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Condomínio em falésia na praia do Pipa gera preocupação

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* Por João Lara Mesquita (agosto/2023)

Pipa fica no município de Tibau do Sul, cerca de 85 km de Natal. No passado era uma bucólica vila de pescadores artesanais. Até que nos anos 70 começaram a chegar os primeiros forasteiros, hippies, e surfistas. Toda a região é de uma beleza singular. A cor da água, azul esverdeada; as falésias em torno, com tons que vão do amarelo claro até o vermelho sangue; e o verde escuro do que restou de Mata Atlântica no litoral do Rio Grande do Norte formam uma linda paleta de cores. A biodiversidade também é alta. Na região há desova de tartarugas de pente, e local de concentração de golfinhos na baía de mesmo nome. Dunas, mangues, piscinas naturais e lagoas completam o cenário. Contudo, agora a construção de um condomínio em falésia erguido sobre um  ponto turístico, o Chapadão da praia de Pipa, gera preocupação.

Europeus descobrem Pipa

Todas estas belezas acabaram por chamar a atenção de europeus. No início dos anos 2000 chegaram os portugueses, seguidos por espanhóis. Não demorou para os escandinavos descobrirem a região. À época, eram comuns voos fretados direto para Natal e, de lá, para Pipa.

Enquanto o turismo crescia, sumia a vila de pescadores. Hoje Pipa é um dos maiores atrativos do litoral do Rio Grande do Norte. A pacata vila tornou-se um aglomerado urbano, cosmopolita, lotado de bares, restaurantes, raves, pousadas, hotéis, transito, música alta e, agora, condomínios.

Mas o local também atraiu ambientalistas. Assim, a 10 minutos de Pipa fica o Santuário Ecológico de Pipa, uma reserva de Mata Atlântica com trilhas sinalizadas onde o Projeto Tamar atua para facilitar a desova das tartarugas de pente.

Contudo, a beleza da região que atrai o turismo pode ser, de maneira idêntica, seu algoz. Os mangues do entorno já foram dizimados com a carcinicultura, a criação de camarões em cativeiro. Rio Grande do Norte e Ceará se revezam na liderança da produção. Isso significa que os manguezais dos dois Estados foram os mais prejudicados. Partes significativas foram extirpadas para a formação de piscinas onde são criados os crustáceos.

Na internet é só elogios

É curioso consultar a internet sobre a Praia de Pipa. Se você pesquisar no Google, ‘Praia de Pipa’, verá 12 páginas seguidas oferecendo pousadas, hotéis, e programas os mais variados na ‘paradisíaca’ região.

Mas há muitos problemas também

Nem há uma só palavra quanto à destruição sem precedentes dos manguezais. Nada sobre as mais que estreitas faixas de praia, como a praia Central, a mais próxima da vila, ou da erosão e avanço do mar cada vez mais próximo das construções. É o preço que se paga para ter uma ‘casa pé na areia’.

Sobre a infraestrutura urbana como tratamento de esgotos, limpeza, coleta e tratamento do lixo, energia elétrica e seus gargalos, não há uma linha sequer.

E quase nada sobre a especulação imobiliária que veio junto com a fama. Contudo, ela está lá, e com muita força. Uma força difícil de controlar por vários motivos. O Governo do Estado, por exemplo, bem como as prefeituras, querem mais recursos e empregos custe o que custar, via o turismo ou aumento do  IPTU. Desse modo, muitas vezes passam por cima da legislação ambiental autorizando empreendimentos em locais vedados.

Por outro lado, os empreendedores normalmente são dos setores economicamente fortes: construção civil e  turismo. Muitas vezes eles apoiam campanhas de prefeitos que, em troca, quando eleitos, ‘pagam’ a conta permitindo o que não podem. Assim, começa a deterioração da beleza cênica que atraiu os turistas, até a banalização total e consequente abandono da região.

Guarujá, em Sao Paulo é um exemplo; Balneário de Camboriú, SC, ou Arraial do Cabo, RJ, idem. Todos impiedosamente destruídos pela especulação. O litoral norte de São Paulo, ou Angra dos Reis, RJ, seguem o mesmo rumo assim como quase todo o litoral do País.

Falésias ativas e ocupação humana

A região ao Sul de Natal é formada por dunas e falésias ativas, aquelas que sofrem constantemente erosão pelas forças naturais como ondas, marés, e também pela chuva. E se o processo está em pleno andamento hoje, vai piorar em razão da subida do nível do mar.

Escondido, entre as centenas de anúncios de hotéis e pousadas, descobri o estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de autoria de Ana Lia Dantas, de 2021, sobre ‘avaliação do risco a movimentos gravitacionais de massa na praia de Pipa’.

Ana Lia confirma o problema: ‘Na praia de Pipa, Município de Tibau do Sul, as falésias ativas têm cerca de 15 m de altura. A ação contínua das forças externas e a ocupação antrópica influenciam na perda de estabilidade do material que as constitui, produzindo movimentos gravitacionais de massa.’ E, mais adiante, diz ela…’quando sujeitos a fatores antrópicos, podem ter majoradas sua velocidade e intensidade.’

Como produzindo movimentos gravitacionais de massa, entenda-se ‘o desmoronamento’. E quando as falésias são ocupadas, diz a autora, acirram a velocidade e intensidade da erosão.

Especulação imobiliária em todo o litoral

Finalmente, Ana Lia Dantas confirma a especulação que corre solta não só em Pipa, mas em todo o litoral do País sem que quase ninguém reaja: ‘Por ser o local estudado uma região de alta especulação imobiliária e movimentação turística (ou seja, Pipa), há a potencialização da ocorrência dos movimentos de massa que, em conjunto com períodos de pluviosidade elevada, podem acarretar nos desastres naturais.’

Aliás, não muito tempo atrás, em 2020, um casal e seu filho de sete meses morreram ao descansarem na sombra de uma falésia de Pipa que desmoronou.

O trabalho de Ana Lia não foi o único que encontramos depois das loas às belezas e ao ‘paraíso’. Outro estudo, desta vez da Universidade de Caxias do Sul, de autoria de Vanessa de Cássia Tavares Andrade, aborda a especulação e segregação que acontece em Sibaúma, entre Pipa e Barra do Cunhaú, pertencente ao mesmo município de Tibau do Sul.

Para encerrar, mais um estudo sobre Pipa, cujo título é Sustentabilidade e turismo: uma relação em análise na praia da Pipa, de autoria de Josemery Araújo Alves, Márcia Maria Rios Ribeiro, e Livia Izabel Bezerra de Miranda.

Alternativas para um planejamento sustentável

O objetivo, dizem as autoras, ‘visa apontar alternativas para um planejamento mais sustentável do turismo em Pipa’. É óbvio que uma pequena vila de pescadores não tem como aguentar por muito tempo uma ocupação desordenada e superadensada com ocorre no litoral sul do Estado.

Assim, depois de estudarem alguns dos problemas da região, e respectivas ações por parte da própria comunidade, elas confirmam o que as outras disseram:

“Apesar de constatar atitudes concretas de compromisso socioambiental, o destino apresenta reflexos negativos provenientes do turismo de massa, tais como: especulação imobiliária, predomínio de relações de poder, exploração de áreas naturais, exclusão dos nativos, ineficiência dos órgãos gestores e fiscalizadores. Como ações preferenciais, é essencial direcionar o planejamento turístico com metas a longo prazo, com consciência sobre os impactos futuros na destinação, voltadas efetivamente para os direcionamentos da sustentabilidade.”

Modelo de ocupação do litoral

Já comentamos diversas vezes que o modelo de ocupação do litoral brasileiro, o de segunda residência, é um fracasso. Expulsou os nativos que por mais de 400 anos ocuparam e preservaram tanto a beleza cênica, como os ecossistemas. Então, ali pelos anos 50 do século passado começou a chegada dos cara-pálidas. Em apenas meio século arrasamos quase todos os espaços que ocupamos. São raríssimos os bons exemplos de ocupação na zona costeira.

O modelo não trouxe a riqueza que o turismo ordenado pode trazer, muito menos gerou empregos para os nativos que foram preteridos por profissionais trazidos de outros locais. Um ou outro escapou à sina perversa. Para concluir, a expansão das cidades costeiras, ou das praias que entram na moda, se fez em cima de ecossistemas importantes como mangues, restingas, falésias e até mesmo dunas.

Municípios sem qualquer infraestrutura básica passaram a receber milhares de pessoas. Um puxadinho aqui, outro acolá, e a beleza cênica cedeu espaço à urbanização caótica. Esgotos não tratados, 50% da população não tem acesso ao saneamento, passaram a ser despejados em rios e o no mar.  A biodiversidade também perdeu. Fica a pergunta: além dos mais ricos que têm vista para o mar, quem ganhou com nossa ocupação?

Pipa corre um sério perigo com o novo megaempreendimento

Basta olhar a foto de abertura para o leitor perceber a ausência de praia defronte à falésia. Ou seja, ela está à mercê das forças naturais que já explicamos. Ou seja, a erosão é constante e tende a piorar pelo aumento do nível do mar como acontece hoje em Cabo Branco, João Pessoa.

Não há o que discutir sobre isso. Por sua beleza cênica, e fragilidade, a legislação ambiental considera as falésias Áreas de Proteção Permanente, APPs. Conheça a opinião de especialista no Jusbrasil, em artigo de Rogério Tadeu Romano: ‘As falésias são áreas de preservação permanente objeto de leitura do artigo 225 da Constituição e ainda por conta da definição no sentido de que se trata de área coberta ou não de vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo, assegurando o bem estar das populações.’

Além disso, os termos da Resolução nº 303/02 do Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA) são claros:  proíbem qualquer tipo de ocupação numa faixa de cem metros contados de sua borda.

Apesar disso, segundo o site www.saibamais.jor.br, ‘Obstruindo um ponto turístico de grande fluxo de visitação, a GAV Empreendimento cercou área do Chapadão da Praia de Pipa, localizado em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte. A intenção é usar mais de 21 mil metros quadrados de área verde da praia para construir um condomínio residencial, com 11 blocos e 246 apartamentos nas proximidades da Av. Baía dos Golfinhos.’

Retirada da vegetação e a segurança da falésia

A matéria de Isabela Santos dá conta da preocupação da população ‘com a retirada da vegetação e a segurança da falésia…e que ‘em 14 de julho populares arrancaram tapumes de alumínio já instalados.’

Contudo, não surpreende que o empreendimento tenha conseguido alvará da prefeitura. Já explicamos como estes processos acontecem. Porém, é espantoso que tenha licença do Idema, Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente.

Ainda segundo o www.saibamais.jor.br, ‘Moradores estão encaminhando denúncia ao Idema para que também reforce a fiscalização. O Instituto alega que o empreendimento cumpre as normas de segurança e que a área construída será a mais de 100 metros da borda do tabuleiro natural’.

‘Licenciamentos respeitam a legislação’

Isabela Santos informa que ‘o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, argumenta que os licenciamentos respeitam a legislação’.

E prosseguiu Leon Aguiar: ““A gente só licencia em áreas onde há informações de dominialidade, que tem escritura ou outro documento que ateste a propriedade e qualquer proprietário pode cercar seu imóvel. O Chapadão é uma área muito visada, mas com certeza houve o respeito ao afastamento necessário no caso de falésias.”

Folha de S. Paulo, que também repercutiu a construção, diz que ‘a comunidade critica o que chama de “invasão predatória” do setor imobiliário e alerta para possíveis riscos do empreendimento. Segundo o jornal, em 2017 a prefeitura de Tibau do Sul ‘proibiu a circulação e o estacionamento de veículos motorizados no chapadão’ em razão do risco de acirrar a erosão.

Como suspeitamos, a Folha confirma a precária infraestrutura da região: ‘Com cerca de 3.000 habitantes, a praia de Pipa enfrenta uma série de gargalos de infraestrutura, sobretudo na cobertura de saneamento básico. Na alta temporada, há casos de falta de água e instabilidade no fornecimento de energia. O avanço de novos empreendimentos imobiliários, avaliam os moradores, tende a agravar este cenário.’

É inacreditável o empenho de certos setores da economia em destruir a beleza cênica do litoral para  ‘terem vista para o mar’. É muito egoísmo! O vale-tudo para consegui-la é só mais um capítulo da especulação que progressivamente destrói um cenário exuberante e único. Em nome de quê?

Duas questões ficam no ar. Mesmo que o mega empreendimento se confirme dentro das leis, não houve consulta pública à população. Isto é fato. A outra é uma sugestão: olhe a foto de abertura e veja a beleza da paisagem. Agora, imagine em cima daquele lindo platô, uma montanha de concreto com 11 blocos e 246 apartamentos.

É justo destruir a paisagem que levou eras para ser formada, para alguns privilegiados  terem vista para o mar? Por quê não fazê-lo um pouco mais para trás, preservando um bem que pertence a todos os brasileiros?

Será que não aprenderemos nunca?

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Médicos orientam como correr com segurança para aproveitar todos os benefícios do esporte

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Será que é só calçar um tênis e correr? No episódio do videocast Sem Contraindicação desta semana, a apresentadora Linda Carvalho recebeu o ortopedista Remo Soares e o endocrinologista João Modesto para um bate-papo sobre os benefícios e as orientações sobre como praticar a corrida de forma segura e aproveitar os benefícios desse esporte, que conquista cada vez mais adeptos. No Brasil, foram realizadas mais de 150 mil provas de rua em 2023 e a Associação Brasileira de Corrida de Rua estima que o país tenha mais de 13 milhões de corredores.

Durante a conversa, os médicos destacaram a importância de as pessoas buscarem apoio de profissionais da saúde antes de começar qualquer atividade física, incluindo a corrida. Eles também lembraram que é preciso ficar atento à nutrição, necessidade de suplementação e hidratação. “A hidratação é fundamental e aí têm tabelas para a idade e atividade física, de quanto o indivíduo deve fazer a ingestão hídrica, que não precisa ser só água, mas principalmente água”, orientou João Modesto. Ele reforçou que o exercício pode ser praticado em qualquer idade, mas sempre com orientação.

O ortopedista Remo Soares ressaltou a importância de o atleta amador prestar atenção aos sinais do corpo, com relação a incômodos, necessidade de alimentação e disposição durante a corrida. “Inicialmente, precisa fazer uma avaliação médica com um cardiologista para ver que realmente está apto. Isso aí é uma questão de segurança e é muito importante”, afirmou. O médico também sugere que o corredor iniciante comece aos poucos, com percursos mais curtos, antes de partir para corridas de longa distância. “Você não pode começar a correr e já pensar em fazer 10, 21 quilômetros. Que faça, três, cinco, seis e, daqui a pouco, estará fazendo percurso que quer”, disse.

CORRIDA NO DIA PRIMEIRO

A apresentadora Linda Carvalho lembrou que, no dia primeiro de dezembro, a Unimed João Pessoa vai realizar a sua primeira corrida de rua, com saída e chegada do Largo da Gameleira, na orla da Capital. Estão sendo disponibilizados três percursos: 1, 5 e 10 quilômetros.

As inscrições já foram encerradas. Para mais informações sobre percurso e retirada de kits, basta acessar o regulamento, disponível no hotsite da corrida (www.unimedjp.com.br/corridasunimed).

EPISÓDIOS SEMANAIS

O Sem Contraindicação vai ao ar toda quinta-feira sempre com um novo episódio. O conteúdo é publicado no YouTube e no Spotify. Os episódios também ficam disponíveis no Portal Unimed João Pessoa, que conta com uma seção exclusiva do videocast, onde é possível sugerir temas e interagir com a equipe de Comunicação da Unimed JP, responsável pela produção.

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Artigo do redator-chefe da Revista Isto é Dinheiro sobre o “valor” de nossas forças armadas

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Redação do Portal da Capital

O artigo do jornalista Edson Rossi, publicado em sua coluna na IstoÉ, ainda no mês de janeiro de 2023, foi resgatado por diversos setores da imprensa nacional nos últimos dias após a divulgação da notícia de que um grupo, composto em sua maioria por militares das Forças Especiais (FE) do Exército, chamados “kids pretos”, gastaram seu precioso tempo tramando um atentado fatal contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O texto exala a visão decepcionada de quem olhou de modo um pouco mais profundo para a força militar que manchou a própria imagem em nome de alguns que não se importaram/importam com a corporação mas, apenas, fazem de tudo para utilizá-la em benefício próprio de modo, não mais tão velado.

Confira a íntegra do artigo:

Antelóquio contextual obrigatório: passar pela torre branca de 72 metros feita em mármore junto ao Parque Ibirapuera, em São Paulo, ali pela avenida 23 de Maio, é mero protocolo de mobilidade. Isso quando o trânsito flui. Poucos admiram ou se conectam ao Obelisco, obra do italiano Galileo Emendabilli. Oficialmente, Mausoléu aos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 (aliás, chamá-lo pelo nome completo já começaria a mudar sua relação com as pessoas). Ali só há restos mortais. Afinal, é um mausoléu. Tem dos quatro estudantes assassinados (tema obrigatório nas escolas paulistas), o tal MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) — que deveria ser MMCDA, já que o Alvarenga, baleado na mesma noite, morreu tempos depois. Mas também tem de outros 712 combatentes de 1932. O que carregam em comum? Foram eliminados por militares. O mais jovem dos tombados era um menino. Aldo Chioratto, 9 anos. Foi morto em Campinas por causa de um bombardeio. Sim. Aviões despachados do Rio de Janeiro por Getúlio Vargas e pilotados por militares brasileiros atacaram brasileiros. Entendeu por que nenhuma cidade paulista emancipada nas antigas tem uma via Getúlio Vargas relevante?

Saber que as Forças Armadas brasileiras se incluem na rara categoria global de ter matado mais patriotas que estrangeiros mostra a sua gênese. Em seus 200 anos, o Exército lista mais batalhas contra brasileiros. Doideira, né? Matou nas revoltas todas. Sul. Maranhão. Bahia. Pernambuco. Matou em Canudos. Matou em 1932. Matou na ditadura. Matou em Volta Redonda. Metralhou no Rio. Matar brasileiros parece ser a sina dessa instituição.

O que se confirmou na pandemia. A gestão patético-criminosa de Jair Bolsonaro & Eduardo Pazuello (à frente da Saúde) deve em nome da ética e deste projeto ridículo de Nação virar inquérito. Por atrasar vacinas. Por ignorar a crise de oxigênio em Manaus — enquanto o militar ex-ministro curtia festinha regada à uísque (pelo menos foi o que disse sua ex-mulher, no ano passado). Ou por mandar a Macapá vacinas que deveriam seguir para Manaus. Erro bobo, coisa de 1.000 km. Se na Segunda Guerra os Aliados tivessem o gênio Pazuello como estrategista logístico, em 1944 o desembarque da Normandia aconteceria em Hamburgo.

Isso é o Exército brasileiro. Cujo filhote símbolo mais reluzente é o fujão Jair Messias Bolsonaro. Uma instituição que forma um presidente da República que declara “não te estupraria porque você não merece” é uma instituição falida. Medieval. Ponto.

A frase de Bolsonaro, definitiva e definidora, é a quintessência da ética-técnica-estética desse ser desprezível que simboliza nossas Forças Armadas (com camisa da Seleção e bandeira no pacote). Aliás, uma instituição que além de matar brasileiros gosta bastante de dinheiro, ce n’est pas? Com quase 380 mil militares ativos e outros 460 mil inativos & pensionistas , esse lodo burocrático consome R$ 86 bilhões com a folha de pagamentos. Mais que Educação (R$ 64 bilhões) e Saúde (R$ 17 bilhões) juntas.

Dinheirama para capacitação? Nada. Você sabia que há mais de 1,6 mil militares com rendimentos líquidos acima de R$ 100 mil? Cite aí uma empresa do planeta em que 1,6 mil funcionários colocam na conta limpinhos R$ 100 mil. E teve quem recebeu R$ 600 mil. Que façanha épica faz com que um milico brazuca tenha condições de colocar no bolso 465 salários mínimos em 30 dias? O tal Pazuello, que para a logística dos outros é bem ruim, para a logística em causa própria é gênio: em março de 2022, enfiou no cofrinho R$ 300 mil. Isso explica por que militares brasileiros odeiam comunistas. Porque querem o Estado só para eles.

Então, quando você ouvir político ou empresário dizendo que o problema do País é a educação, responda ‘não’. O problema é militar. Troque cada dois milicos por um professor e este lugar amaldiçoado se transformará no prazo de uma geração. Depois, quando você ouvir político ou empresário dizendo que o problema é a saúde, responda ‘não’. Troque outros dois militares por médicos e enfermeiros e nossa expectativa de vida dará um salto.

Tudo seria só indecência não fosse o dia 8 — iniciado com a tuitada golpista de 2018 do Eduardo Villas Boas. Esse corpo institucional não somente é caro e odeia brasileiros como prevaricou. Ao ser conivente com o assalto aos Três Poderes, mostrou que não precisa existir — Costa Rica e Islândia nem têm —, ou pelo menos deveria ser aniquilado para renascer transformado. Moderno, civilizado, cumpridor de seu papel constitucional. Enquanto não aprender que serve a uma Nação, e não a uma corporação ideologicamente falida, seu papel estará mais contra os brasileiros do que a favor.

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João Pessoa: Sustentabilidade ou Desorganização em Crescimento?

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Redação do Portal da Capital

* Por Frank Ramalho – CEO TagHaus Imobiliária e TAGZAG Comunicação.

Nos últimos anos, João Pessoa se consolidou como uma das cidades mais desejadas do Brasil. A capital paraibana, com suas belezas naturais e ambiente acolhedor, não apenas atrai turistas de todo o país como também começa a receber visitantes de além-mar. Mas o grande questionamento que se impõe diante de tamanha ascensão é: João Pessoa crescerá de forma sustentável ou sucumbirá aos desafios de sua própria popularidade?

Neste final de semana prolongado, a cidade ofereceu uma prévia do futuro que não desejamos ver se consolidar. A região mais movimentada, que engloba as praias de Tambaú e Cabo Branco, foi tomada pelo caos. O trânsito tornou-se um verdadeiro desafio, e a orla, antes sinônimo de lazer e tranquilidade, transformou-se em um espaço de desorganização. O excesso de bicicletas, motos elétricas, vendedores de todos os tipos e um amontoado de famílias disputando cada palmo do calçadão revelaram um cenário longe da experiência positiva que se espera tanto para os moradores quanto para os turistas.

João Pessoa não pode ser apenas uma vitrine deslumbrante que impressiona à primeira vista; precisa também sustentar essa imagem com organização e planejamento de longo prazo. É necessário garantir que o crescimento da cidade preserve suas qualidades, sem perder a calma, a organização e o acolhimento que fazem dela um destino especial. Se não cuidarmos desses aspectos fundamentais, a capital corre o risco de deixar de ser uma “queridinha” para se tornar um destino problemático.

Para isso, precisamos agir com urgência. Questões simples, mas cruciais, devem ser endereçadas. Onde ficarão estacionados os ônibus de turismo, que atualmente travam as vias principais da orla? Como podemos organizar os vendedores para que tenham espaço sem comprometer a mobilidade? É imperativo buscar soluções que equilibrem o crescimento turístico com o bem-estar da população.

A cidade enfrenta um desafio maior do que apenas atrair visitantes: é preciso proporcionar experiências de qualidade para quem chega e, mais importante ainda, para quem vive aqui. João Pessoa precisa manter a percepção de cidade ordenada e acessível. Se não houver uma mudança real e rápida na forma como lidamos com os problemas de organização urbana, corremos o risco de vermos nosso querido destino se tornar um exemplo do que não se deve fazer em termos de crescimento urbano e turístico. Esse é um desafio de todos. Poder público e setor privado. O futuro de João Pessoa não é apenas uma promessa — é uma responsabilidade.

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