A doação do valor de R$ 1,5 milhão feita pelo empresário Rubens Ometto Silveira Mello ao diretório estadual do Partido Progressistas (PP) na Paraíba, foi assunto de uma matéria publicada pela Folha.
Isso porque, de acordo com as informações divulgadas, quase 70% do valor total da dita doação feita ao diretório paraibano teria sido repassada para a campanha do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) que, por sua vez, tenta a reeleição no pleito do próximo dia 02 de outubro.
Ainda segundo a matéria, a dita doação para o diretório da Paraíba do PP (R$ 1,5 milhão) e uma outra feita ao diretório nacional do PSD (R$ 2 milhões) seriam as principais doações de Ometto neste pleito que, até o momento, teria doado um total de R$ 5,75 milhões a 25 candidatos e partidos.
O empresário, pela terceira eleição consecutiva, figura como o principal doador individual de partidos e candidatos.
Confira a íntegra da matéria clicando aqui ou logo abaixo:
“Controlador da Cosan lidera ranking de doação a candidatos pela 3ª campanha seguida
Rubens Ometto destinou até agora R$ 5,75 milhões a 25 concorrentes e partidos; PP repassou R$ 1 mi a Bolsonaro
Pela terceira eleição consecutiva, o empresário Rubens Ometto figura como o principal doador individual de partidos e candidatos. Presidente do conselho de administração da gigante de energia, açúcar e álcool Cosan, Ometto destinou até agora R$ 5,75 milhões a 25 candidatos e partidos.
O empresário doou recursos a concorrentes de vários partidos, incluindo o PT, mas os valores mais expressivos foram para políticos de centro e de direita que compõem o arco de alianças de Jair Bolsonaro (PL).
A principal doação feita por Ometto a um candidato, R$ 200 mil, foi direcionada para Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro ao Governo de São Paulo.
O empresário financiou ainda, com valores menores, outros três ex-ministros de Bolsonaro: Onyx Lorenzoni (PL-RS), Tereza Cristina (PP-MS) e Ricardo Salles (PL-SP).
As principais doações de Ometto foram para o diretório nacional do PSD (R$ 2 milhões) e para o diretório da Paraíba do PP (R$ 1,5 milhão). Parte dessa última contribuição foi repassada pelo PP à campanha de Bolsonaro (R$ 1 milhão).
O candidato do PT financiado pelo empresário é o deputado federal Carlos Zarattini (SP), com R$ 100 mil.
Ometto lidera o ranking de doações privadas a partidos e candidatos desde o pleito de 2018, quando doou R$ 7,5 milhões. Nas eleições municipais de 2020, ele também figurou no topo, com repasses de R$ 2,6 milhões (os valores não foram corrigidos).
Por meio de sua assessoria, a Cosan afirmou que “as doações eleitorais feitas por Rubens Ometto Silveira Mello são realizadas em caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas aplicáveis”.
Terminou nesta terça-feira (13) o prazo para que candidatos e partidos apresentassem à Justiça Eleitoral a prestação de contas parcial da campanha, com a discriminação de todas as suas receitas e despesas até o momento.
Ao todo, 16 empresários aparecem como tendo feito doações individuais de mais de R$ 1 milhão.
Atrás de Ometto, está Alexandre Grendene, que com o irmão Pedro liderou o ranking de doações em 2016.
Agora, as doações de Grendene somam R$ 3,6 milhões para cinco candidatos, em especial Roberto Argenta (PSC), que disputa o Governo do Rio Grande do Sul, e os candidatos do PT ao governo (Elmano de Freitas) e ao Senado (Camilo Santana) no Ceará, além de Capitão Wagner (União Brasil), que também disputa o Governo do Ceará.
A Folha não conseguiu falar com Grendene nesta quarta-feira.
O terceiro no ranking é José Salim Mattar Jr., fundador da empresa de aluguel de veículos Localiza, ex-secretário de Desestatização do governo Jair Bolsonaro e que também figura na lista dos principais doadores de campanha desde 2016.
Salim direcionou até agora R$ 3,2 milhões a 29 candidatos, em especial do partido Novo e do PL, como Ricardo Salles.
Em nota, o empresário afirmou que “o estado é gigantesco, pesado, burocrático, lento e oneroso” e que é necessário fazer uma transformação do Brasil “que hoje é fruto das políticas sociais-democratas e de esquerda que deixaram como legado um país com enorme pobreza e com grupos de interesse privilegiados”.
“Salim Mattar não é afiliado a nenhum partido, mas está apoiando predominantemente, mas não exclusivamente, candidatos a governador, senador, deputado federal e deputado estadual pelo partido Novo, de cujos valores liberais compartilha e que renunciou ao uso de verba do fundo eleitoral”, acrescentou, ressaltando que escolheu aqueles engajados às ideias liberais.
As campanhas políticas no Brasil eram financiadas majoritariamente por empreiteiras, bancos e outras grandes empresas até o ano de 2014, quando o gasto declarado pelos candidatos ficou em torno de R$ 5 bilhões (valor da época), com cerca de 60% saídos dos cofres de empresas como JBS, Odebrecht e Bradesco.
Apesar da decisão, há brechas que possibilitam a participação legal de empresas nas campanhas.
Primeiro, o limite de doação de pessoas físicas atrelado aos rendimentos do doador (10%), o que permite cidadãos com altos ganhos direcionarem volumes consideráveis para as campanhas.
Além disso, executivos de uma mesma empresa podem fazer doações em conjunto, o que foi verificado nas eleições desde então. Há ainda o financiamento ilegal, o chamado caixa dois, que é a injeção de dinheiro na campanha sem conhecimento da Justiça Eleitoral.
Em 2017, o Congresso criou o fundão eleitoral, que começou distribuindo R$ 1 7 bilhão em 2018 e, atualmente, saltou para R$ 5 bilhões, tornando os cofres públicos a principal fonte de financiamento das campanhas.
Até o momento, as doações privadas às campanhas somam R$ 312 milhões, valor puxado por executivos de grandes e médias empresas. Em 2018, o valor privado (não corrigido) em toda a campanha foi de R$ 561 milhões.”