Por entender que o trabalho voltado à Pessoa Com Deficiência deve se estender à toda família, a fim de transformar histórias, a Prefeitura de Campina Grande tem contribuído para melhorar a vida dessas pessoas e de todos os seus familiares, por meio da Coordenação da Pessoa com Deficiência, que é vinculada à Secretaria de Assistência Social (Semas). Agora, irmãos atípicos também estão sendo acompanhados pela Prefeitura às quartas-feiras, no Centro Dia, através do Projeto EI (Entre Irmãos), realizando terapia em grupo e atividades de lazer.
O Projeto, que começou em março deste ano, já atende 30 crianças e adolescentes, de 10 a 17 anos de idade, todos irmãos de crianças com deficiência, e filhos de mulheres acompanhadas pelo Projeto Colo Pra Mãe. Dessa forma, tem sido trabalhado o fortalecimento de vínculos familiares, já que pessoas com deficiência demandam mais atenção e cuidado dos pais ou responsáveis. Além disso, eles têm momentos de lazer no Centro Dia e encontram uma rede de apoio psicológico, a fim de lidar melhor com a depressão e outros problemas.
Conforme Edna Silva, Coordenadora da Pessoa Com Deficiência, a ideia surgiu pela percepção pessoal dela, enquanto mãe atípica, notando ainda a necessidade geral das mães em lidar com mais de um filho. “Por ser um problema coletivo nasceu o EI, dessa vontade de cuidar dos outros irmãos, com o principal objetivo de fortalecer o vínculo familiar, conseguindo trabalhar também a mente desses adolescentes, já que é um período mais complicado. Aqui a gente está formando cidadãos mais conscientes, irmãos mais amorosos, filhos mais compreensivos e uma família mais unida”, contou a coordenadora.
Juliete Martins, de 32 anos de idade, já é acompanhada pelo Colo Pra Mãe, e contou como tem sido a mudança que notou no filho após o EI. “Antes, ele tinha um comportamento mais agressivo e depois que está passando pela psicóloga, está compreendendo mais as coisas e obedecendo mais; até na escola está melhorando. Outra coisa é que, no início, na cabeça dele, o meu amor era só do irmão dele, que é autista, agora ele está entendendo que o amor é dividido entre os dois e que o outro só requer mais cuidado”, disse a mãe.
A adolescente A. C, de 12 anos, disse que está sendo acompanhada há três semanas e que poder contar com apoio de outras pessoas tem mudado a sua forma de pensar. “A experiência aqui tem sido muito legal, a gente pode desabafar as coisas que deixamos guardadas, porque tem coisas que a gente acha que as pessoas não vão resolver. Hoje vejo meu irmão com deficiência de outra forma, com outro olhar. É como se aqui a gente fosse abrir um cofre, mas entregamos a chave para outra pessoa fazer isso”, contou a adolescente.
A coordenadora Edna Silva ainda ressaltou que a expectativa é de que esse grupo de adolescentes também seja atendido com capacitações para inserção no mercado de trabalho. “Isso reforça o compromisso da gestão da Prefeitura Municipal de Campina Grande, da Semas e da Coordenação da Pessoa com Deficiência, porque entendemos que não devemos atender apenas pessoas com deficiência, mas todo seu círculo familiar, porque se trabalharmos toda a família, nós vamos ter pessoas com deficiência mais bem orientadas dentro das possibilidades trabalhadas e, finalmente, inseridas na sociedade”, concluiu a coordenadora.