação e despoluição de rios, controle do desmatamento, reflorestamento amplo de zonas urbanas, educação ambiental, ampliação infinita de coleta seletiva, recuperação de áreas degradadas, sem se falar em ações mais ousadas como despavimentação de calçados urbanas com metade grama e árvores e jardins verticais. Nenhum candidato falou em governança ambiental ou climática, o que exprime bem a distância dos prefeitos eleitos e dos que ainda vão na eleger em relação a tema tão emergente.

As campanhas também foram paupérrimas na discussão sobre ciência e tecnologia, uma questão que vem pondo o planeta de cabeça pra baixo e que promete revolucionar tudo nos próximos anos, alterando substancialmente o mundo do trabalho e a vida das pessoas todos os aspectos. Sobre esse prisma, os candidatos até pareciam que estavam lá pelos meados do século passado.

Essa é apenas uma pequena amostra de temas fundamentais para o futuro das cidades e vida no planeta que não mereceram nenhuma atenção nas campanhas eleitorais.

A impressão que ficou, pelo que foi debatido, é que a eleição era destinada a escolher um gerente de serviços gerais das cidades (muitos incompetentes), não um prefeito, cuja origem etnológica lá do latim – praefectus – significava “posto acima dos outros”.

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