Respeito, acolhimento e dignidade. É dessa forma que os programas de assistência social da Prefeitura de João Pessoa tratam as pessoas em situação de rua na capital paraibana. São diferentes secretarias envolvidas nesta rede de apoio, que realizam diariamente ações e atendimentos para garantir acesso à saúde e cuidado integral a uma parcela tão vulnerável da população.
O projeto Chega Junto, por exemplo, é gerido pela Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Semusb). O serviço é realizado por meio de uma casa de acolhimento, que, atualmente, atende 25 pessoas. “Nosso público é bastante trabalhoso. São pessoas que não estão acostumadas a disciplina, regras, organização e limites. Elas carregam graves problemas pessoais, vivem no descaso com a própria saúde, são carentes de afeto e sofrem com a exclusão social. Nosso trabalho é mudar esse comportamento e trazer esperança ao acolhido”, comenta Teresa Cristina Urbano Martins, coordenadora da moradia assistida do projeto Chega Junto.
O caminho até essa mudança de visão é longo. A dependência química leva muitos a retornarem para as ruas. Os que decidem ficar, aprendem sobre o respeito ao próximo, a conviver em comunidade, a rotina do serviço de uma casa, mas, principalmente, buscam melhorar escolhas e atitudes, em especial, para se manterem longe das drogas.
O cronograma do Chega Junto prevê atendimento semanal ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps); atividade física; aula de musicalização; aulas de capoeira; e rodas de diálogo com a equipe técnica. A rotina faz a diferença na vida dos usuários do projeto.
Douglas Braz, 22 anos, é natural de Rio Tinto – cidade do Litoral Norte paraibano – e está sendo acolhido há três meses na moradia assistida pelo Chega Junto. “Eu cheguei com minha saúde mental muito abalada, e, aqui, eu fui muito bem recebido, acolhido, o que me fez sentir paz. Eu passei a enxergar um leque de oportunidades. Concluí meus estudos, fiz a prova do Enem… Estou esperando o resultado para me inscrever no curso de Fisioterapia”, conta com entusiasmo.
Neste período, Douglas também fez um curso de auriculoterapia e vai oferecer o serviço aos demais acolhidos da moradia do Chega Junto. Já Márcio Andrielle, 35 anos, natural de Natal, no Rio Grande do Norte, é assistido pelo projeto há três meses. Ele conta que a dependência em crack fez ele se afastar da família, perder emprego, cometer delitos, até ir parar nas ruas.
“Eu já fiquei em várias casas de acolhimento em Natal, e nenhuma é como essa daqui. Nesses três meses no Chega Junto, eu já consegui renovar minha habilitação, fiz curso de cabeleireiro… Sou eu quem mudo o visual do pessoal daqui e só tenho a agradecer a toda equipe técnica que nos trata com amor e respeito”, compartilha Márcio.
Mais assistência – A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhuc) é responsável pelo Serviço Especializado de Abordagem Social (Ruartes) e pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop).
O Ruartes realiza o primeiro contato com as pessoas em situação de rua. Ele conta com uma rede de profissionais que executam diariamente o trabalho social de abordagem e busca ativa dessa população. Eles procuram entender as necessidades de cada pessoa e realizam os encaminhamentos necessários, como, por exemplo, atendimento médico, solicitação de documentação, contato com a família e retorno à cidade de origem.
Já o Centro Pop oferece atendimento individual e coletivo, oficinas e atividades de convívio e socialização para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em 2023, o local cadastrou 523 novos beneficiários e 12 famílias advindas de outros estados e do exterior. Diariamente são distribuídos 50 cafés da manhã e 120 almoços. E, em média, 30 beneficiários tomam banho, lavam suas roupas e repousam na unidade.
“O Centro Pop é declaradamente o porto seguro das pessoas que se encontram em situação de rua. É lá onde elas resgatam a cidadania. É gratificante ver o tamanho da alegria quando um usuário recebe uma certidão de nascimento, uma identidade, quando são inseridos em cursos… Até um banho que eles tomam na unidade faz uma grande diferença” destaca Maria Amparo dos Santos Machado, coordenadora do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua.
Para este ano, além das atividades já corriqueiras oferecidas pela unidade, os usuários terão sessões de cinema no turno da tarde. É mais uma forma de inserir esta parcela da população no contexto social.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mantém o projeto Consultório na Rua, com equipes multiprofissionais compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e agentes sociais.
As equipes do Consultório na Rua percorrem a cidade, realizando atendimento das pessoas em situação de rua em seus próprios locais de permanência. Atualmente, o serviço possui mais de 2.600 pessoas cadastradas e realiza, em média, 600 atendimentos mensais. Em 2023, foram realizados mais de 7 mil.
“Trabalhar no atendimento às pessoas que vivem em contexto de extrema vulnerabilidade é bastante desafiador. No entanto, é gratificante ter a possibilidade de tentar garantir o acesso à saúde e o cuidado integral a essas pessoas que tanto precisam”, enfatiza Luana Alves, coordenadora do Consultório na Rua de João Pessoa.
Serviço:
Consultório na Rua – A população em geral também pode solicitar atendimento direcionado a alguma pessoa em situação de rua. Basta entrar em contato com o número (83) 3213-7622. O Consultório na Rua atende de segunda à sexta-feira, das 8h às 19h.
Ruartes – Localizado na Rua 13 de Maio, 508, no Centro, e pode ser acionado pelo telefone 3214-3709 ou por meio do canal Disque 156.
Centro POP – Localizado na Rua 13 de Maio, 508, no Centro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O telefone para contato é o 3214-7881.