Prefeitos paraibanos defendem mobilizações, como a Marcha a Brasília, para enfrentar a crise financeira durante o ano de 2018. Eles defendem, inclusive, uma atuação eficaz no combate à corrupção e contra desvios de recursos públicos em suas administrações.
O prefeito de São José de Piranhas, Chico Mendes (PSB), relatou que seu município é afetado, assim como todos os outros, pela crise que assola o país, que é resultado da crise política, gerada pelos escândalos de corrupção, como os revelados pela Operação Lava Jato e o Mensalão, informa reportagem da jornalista Adriana Rodrigues, do Jornal Correio da Paraíba.
Segundo ele, são três anos de crise, sem a perspectiva de amenizar a situação financeira da maioria das prefeituras, que sobrevive exclusivamente dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (PFM).
“Meu município é afetado de igual forma pela crise. Agora, cada pessoa tem consciência do seu tamanho, do que você tem para gastar, e você só pode gastar o que arrecada. Isso vale para família da gente e também vale para gestão pública”, comentou.
De acordo com Chico Mendes, o caminho para enfrentar a crise, é não gastar mais do que arrecada. “Se você tem um orçamento de R$ 3 milhões por mês, você só pode gastar até R$ 2,9 milhões. Nunca mais. Além disso, ter capacidade de otimizar processos, cortar nomeações, não atender a classe política, como geralmente se atende”, revelou.
O prefeito disse ainda, que outra coisa que deve ser cortada pela raiz, como medida emergencial para contenção de gastos e para enfrentar a crise, é a redução de cargos comissionados e extinção dos chamados contratos de prestações de serviços. “Essas medidas acabam gerando insatisfação junto à classe política, mas o gestor economiza”, comentou.
Segundo ele, se os gestores agirem assim, as pesssoas de seus municípios saberão que ele age desta forma e, evidentemente, terão receio e medo também de não comungar ou participar de atos de corrupção e seguirá zelando pela coisa pública.
Realidade
Chico Mendes disse que os gestores devem ter habilidade para administrar dentro da nova ordem social.
População precisa conhecer
Para o prefeito de Caiçara, Hugo Alves, que mesmo diante da crise permanece com os pagamentos em dia, é preciso mostrar para a população as dificuldades que são enfrentadas.
“Nós conseguimos pagar a folha, INSS, 13°, mas a gente tem pendência de fornecedores. Há um desequilíbrio que não é diferente em 70% dos municípios. Nós estamos reunidos porque mais de 70% dos municípios da Paraíba terminaram o ano de 2017 com dívidas”, disse Hugo.
Segundo ele, é um número elevado e os gestores precisam transmitir isso para a população: os motivos dos municípios estarem em situação tão difícil.
Despesas são maiores que as receitas
O prefeito de Itabaiana, Lucio Flávio da Costa (PSB), disse que a situação de seu município não difere muito da dos que participaram da reunião, porque está com as despesas maiores do que as receitas. Segundo ele, tudo isso é resultado da crise.
“É uma situação muito difícil. Estamos procurando ajuda junto ao Governo Federal e procurado, junto com a nossa categoria, buscar medidas para melhorar nossa receita própria para que possamos enfrentar essa crise, que uma das maiores já passadas por todos os municípios”, declarou.
Nas mobilizações do movimento municipalista no Estado, comandada pela Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), dentre as reivindicações para este ano estão a aprovação de uma Medida Provisória (MP) que garantirá uma ajuda financeira de R$ 2 bilhões aos municípios, que deve ser liberada em março.