A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Complexo de Pediatria Arlinda Marques (CPAM), realiza, nesta quinta (23) e sexta-feira (24) o VIII Encontro Científico das Residências (ECIR). O tema deste ano aborda os 14 anos do serviço do Ambulatório de Atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violências e Acidentes (Amviva), no CPAM, referente ao enfrentamento da violência em crianças e adolescentes na perspectiva do cuidado interdisciplinar. O evento acontece no auditório do Conselho Regional de Medicina (CRM), em João Pessoa.
O encontro é realizado anualmente e visa promover uma discussão científica no campo da atenção integral à saúde da criança e do adolescente, o qual oportuniza a integração entre os programas de residências médicas e multiprofissional do CPAM, bem como gestão, colaboradores atuantes no serviço e comunidade acadêmica.
De acordo com o diretor-geral do CPAM, Daniel Gonçalves, o hospital sedia grandes serviços, alguns com pioneirismo que, em todo o estado, só são realizados no Arlinda Marques. “Temos em nossa estrutura o Centro de Atendimento Integrado (CAI) e o Amviva que tem uma relevância muito grande para o combate e a erradicação da violência infanto-juvenil na Paraíba, pois somos o único serviço de referência de saúde do estado que busca fortalecer ações e estratégias de atendimento de meia e alta complexidade”, ressaltou.
O serviço conta ainda em sua estrutura com a participação de vários entes, como a Secretaria de Desenvolvimento Humano, Polícia Civil e Polícia Científica.
Um evento como esse é importante para reunir a sociedade científica e acadêmica para que essas residências médicas e multiprofissionais do CPAM, que estão na ponta do atendimento, possam ouvir, discutir e ampliar as políticas públicas, contribuindo para as melhores ações de enfrentamento da violência, sobretudo da sexual e doméstica, pois implicam diretamente num problema grandioso de saúde pública.
Segundo a coordenadora da Residência Multiprofissional em Saúde da Criança (Remusc) do CPAM, Luciana Ferreira, além da residência multiprofissional, há no hospital a Residência Médica em Pediatria, Residência Médica Intensiva Pediátrica e a Residência Médica em Cirurgia Pediátrica. Dentro desse espaço de formação, o Complexo preconiza que esses programas atuem de forma articulada. “O evento deste ano traz para esse espaço científico, um momento de reflexão para todos os programas de residências do Complexo Arlinda Marques sobre nossas práticas na assistência, multiprofissional e na médica sobre refletir o olhar da violência no contexto social. A programação do evento visa discutir também as evidências científicas, de saúde e jurídicas para aproximar os equipamentos da rede assistencial e da proteção à criança e ao adolescente, pois o nosso atendimento não termina no pronto atendimento”, frisou.
O resultado dessa integração das Residências é que o CPAM, por meio do Amviva/CAI dispõe de um atendimento realizado a partir de diversos olhares na prática e no cuidado interdisciplinar com as crianças, adolescentes e seus familiares em situação de violência, na perspectiva do contexto social, político, jurídico e clínico epidemiológico.
Segundo a coordenadora do Amviva/CAI, Risomar Firmino, o enfrentamento da violência é uma responsabilidade de toda a sociedade trazendo um impacto muito grande na vida da criança e do adolescente, muitas vezes levando a óbito. É importante que os trabalhadores em saúde tenham conhecimento dessa temática e aprendam a lidar com isso.
O encontro é justamente para capacitar esses profissionais para saber acolher de forma humanizada e cuidadosa, não só no aspecto da saúde, mas mobilizando toda a rede para que essa criança e adolescente que sofram com a violência tenha seus direitos garantidos. Dessa forma, o serviço oferecido pelo Amviva/CAI cuida justamente desses traumas que essa violência causa no público infanto-juvenil.
“No decorrer de 14 anos do serviço, temos conseguido mudar a vida de muitas crianças e adolescentes, apesar de a gente saber que há casos que são irreversíveis, mas minimamente o nosso trabalho traz essa transformação da vivência de muitas crianças que chegam no nosso espaço mudadas, nos dando depoimentos que conseguiram superar aquele trauma”, ressaltou.
O residente em Serviço Social do Remusc, Emmanuel Barbosa, reforça a importância do programa de residência oferecido pela Escola de Saúde Pública (ESP). “A residência multiprofissional contribui muito para o atendimento no SUS e estar em um serviço de referência, além do aprendizado, temos a oportunidade de contribuir com o acolhimento das crianças e adolescentes do CPAM, pois o atendimento dos casos de violência sensibiliza todos os multiprofissionais envolvidos”, destacou.