Cerca de 600 estudantes da Rede Estadual de Ensino estiveram no Centro de Convenções de João Pessoa participando da oitava edição da Expotec, realizada entre os dias 23 e 25 de novembro. Com o tema “Internet livre, neutra e global: Tecnologia, Negócios, Educação, Robótica e Comunidades”, a maior feira de tecnologia da região Nordeste recebeu alunos que participam de equipes de dois programas que unem ciência, empreendedorismo e juventude nas escolas estaduais paraibanas: o Ouse Criar e o Programa Celso Furtado, ambos da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia. Além deles, o evento teve estandes dedicados a outros projetos e instituições do Governo do Estado, como a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) e o radiotelescópio Bingo, todos mostrando suas novidades e ações.
“O Governo do Estado está presente mostrando o que tem feito nessa área, o que tem desenvolvido para o apoio da ciência e tecnologia no estado” ”, disse Cláudio Furtado, secretário de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia. “Isso não só no apoio na organização do evento, mas também na participação direta: tanto na exposição quanto na participação intensa dos nossos estudantes”.
“Esta edição está sendo marcada por uma presença muito forte da juventude”, concorda Rubens Freire, secretário executivo estadual de Ciência e Tecnologia. “Estudantes do nosso Ensino Médio estão passando três dias aqui nesse ambiente que é de extrema importância no processo de formação. Os jovens que estão passando por aqui não esquecerão esses dias”.
O Ouse Criar movimentou as três fases do programa, cada uma relacionada a cada série do Ensino Médio, onde os alunos vão cumprindo etapas a fim de, no final, estarem com uma startup formada. Os alunos da fase 1 disputaram um hackathon, uma maratona de inovação, voltado para a parte de protótipos. “Os estudantes já vieram de seletivas regionais, onde eles trabalham a ideação, a parte toda teórica”, explica Giovania Lira, coordenadora do Ouse Criar.
Em uma grande sala de 271m2, 100 equipes, formadas cada uma por cinco estudantes e um professor, competiram para entregar as soluções mais efetivas para o desafio escolhido, tendo à disposição acesso à internet, data show, microfone, notebook e passador de slides, mas também post-its, canetas, pincel, adesivos, fita adesiva dupla face, papel A4, peças de Lego, storyboard, massa de modelar, tesoura, elásticos, cola e outros materiais para prototipagem. Foi a “final” do primeiro ano do programa: das 100, apenas 37 equipes seguem para a fase 2 do Ouse Criar em 2023. As três primeiras colocadas pulam direto para a fase 3.
A equipe Sapiens – Biocup conquistou o primeiro lugar. Ela é da ECIT Francisca Martiniano da Rocha, de Lagoa Seca. O segundo lugar ficou com a equipe Kangae, da ECIT João Pereira Gomes Filho, de João Pessoa. Em 3º lugar, a equipe Max10, da ECIT Professor Anésio Leão, de Campina Grande. “A gente passou horas e horas sem dormir. Foi louco”, disse Victor Silva, integrante da equipe vencedora. “Mas a gente não deixou a peteca cair e conseguiu”.
Alunos da fase 2 aproveitaram palestras e workshops que a própria Expotec ofereceu sobre empreendorismo, inovação, startups. As equipes da fase 3, que já estão com empresas pré-incubadas no Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, participaram de rodadas de negócios, conversas com investidores e também participaram de palestras.
O Programa Celso Furtado, por sua vez, manteve um estande no qual os projetos de suas equipes de estudantes puderam ser apresentados ao público que compareceu ao evento. “A gente pôde dar oportunidade para nossas 15 equipes bolsistas do Programa Celso Furtado poderem expor os projetos que estão desenvolvendo durante todo esse ano de implementação, correção, revisão e estudo mesmo”, conta Luiza Iolanda Cortez, coordenadora do programa. “Para eles, vem uma sensação de visibilidade e de realização muito importante, porque o público está tendo acesso ao que eles estão desenvolvendo e percebendo a preocupação social que existe em cada um esses projetos”.
Além disso, a experiência em si é marcante, incluindo para muitos uma longa viagem e um mergulho num ambiente que respira ciência e tecnologia. “É sempre muito empolgante para eles, porque viajam, ficam em hotéis, só estar aqui já é uma grande aventura”, ressalta Giovania Lira. “Na arena, onde estão competindo, tudo fica ainda mais empolgante”.
Fapesq premiou redações
O último dia da Expotec também contou com a premiação do Concurso de Redação da Fapesq, cujo tema foi “Bicentenário da Independência: 200 anos de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, que também foi o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia deste ano. 28 alunos da rede pública de ensino foram premiados: cada Regional teve estudantes premiados em 1º e em 2º lugar. O 1° lugar recebe o valor total de R$ 800,00 dividido em duas bolsas de R$ 400,00 e o 2° lugar recebe o valor total R$ 400,00 em uma única bolsa.
“Abordei os feitos que ocorreram antigamente em nosso país e alguns atuais também. O resultado foi muito surpreendente, não dava muita coisa para a minha redação. Fiz em apenas uma hora e dez”, disse Ana Beatriz Silva Costa, aluna do 3º ano da ECI Orlando Venâncio dos Santos, de Cuité, que ficou com o primeiro lugar da 4ª GRE. “Treino redação desde o primeiro ano, para o Enem, mas fui pegando o gosto e toda semana faço uma redação”.
Hub Farol Digital foi lançado
A Expotec foi palco, na quinta, de um primeiro encontro para a formação do hub Farol Digital. Um encontro entre empreendedores, órgãos como a Fapesq-PB, o Sebrae e universidades, num esforço conjunto em prol da inovação no mercado paraibano. “O hub é um movimento em que a gente conseguiu conectar vários atores que atuam com inovação aqui em João Pessoa. A ideia é justamente que a gente possa estar integrando todas as ações que cada ator realiza e colocar disponível para os empreendedores”, explica Rafaella Catão, analista do Sebrae-PB. “Então, quem quer empreender na área de inovação aqui em João Pessoa, o que é que ele vai procurar? Procura o hub. No hub, ele vai encontrar quem são os atores, o que é que eles estão desenvolvendo, e que a gente possa através dele criar mais soluções de acordo com as necessidades desses empreendedores”.
“O Farol Digital é um movimento horizontal que envolve todos os parceiros preocupados com a inovação no estado da Paraíba: empresas privadas, órgãos governamentais, órgãos educacionais”, diz Roberto Germano, presidente da Fapesq-PB, que apresentou os programas Centelha e Tecnova, que incentiva e orienta startups em estágios diferentes. “É um movimento onde todos esses organismos participam no sentido de animar e estruturar esse processo de inovação e para que haja diálogo entre essas políticas e como cada instituição pode contribuir com o desenvolvimento tecnológico do estado”.
Para ele, esse diálogo é fundamental. “Porque às vezes você tem ações que são superpostas ou que podem ser potencializadas a partir da junção de esforços”, diz.
“O encontro é positivo, porque cria um ambiente social que deve ter uma ação de pressão sobre os governos”, pondera Rubens Freire. “Não há como fazer desenvovimento regional sem uma presença forte do Estado. É uma iniciativa importante, mas ela precisa ter outros ingredientes. A gente precisa começar a desenvolver programas e projhetos estratégicos, de média e longa duração. Seria importante que esse ambiente pautasse isso”.
O Farol Digital será lançado oficialmente dia 12, em uma solenidade no Farol do Cabo Branco, às 16h, mas já está funcionando. “A gente já está promovendo encontros. Este foi o primeiro oficialmente, com o hub instituído”, conclui Rafaella Catão.
Bingo foi apresentado ao público
O radiotelescópio Bingo, que está em processo de instalação no município de Aguiar e que será o maior do gênero na América Latina, esteve presente na Expotec com um estande e uma palestra. “O Bingo também tem essa pegada de divulgação científica”, disse Amilcar Queiroz, um dos coordenadores do projeto na Paraíba. “A ideia é que o Bingo seja um farol para abarcar e conversar com outros atores da tecnologia”.
“Outro motivo é que o projeto Bingo é do Estado da Paraíba”, continua. “O Estado tem apoiado financeiramente e de outras formas o projeto e o Bingo está atendendo ao chamado da Secretaria de Educação e da Ciência e Tecnologia para a divulgação da ciência. Mostrar que o projeto é da população. A gente precisa dar subsídio pra essas pessoas falarem, entenderem e saberem por que estamos colocando esse objeto aqui”.
Em 10 de novembro, foi assinado o contrato com a CETC 54. “Essa empresa chinesa já tem uma peculiaridade: ela foi a empresa que construiu o maior radiotelescópio atual, na China”, conta o cientista. “E eles vão fazer o espelho e as torres, com um projeto nosso“. Ele conta que esse contrato de compra é só o começo de uma parceria maior. “Universidades chinesas de ponta querem fazer parte do Bingo. Estamos trabalhando nesses convênios”.
A 8ª Expotec é realizada pela Associação Nacional para a Inclusão Digital (Anid Brasil) e pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria da Educação e da Ciência e Tecnologia, com o apoio do Núcleo de Informação e Controle do Ponto BR (NIC.br) e do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).
Confira imagens: