O Governo federal está elaborando um plano para combater os efeitos da estiagem na Paraíba e todos os outros Estados do Nordeste, além dos localizados no Norte de Minas Gerais. A determinação partiu do próprio presidente Lula (PT).
De acordo com informações publicadas na Folha, ao menos seis ministérios foram acionados e existe a possibilidade de que a estratégia seja concluída já no início de fevereiro.
Além dos efeitos diretos à população, o Palácio do Planalto teme que a seca atinja negativamente a atividade econômica da região.
Um estudo de órgãos climáticos do governo apontou, no fim de dezembro, que no primeiro trimestre deste ano deve haver um agravamento da seca, especialmente no norte da região Nordeste.
Essas informações foram apresentadas no mais recente documento de monitoramento dos efeitos do El Niño. Mensalmente, Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ANA (Agência Nacional de Águas) e Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres) fazem previsões para esse fenômeno climático.
O semiárido brasileiro se estende pelos nove estados do Nordeste e também pelo norte de Minas Gerais. No total, ocupa 12% do território nacional e abriga cerca de 28 milhões de habitantes.
Desde outubro, o governo vem adotando medidas para mitigar os efeitos da seca, mas as ações agora passaram a ser coordenadas pela Casa Civil, que cuida das prioridades para Lula.
Um documento do governo apontou situação crítica em alguns reservatórios no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, além de Pernambuco, onde a unidade de Jucazinho, em Surubim, estava com menos de 10% da capacidade.
Além das medidas para mitigar os efeitos da seca prolongada, o governo Lula estuda um plano contra a desertificação do Nordeste.
Em novembro, um estudo identificou pela primeira vez o surgimento de uma região com clima similar a um deserto. “Observou-se o aparecimento de uma área definida como árida no norte do estado da Bahia, que nunca fora observada no país nas décadas anteriores”, diz o documento do Cemaden e do Inpe.
“Antes era apenas observação, ou alerta. Hoje, vemos que isso realmente está acontecendo. A nota [técnica] mostra o avanço das zonas áridas. Com isso, não há plantação e não há comida”, disse Mônica Tejo, diretora do Instituto Nacional do Semiárido, do Ministério de Ciência e Tecnologia.