O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) realizou uma reunião para ouvir representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem de João Pessoa (Sinditêxtil JP) sobre atraso de salários, 13º, não pagamento de férias e FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) de mais de 600 funcionários da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), na unidade de João Pessoa.
“Há um atraso de pagamento salarial nos meses de setembro, outubro, novembro e o 13º salário. Em setembro, foi pago apenas 20% do valor salarial. O Ministério Público do Trabalho está adotando as medidas cabíveis, como também os Sindicatos da categoria em João Pessoa e Campina Grande”, informou o procurador do Trabalho Raulino Maracajá, que coordenou reunião na manhã da última sexta-feira (15), no Edifício-Sede do MPT-PB, no Centro de João Pessoa.
Na última semana do mês de novembro, o caso foi repercutido pelo @portaldacapital contando, inclusive, sobre os problemas de saúde, como depressão e síndrome do pânico que estariam sendo identificadas nos funcionários por causa do medo de cobradores baterem às suas respectivas portas por causa de dívidas já acumuladas por causa das falhas salariais.
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Segundo a presidente do Sindtêxtil JP, Jeane Silva de Souza, desde setembro deste ano, aproximadamente 620 funcionários da Coteminas em João Pessoa estão sem receber salários. “Os salários estão atrasados desde setembro e não houve o pagamento do 13º salário. A empresa também não vem pagando férias e nem depositando o FGTS”, denunciou a presidente, que se reuniu, na última sexta-feira, com o procurador Raulino Maracajá.
“De agosto até agora houve em torno de 400 demissões e as verbas rescisórias foram parceladas pela Coteminas. No início, a empresa estava pagando, mas agora tem mais um agravante, pois os acordos não estão sendo cumpridos”, disse Jeane Souza.
Edmilson Antônio Vitorino tem 70 anos, dos quais 52 de trabalho na Coteminas, em João Pessoa. “Entrei como aprendiz de ‘ferreduca. Fui assistente de mecânico, mecânico e ocupei várias outras funções nesses 52 anos de trabalho na Coteminas. Estamos sem salário, sem 13º e a empresa também está sem depositar nosso FGTS. É uma situação triste e realmente muito difícil”, reforça Edmilson, que faz parte dos 620 funcionários sem salário desde setembro.
Entenda o caso
Na Paraíba, uma carta aberta foi divulgada no final de setembro pelo Sinditêxtil JP expondo ‘a crise’ que atinge a unidade da Coteminas em João Pessoa. Na carta, o Sinditêxtil JP disse que a unidade local da Coteminas está com suas atividades suspensas desde 2022 e que, neste período, trabalhadoras e trabalhadores foram colocados várias vezes no sistema de ‘lay-off’ (suspensão temporária do contrato de trabalho).
Neste ano, segundo o Sindicato, a situação teria se agravado, comprometendo o pagamento de salários e até a entrega de cestas básicas. “Houve corte do plano de saúde, demissão em massa com parcelamento ilegal das verbas rescisórias e não recolhimento do FGTS”. “Esse problema vem se estendendo há muito tempo, com os trabalhadores passando necessidades. Muitos deles, mesmo com carteira assinada, estão recorrendo a trabalhos informais e ‘bicos’ porque estão sem salários”, relatou Jeane de Souza.
Participou da audiência da última sexta-feira (15), na Sede do MPT, em João Pessoa, a deputada estadual Aparecida Ramos.
Demissões em outros Estados
A Coteminas realizou, este ano, diversas demissões nos Estados de Minas Gerais e Santa Catarina, onde o MPT também acompanha os casos. A Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas) foi fundada em 1967, em Montes Claros (Minas Gerais). Além de Montes Claros (MG), possui unidades em João Pessoa e Campina Grande (PB), Natal e Macaíba (RN), Blumenau (SC), e uma na Argentina. Conforme informações no site da empresa, o grupo é dono de marcas conhecidas, como Santista, Artex, MMartan e Casa Moysés.
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