A Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM), firmou, nesta quarta-feira (19), uma parceria com a Startup Intense GP para fortalecimento das ações em favor da campanha da dignidade menstrual. Na oportunidade, foi apresentado o software S.O.S, uma plataforma de apoio as iniciativas de atendimento as mulheres em situação de vulnerabilidade.
De acordo com a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de João Pessoa, Nena Martins, o objetivo dessa parceria é trazer visibilidade para o tema e, com isso, reunir itens de higiene menstrual que serão doados às mulheres em situação de vulnerabilidade. “A nossa ideia tem um caráter social e educativo, trazendo visibilidade ao tema e conscientizando a sociedade sobre o direito à dignidade menstrual. A pobreza menstrual provoca sofrimento e angústia em muitas mulheres que não têm o mínimo necessário para manter sua higiene íntima”, lembrou Nena Martins, acrescentando: “Preciso registrar que essa iniciativa conta com o carinho do prefeito Cícero Lucena e da primeira-dama Lauremília Lucena”.
A presidente da Startup Intense GP, Jeniffer Macena, salientou a situação de emergência que as mulheres pobres de todo o país enfrentam exige uma mobilização da sociedade civil e que a parceria com a Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria da Mulher, deverá produzir resultados bastante significativos.
“É uma honra para nós firmarmos essa parceria, no sentido de fortalecermos a nossa luta em defesa das mulheres pobres que gritam por ajuda diante da dor causada pela falta da dignidade menstrual, que é o direito ao absorvente. Buscamos contribuir não apenas com a arrecadação dos itens, que já ajudarão enormemente, mas também para a informação, para o debate e a conscientização de um assunto tão velado e que afasta da escola alguns adolescentes em situação de vulnerabilidade, aumentando ainda mais a desigualdade”, acrescentou Jennifer.
Estiveram presentes no evento representantes das prefeituras de Cabedelo, com a presença da secretária Camila Lucena, além dos municípios de Santa Rita, Conde e Bayeux, bem como do Instituto Cândida Vargas, do Fórum Mulheres de Negócio, ONGs Cuiá, Mulheres do Amanhã, Rede Feminina de Combate ao Câncer, Grupo Poderosas em Ação, Instituto IA de Incubação e Aceleração, Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ), Mulheres do Brasil e ARC Ações Solidárias.
Conscientização – Pobreza menstrual é considerada a falta de acesso a recursos e infraestrutura para manter uma boa higiene no período da menstruação. Ela não se limita à insuficiência econômica para a aquisição de absorventes, coletores ou calcinhas menstruais, mas também abrange a inexistência de condições básicas de higiene como saneamento e acesso à água, banheiros e sabonetes nas escolas e em casa. Além disso, a pobreza menstrual envolve a falta de conhecimento a respeito da menstruação, um acontecimento natural que ainda é considerado um tabu por grande parte da sociedade.
ONU – O direito à higiene menstrual está relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), contemplando saúde e bem-estar, bem como a igualdade de gênero (ODS nº 3 e 5). Entretanto, de acordo com estudo elaborado em 2021 pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 713 mil adolescentes vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio. Além disso, faltam a mais de 4 milhões de meninas e meninos trans itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.
Segundo estimativa da ONU, uma em cada 10 meninas faltam à escola durante a menstruação. No Brasil, o número aumenta para uma em cada quatro. A falta de acesso a absorventes apropriados e a utilização de substitutos como tecidos, papel e até miolo de pão podem causar infecções no trato urinário, nos rins e até lesões nos órgãos reprodutores femininos.