O aniversário dos 437 anos de fundação da cidade de João Pessoa, comemorado em 5 de agosto, será celebrado na noite deste sábado (6), pela Orquestra Sinfônica da Paraíba, com um concerto especial que terá a participação de Cátia de França e um repertório de músicas da cantora e compositora paraibana e de outros autores brasileiros, a exemplo de Genival Macedo, Camargo Guarnieri e Emanuel Barros. O concerto será às 20h, na Praça do Povo do Espaço Cultural, com regência do maestro titular da OSPB, Luiz Carlos Durier.
O ingresso é gratuito, mas as pessoas interessadas em ver de perto essa homenagem especial a João Pessoa podem participar da campanha em benefício de instituições carentes levando 1kg de alimento não perecível. Este concerto, o 5º da temporada oficial 2022 da OSPB, faz parte da programação comemorativa ao aniversário da Capital realizada pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), que inclui a Feirinha Cultural Espaço Criativo, a partir das 18h, onde o público vai encontrar artesanato, brechó, gastronomia e variedades.
As músicas de Cátia de França que serão executadas são Kukukaya, Ponta dos Seixas, Coito das Araras, Vinte Palavras, Geração, Estilhaço, Não Marque as Horas, Panorama e Minha Vida é uma Rede, todas com arranjo e orquestração do trompetista paraibano Emanuel Barros, autor de “Fantasia Gonzaguística”, música que vai abrir o concerto.
Também estão no repertório as músicas “Dança Brasileira”, do paulista Camargo Guarnieri, e “Meu Sublime Torrão”, considerado o hino da cidade de João Pessoa, composta pelo paraibano Genival Macedo, com arranjo e orquestração do Maestro Duda. Nesta apresentação, a orquestra terá a participação dos músicos convidados Léo Torres, na guitarra, Daniel Cahon, no baixo elétrico, e Cristiano Oliveira, na viola caipira.
O maestro Luiz Carlos Durier explicou que a escolha de Cátia de França para ser homenageada com esse concerto especial foi pelo que ela representa para a música popular brasileira e para o nosso estado. “As músicas foram sugeridas pela cantora e sua produção. São as mais significativas e conhecidas do público em geral, que poderá cantar e interagir conosco”, destacou.
Durier ressaltou ainda a importância da participação dos músicos convidados para a apresentação. “Os arranjos, que são de estilo popular, necessitam de uma banda, com guitarra, baixo elétrico e bateria. Então, teremos excelentes músicos colaborando artisticamente no concerto: Léo Torres na guitarra, Daniel Cahon no baixo e Cristiano Oliveira, viola caipira. Glauco Andrezza estará na bateria, o que é fundamental na condução rítmica. Junto com a OSPB, teremos Cátia de França, a estrela convidada”.
A homenageada
Cátia de França é uma das maiores representantes da música paraibana. Nascida em João Pessoa em 1947, é cantora, compositora, instrumentista e escritora. Seu interesse pela música começou muito cedo, aos quatro anos, quando começou a estudar piano, deixando o instrumento aos 15, quando ingressa num colégio interno em Pernambuco. Passa a tocar violão, envereda pela música popular e também aprende flauta, sanfona e percussão.
No final dos anos 1960, viaja pela Europa integrando o grupo folclórico da Fundação Artístico-Cultural Manuel Bandeira. Em Recife, conhece o dramaturgo e artista brincante Antônio Nóbrega, começa a estudar teatro e passa a assinar trilhas sonoras e conduzir a sonoplastia de vários espetáculos.
Da capital pernambucana, Cátia parte para o Rio de Janeiro e se aproxima do dramaturgo Luiz Mendonça, renomado artista da geração de autores e diretores que, nos anos 1970, defendeu um teatro de temática ligada à realidade do povo brasileiro. Colaborando com a companhia de Mendonça, Cátia faz uma imersão, entre 1974 e 1976, na cena teatral do eixo Rio/SP.
Como instrumentista, sonoplasta e diretora musical, deixou sua marca em espetáculos teatrais consagrados pelo público e pela crítica, como “Lampião no Inferno” e “Canção do Fogo”, escritos por Jairo Lima, e “Viva o Cordão Encarnado”, de Luiz Marinho, e também em filmes, colaborando com a trilha sonora de “Cristais de Sangue”, de Luna Alkalay, e “Paraíba, Mulher Macho”, de Tizuka Yamasaki. Nesse período, foi integrante das bandas de Zé Ramalho, Amelinha e Sivuca.
Em 1979, Cátia de França gravou o seu primeiro trabalho, “20 Palavras ao Redor do Sol”, que conta com a participação de Sivuca, Dominguinhos, Sérgio Boré, Chico Batera, Lulu Santos e Bezerra da Silva. O disco inclui composições de sua autoria, como “Coito das Araras” e “Kukukaya”, e poemas de João Cabral de Melo Neto, musicados por ela. No ano seguinte, lança o álbum “Estilhaços”. Em 1982, participa do Projeto Pixinguinha, ao lado de Jackson do Pandeiro e Anastácia, e apresenta-se na série Seis e Meia, com Teca Calazans, ambos promovidos pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).
Em 1985 lança o LP “Feliz Demais” e em 1986 grava o LP “Olinda”, com participação da Banda Azymuth. Em 1990, fixa residência na Paraíba, onde integra a ONG e o Projeto Malagueta, que divulga o acervo cultural da Paraíba. Em 1998 lança o CD “Avatar”. Na sua trajetória, há ainda a publicação de cordéis e livros infantojuvenis, entre os quais, “A Peleja de Lampião Contra a Fibra Ótica”, “Saga de Zumbi” e “Falando da Natureza Naturalmente”.
Em 2005, grava o CD “Cátia de França Canta Pedro Osmar”, interpretando músicas do cantor, compositor e instrumentista paraibano. Em 2012, lança o CD independente “No Bagaço da Cana/um Brasil Adormecido”, inspirado em textos de José Lins do Rego, com a Camerata Arte Mulher, formada por musicistas eruditas da Paraíba.
Em 2016, Cátia de França apresenta o CD “Hóspede da Natureza”, inspirado na obra do escritor Henry David Thoreau (1817-1862) e com uma musicalidade que transita do reggae ao blues, passando por bossa-nova, rock e bumba meu boi. O CD tem 14 músicas autorais, que versam sobre a relação entre o homem e a natureza, tudo envolto pela literatura e gêneros musicais.
Em 2018 estreia seu novo projeto musical “Mamelucas”, onde divide o palco com Déa Trancoso e Consuelo de Paula. Apresentam-se, desde então, em diferentes locais, como Sesc Pompeia, Casa Natura Musical, Sesc Bauru e Sesc Campinas. A convite do Sesc Brasil, Cátia, Ceumar e Déa Trancoso circulam o país pelo projeto Sonora Brasil, com o espetáculo “Líricas Transcendentes”. A turnê de dois anos é interrompida pela pandemia de Covid-19, porém o trio realiza 47 shows nas regiões sudeste, sul e centro-oeste.
O regente
O maestro Luiz Carlos Durier, paraibano de João Pessoa, é o regente titular da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba há 25 anos. Seu trabalho direcionado para jovens músicos em formação tem reconhecimento em todo o Brasil. Sob sua batuta, já se tornou tradição a Jovem apresentar estreias mundiais com excelente qualidade técnica e artística. Em setembro de 2013, Durier foi nomeado diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Na UFPB, concluiu o ensino superior de música nos cursos de Licenciatura e Bacharelado. Desde que chegou à Escola Estadual de Música Anthenor Navarro (EEMAN), em 1991, lidera atividades de educação musical ensinando: Musicalização, Viola e Música de Câmara e Regência. Como professor de regência participou das Semanas da Música na UFRN e IF Sertão – PE e como regente da Orquestra de Cordas da 29ª e 30ª Oficina de Música de Curitiba.
Na condição de regente convidado, Durier conduziu a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, Orquestra Sinfônica do Estado de Sergipe, Orquestra Sinfônica da UFRN, Orquestra Criança Cidadã do Recife, Orquestra do Estado do Mato Grosso e Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB), dentre outras.
Na sua formação como regente, foi aluno de Wolfgang Groth, Nelson Nuremberg, Guilhermo Scarabino e o maestro Osvaldo Ferreira. Participou de Master Class com os maestros Kurt Masur e Dante Anzolini. Ainda teve como mestres o maestro José Siqueira, José Alberto Kaplan, Iara Bernette, Violeta de Gainza, Guilhermo Campos e Horácio Schafer.
O maestro Durier conduziu a OSPB na gravação ao vivo do CD da cantora Marinês e sua Gente, e ainda do DVD Sivuca e os Músicos Paraibanos. Na sua trajetória, regeu apresentações de artistas populares com a Orquestra Sinfônica da Paraíba e Orquestra Jovem, a exemplo de Ângela Rô Rô, Arnaldo Antunes, Tico Santa Cruz e Renato Rocha (Detonautas), Flávio José, Genival Lacerda, Alcione, Toninho Ferragutti, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Zélia Duncan, Zé Ramalho, Cátia de França, Nathalia Bellar e Chico César, sempre com grande sucesso de público e crítica.
No ano de 2012, o maestro Durier recebeu a Comenda de Honra ao Mérito do Rotary Internacional, pelo brilhante desempenho profissional frente a Orquestra Sinfônica da Paraíba.
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