Nova edição do “DAPP Report – A Semana em Dados”, publicada nesta sexta-feira (02/03), mostra que as agendas temáticas ligadas aos atores políticos no Twitter restringiram-se, sobretudo, a dois eixos: a corrupção e a especulação eleitoral, com exceções ligadas à atuação direta de cada candidato em relação a um tema específico — por exemplo, no caso de Henrique Meirelles, a economia, e no de Jair Bolsonaro, segurança pública.
A análise mostra ainda que o suposto pagamento de propina a Jaques Wagner alavancou menções ao ex-governador da Bahia de 236 no dia 25 para 31.889 no dia 26. Com isso, o petista saltou para o quarto lugar em ranking de possíveis presidenciáveis com mais volume de menções na rede social, atrás apenas de Michel Temer, Lula e Bolsonaro. No entanto, o principal tema associado a Wagner é corrupção: 20,9 mil menções. Denúncias associadas ao PSDB também elevaram associação de Geraldo Alckmin a corrupção, que somou 5.867 menções ao tucano, um aumento de 116% em comparação com o registrado no DAPP Report anterior.
No debate no Facebook, os pré-candidatos Álvaro Dias e Manuela D’Ávila apresentam um desempenho significativamente superior aos demais atores políticos com exceção de Bolsonaro, que apresenta boa regularidade de interações na página pública na rede social, e Lula. Essa tendência pode indicar um potencial de crescimento do debate em torno de seus nomes nas próximas semanas e impactar as especulações acerca das candidaturas nos campos da direita (no caso de Dias) e da esquerda (no de Manuela).
A intervenção federal
Após um primeiro momento de forte repercussão política, que se estendia ao contexto eleitoral deste ano e ao impacto específico no governo federal, o debate sobre a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro deixa, em parte, a esfera administrativa para se deter sobre os aspectos pragmáticos da atuação de militares na segurança pública. Sem, no entanto, perder a relevância de volume e a ampla proeminência entre os tópicos de maior interesse da sociedade nas redes sociais: de 20 a 28 de fevereiro, a FGV DAPP identificou 712,4 mil postagens no Twitter sobre a intervenção federal, sobretudo associados a questionamentos sobre as primeiras iniciativas e resultados da presença das Forças Armadas.
Despontaram como agendas ao longo da semana distintos eixos temáticos: a proposta de expedição de mandados coletivos de busca e apreensão; o fichamento por soldados de moradores de comunidades; a revista empreendida nas mochilas de crianças pobres; e os custos financeiros decorrentes da intervenção. Todos operando, no âmbito das redes sociais, também como eixos de polarização entre defensores e opositores da cessão da segurança pública do Rio aos militares — polarização que se estende, assim como nos demais debates temáticos do Brasil, às agendas eleitorais de maior relevância. Os números são semelhantes aos encontrados na penúltima semana de fevereiro. De 20 a 28 de fevereiro,
o levantamento da FGV DAPP coletou 2,3 milhões de tuítes sobre segurança pública; ou seja, a temática da intervenção se fez presente em 30% da discussão.
O presidente Michel Temer aparece em 40 mil tuítes, número bastante inferior de participação ao verificado na semana anterior (102,2 mil menções). O general Walter Braga Netto é mencionado em apenas 5,7 mil publicações, e o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, em 15,6 mil postagens. Isso é demonstrativo do arrefecimento da presença de autoridades na condução principal das discussões sobre a intervenção.
Debate econômico
O debate econômico nos últimos sete dias foi pautado por quatro tônicas diferentes. A temática do desemprego, cujo volume é historicamente elevado, registrou um aumento no período em decorrência de discussões sobre preconceito, racismo e dificuldades para conseguir um emprego, fato motivado por virais divulgados na internet e por declarações de uma participante eliminada do reality show Big Brother Brasil.
As discussões sobre inflação tiveram forte apelo na semana sobretudo pelo anúncio de elevação do custo do frete pelos Correios e a implementação de uma taxa extra para o município do Rio de Janeiro devido aos problemas de roubo de carga. Esse fato foi responsável por uma discussão em torno da privatização da estatal.