Aumentou o número de mulheres em cargos de liderança no Brasil – é o que aponta a pesquisaInternational Business Report (IBR) – Women in Business, realizada pela Grant Thornton com mais de 4.995 empresas em 35 países. A pesquisa, realizada pelo 14º ano, será divulgada globalmente no dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, e aponta que 29% das empresas brasileiras possuem mulheres em cargos de liderança – crescimento de 10 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com este avanço, o Brasil fica acima da média global, que foi de 24% (queda de um ponto percentual) em relação levantamento de 2017. Outro destaque foi a queda de empresas que não possuem mulheres em cargos de liderança – 39%, sendo que em 2017 este indicador era de 53%. “Os dados deste ano comprovam que as companhias estão desenvolvendo a mentalidade de querer que mais mulheres liderem. Para que os indicadores cresçam ainda mais, as companhias precisam recrutar e treinar os talentos que provavelmente já estão presentes em suas próprias organizações”, comenta Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton.
O estudo aponta que a diversidade em todos os sentidos é boa para as empresas, pois incentiva diferentes modos de pensar e abre novas oportunidades de crescimento. Isso é particularmente relevante em um ambiente de negócios global em rápida mudança, uma vez que visões diferentes sobre o mesmo problema poderão ajudar as empresas a analisar e navegar melhor diante das incertezas. “A diversidade de pensamento traz um ganho expressivo ao resultado das empresas, agrega inovação e acelera a tomada de decisão. Empresas com alto nível de diversidade são corajosas, versáteis e lidam melhor com os riscos do negócio. Mas, além de possuir diversidade, é preciso engajar estes profissionais na estratégia da empresa, para que seja realmente efetivo”, Carolina de Oliveira, diretora de Marketing e Client Experience da Grant Thornton.
A América Latina apresentou a maior melhora no último ano, com a porcentagem de empresas com pelo menos uma mulher em administração sênior, passando de 52% em 2017 para 65% este ano, e a proporção de cargos seniores de mulheres passou de 20% para 30%. Por outro lado, a região é a que apresenta o menor número de empresas com pelo menos uma mulher na administração sênior (65%), enquanto a América do Norte tem a menor proporção de papéis seniores desempenhados por mulheres (21%). “O aumento significativo na porcentagem de empresas com pelo menos uma mulher em liderança sênior pode ser o resultado dos líderes empresariais se convencerem dos benefícios que uma equipe diversa pode trazer”, completa Madeleine.
Cenário global
Os indicadores globais apontam que houve aumento no número de empresas que possuem mulheres em quadros de liderança – 75% em 2018, 9 pontos percentuais a mais em relação aos 66% do ano passado. Por outro lado, a proporção de mulheres caiu um ponto percentual passando para 24%. A pesquisa revela que a introdução de políticas por si só não é suficiente para impulsionar os indicadores, para criar mudanças é necessária uma cultura de inclusão mais ampla.
As economias emergentes têm impulsionado a participação de mulheres em cargos de liderança, como a África (onde 89% das empresas têm pelo menos uma mulher na alta administração), a Europa Oriental (87%) e a América Latina (65% – incremento de 13 pontos percentuais). Houve ainda um aumento significativo nas regiões desenvolvidas, como a América do Norte (de 69% a 81%) e a União Europeia (UE de 64% a 73%).
O relatório destaca que, embora seja extremamente positivo que as mulheres estejam em papéis seniores em mais negócios, é decepcionante que eles estejam sendo tão mal distribuídos. Isso sugere que as empresas estão se concentrando em um progresso significativo e nos faz crer que não obterão os benefícios da verdadeira diversidade de gênero. Precisamos ir além da política e concentrar-nos no papel vital que a liderança e a cultura podem desempenhar na criação de um verdadeiro progresso no equilíbrio de gênero. Há evidências convincentes do vínculo entre a diversidade de gênero na liderança e sucesso comercial. A atual volatilidade da economia global e a inovação tecnológica em curso tornam a questão mais importante do que nunca”, conforme destacado no relatório.
As regiões com a maior proporção de papéis seniores desempenhados pelas mulheres são Europa Oriental (36%), América Latina e África (30%). Já as regiões com menor proporção de papéis seniores desempenhados pelas mulheres são: América do Norte (21%), APAC (23%) e União Europeia (27%).
Políticas empresariais
O relatório da Grant Thornton investiga o papel das políticas empresariais e governamentais na mudança. Os dados mostram que as políticas de igualdade de gênero são abundantes e generalizadas, com 81% das empresas adotando a igualdade de remuneração para homens e mulheres desempenhando os mesmos papéis e 71% implementando políticas de não discriminação para recrutamento. As medidas que apoiam os países que trabalham também são populares entre as empresas, incluindo a licença paternidade paga (59%), horário flexível (57%) e trabalho a tempo parcial (54%).
As empresas dizem que estão motivadas a introduzir políticas de igualdade de gênero principalmente para atrair e manter funcionários (65%) e para viver de acordo com os valores organizacionais (65%). Recrutamento e retenção são prioridades estratégicas para as empresas e a igualdade de gênero na liderança tornou-se um elemento central da marca da empresa. No entanto, as empresas dizem que as barreiras à introdução de políticas incluem a complexidade de traduzir boas intenções em prática (22%) e estereótipos sobre papéis de gênero (21%).
Seguem 10 recomendações da Grant Thornton para que as empresas alcancem a diversidade de gênero:
1- A liderança tem que acreditar na causa;
2- Faça da diversidade e inclusão um valor relevante;
3 – Estabeleça metas e métricas;
4- Faça o link entre performance e compensação;
5- Evite palavras sem atitutes reais;
6- Tenha coragem de não recrutar e promover apenas profissionais que pensem e se pareçam com você;.
7- Promova a mentoria ou patrocínio entre profissionais internamente;
8- Conheça os benefícios da diversidade;
9- Esteja confortável com o desconforto de falar sobre diversidade
10 – Compartilhe histórias.
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