A atleta cabedelense Maria Heloísa Tertulino Gomes vai protagonizar um feito inédito na história do paradesporto nordestino. Trata-se da 1ª luta de jiu-jitsu entre duas mulheres portadoras de deficiência, que ocorrerá durante a 1ª edição do Open Garra Norte/Nordeste de Jiu Jitsu e vai reunir atletas e para-atletas de vários estados da região.
A competição acontece no domingo (11). no Ginásio Esportivo Geraldo Magalhães (Geraldão), em Recife/PE, e, de acordo com a organização tem como missão incentivar a prática da “Arte Suave” na região, dar visibilidade ao esporte, fortalecer o jiu jitsu feminino e o parajiu-jitsu, via a promoção, além de chaves da categoria, a primeira luta de paraatletas femininas.
“A participação da nossa atleta Heloísa é de fundamental importância para o desporto do nosso município, que vem se destacando (nesse setor), por meio do incentivo a prática e o apoio para participação em competições. Também vem mostrar o compromisso da gestão e a empatia que lhe é peculiar a atletas de todos os níveis, sejam atletas olímpicos ou paraolímpicos. Esse é um pontapé inicial para que mais iniciativas como essa venham a acontecer no município e que sirva de exemplo para outros esportes. Queremos parabenizar a atleta assim como seu técnico e reiterar mais uma vez que as portas da secretaria estão abertas para todos os atletas do nosso municipio”, comentou o secretário adjunto de Esportes, Junior Datele.
Maria Heloísa, 39, que é portadora de transtorno do espectro autista (TEA) e limitações mentais, vem treinando com o professor Rômulo Martins desde o começo do ano, em projeto desenvolvido pela Sejel. Ela falou sobre sua experiência com o jiu-jitsu e as expectativas para a luta.
“Agradeço muito ao professor Rômulo, que é uma benção em minha vida. Vou fazer de tudo para trazer essa medalha para a cidade de Cabedelo. Quero ser um exemplo para as meninas com deficiência, para que elas saiam de casa e acreditem em sua força. Nós podemos, sim, participar de treinos e de competições”, declarou Heloisa.
O ineditismo da luta, de acordo com Rômulo Martins, treinador da atleta, é a nível Nordeste, uma vez que no sul e sudeste do país já acontecem lutas entre mulheres com deficiência.
“Essa luta é um marco tanto para Heloísa, para mim, para a cidade e, assim como a todo nordeste. É um evento que jamais aconteceu: uma luta feminina de duas mulheres com deficiência, até porque é muito difícil encontrar uma mulher com deficiência que queira treinar Jiu Jitsu. Ela é fruto de um trabalho que já vímos desenvolvendo há seis, sete anos na Vila Olímpica, em João Pessoa e, agora, em Cabedelo, com o apoio da PMC e da Sejel”, comentou Rômulo.
Terezinha Sales Gomes, mãe de Heloísa, falou de sua relação com a filha e destacou a luta que teve para criá-la e o orgulho de vê-la superando as limitações.
“Minha relação com a Heloísa como mãe é de muito amor e carinho e muito orgulho. Minha filha veio andar com 16 anos, mas eu com todo tratamento, com toda luta, estou vendo minha artista sendo atleta, participando, aprendendo, sendo reconhecida e, até mesmo, representando a cidade. É um orgulho e eu estou muito feliz por isso”, comentou.
Aulas Gratuitas – A Prefeitura de Cabedelo, por meio da Secretaria de Esportes e Juventude (Sejel) oferece aulas gratuitas de Jiu-Jitsu Paradesportivo ou Parajiu-Jitsu, esporte exclusivamente voltado para pessoas com deficiência.
A iniciativa se baseia principalmente na intenção da gestão municipal em transformar Cabedelo, cada vez mais, em uma cidade acessível. Para isso, a realização de obras e a promoção de ações envolvendo inclusão e acessibilidade em diversos aspectos têm se tornado uma constante na cidade.
O professor responsável pelas aulas, Rômulo Martins, é formado em Jiu-Jitsu convencional pela Gracie Barra Brazilian Jiu-jitsu e em Jiu-Jitsu Paradesportivo pela Federação Brasileira de Jiu-Jitsu Paradesportivo (FBJJP). Rômulo nasceu com paralisia cerebral e teve os movimentos dos membros superiores e inferiores, além da fala, comprometidos. Mas, ainda assim, tornou-se o número um no ranking mundial de para jiu-jitsu. Ele realiza trabalhos voluntários desde 2017 no City Park Valentina, em João Pessoa e, agora, sua missão foi abraçada pela gestão municipal de Cabedelo.
“Cabedelo, de acordo com dados do IBGE, possui quase 19 mil pessoas com deficiência e a importância desse nosso trabalho em conjunto é atrair o olhar para esse segmento, promover a inclusão por meio do paraesporte. A luta de Heloísa, como já dissemos, é um marco e fruto de um trabalho dirigido a esse objetivo. Se ela voltar campeã, é preciso dar visibilidade e destacar o fato: o paradesporto de Cabedelo tem sua primeira campeã. Além d