O legado de Margarida Maria Alves será lembrado pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) nesta quarta-feira (30), em Alagoa Grande, através da realização de Audiência Pública em alusão aos 40 anos do assassinato da sindicalista. O encontro, que acontece a partir das 14h no Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais, é uma ação conjunta de iniciativa dos deputados estaduais Chió, que também é o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, de Bosco Carneiro e Cida Ramos.
A líder sindical que se transformou em símbolo de resistência e luta contra a violência no campo, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e pela reforma agrária foi morta a tiros na porta de casa no dia 12 de agosto de 1983, na cidade de Alagoa Grande. Mesmo com o crime cruel, as ideias da paraibana não foram silenciadas e seguem sendo propagadas.
“É preciso que nós, paraibanos, tenhamos essa missão de seguir propagando as ideias e homenageando por todo o trabalho de luta a nossa Margarida Maria Alves. É necessário que a gente sempre lembre da sua memória e legado para que o crime covarde, que permanece impune após 40 anos, não seja esquecido”, declarou Chió.
O evento que reunirá autoridades e representantes da luta sindical do campo também poderá ser acompanhado através do Sistema Virtual da ALPB, da TV Assembleia e no canal do YouTube da Casa de Epitácio Pessoa.
A sindicalista
Margarida Maria Alves foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, sendo uma das primeiras mulheres no país a exercer um cargo de direção sindical, e um símbolo na luta agrária dos camponeses insatisfeitos com as condições de trabalho ao longo da década de 1980. Nos 12 anos em que esteve à frente do Sindicato, entre 1971 e 1983, em plena Ditadura Militar, Margarida foi responsável por ações trabalhistas que incluíam o direito à carteira de trabalho e a documentos para agricultores, com 13º salário, jornadas de trabalho de 40 horas semanais e férias.
Lutava para que os trabalhadores e trabalhadoras pudessem cultivar suas próprias terras, em defesa da agricultura familiar e da reforma agrária. E, também, pelo fim do trabalho infantil no meio rural e para que todas as crianças e jovens tivessem acesso à educação.
Várias denúncias contra os abusos e desrespeitos aos direitos dos trabalhadores das usinas açucareiras incomodaram os fazendeiros da região, quando as perseguições contra a sindicalista foram iniciadas e acabaram na ocasião do seu assassinato. O crime, considerado político, nunca foi resolvido e seus assassinos nunca foram condenados.
A luta é relembrada por todos os sindicatos de Trabalhadores Rurais anualmente e, também, por mulheres na Marcha das Margaridas, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e por diversas outras organizações sindicais e movimentos de mulheres do país.