Nos acompanhe

Brasil

‘Processo penal não é um processo político’

Publicado

em

“De início, é indispensável discorrer sobre o que esse processo penal não é. Esse processo penal não é um processo político e esse julgamento não é um julgamento de exceção.”

O aviso é do procurador regional da República Maurício Gotardo Gerum, que faz a sustentação oral destacando o posicionamento do Ministério Público Federal nesta quarta-feira, 24, no julgamento da apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Porto Alegre, no caso do triplex no Guarujá (SP), em que o petista foi condenado por Moro a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, segundo revela o Blog do Fausto Macedo, do Estadão.

Gerum, um dos integrantes do MPF em julgamentos de segunda instância, é o representante da Lava Jato diante dos três desembargadores federais da 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª .Região (TRF-4).

O procurador defende o aumento da pena de prisão do petista e argumenta que ele cometeu três crimes de corrupção passiva na Petrobrás em vez de um, como sentenciou Moro, em 12 de julho de 2017.

“Não estão em discussão neste processo, ademais, os avanços que o povo brasileiro teve ao longo dos anos de Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. O que será analisado será tão-somente o conjunto probatório e sua adequação típica”, escreveu Gerum, em parecer de 81 páginas do dia 6 de outubro de 2017.

Politizar. Avesso à entrevistas, Gerum não falou antes do julgamento com nenhum órgão de imprensa, mas deixou claro em seu parecer ao TRF-4 que não é indiferente ao peso da figura histórica em julgamento nem à postura da defesa de Lula de politizar o processo. O petista tem se declarado publicamente vítima de uma “guerra jurídica”, em que acusar ser perseguido politicamente nos processos da Lava Jato.

“É inadmissível que, especialmente, um ex-presidente da República ponha em dúvida as instituições que dão lastro à nossa democracia.”

No parecer de 81 páginas em que acolheu parcialmente o recurso dos procuradores de Curitiba – autores oficiais do recurso pelo MPF – , Gerum negou os pedidos do recurso de Lula de absolvição, rechaçou argumentos de nulidade processual e acolheu uma redução nos dias-multa da pena de corrupção.

Também deu parecer contrário ao pedido dos procuradores da força-tarefa da primeira instância que queriam que TRF-4 revisasse a absolvição do ex-presidente dos crimes de corrupção e lavagem no caso do custeio do armazenamento dos bens presidenciais.

Críticas. O procurador fez duras críticas ao ataque às instituições que ele nas sustentações públicas e nos processos do ex-presidente e sua defesa de perseguição política na Justiça.

“A plêiade de agentes do Estado envolvida, desde os agentes da Polícia Federal até os membros do Ministério Público e do Judiciário, tem formação técnica, assumiram seus cargos dentro de processos legítimos de recrutamento, sem qualquer vínculo com governos ou partidos políticos, e atuam segundo seus conhecimentos e sua consciência de Justiça”, escreveu Gerum em seu aviso sobre o que “não é o processo penal”.

“As decisões de primeiro grau são revistas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, podendo ainda ser discutidas perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. É lamentável que, no afã de se evitar uma condenação penal, recorra-se a um discurso que põe em dúvida, inclusive no âmbito internacional, a credibilidade da Justiça no Brasil e de nossas instituições como estratégia defensiva.”

O procurador, um dos que cuidam dos processos da Lava Jato na Procuradoria Regional da República da 4ª Região (PRR-4), lembra de presos políticos que “nunca tiveram direito à defesa” e ataca quem “esquece sua história” para “preservar um projeto pessoal”.

“Para se preservar um projeto pessoal, esquece-se sua história e se viola a memória de tantos e tantos presos políticos que perderam sua liberdade, e alguns até a própria vida, pelo simples pensar diferente. Apenas para citar alguns, Henfil, Herzog, Gil e Caetano, e no âmbito internacional, Garcia Lorca, Mandela, Gandhi, entre tantos outros que sofreram simplesmente porque dissentiam do governo, não merecem essa comparação. Eles nunca tiveram direito a defesa, não havia acusadores nem julgadores que pudessem assim ser chamados, mas funcionários burocratas que apenas cumpriam ordens de seus chefes.

“É inadmissível que, especialmente, um ex-presidente da República ponha em dúvida as instituições que dão lastro à nossa democracia.”

Estratégia. Gerum ataca uma tentativa de dar tom técnico à estratégia de “desacreditar” o sistema quando esse não está do seu lado. “Não é incomum na experiência do foro que os réus, especialmente se não são da área jurídica, tenham alguma dificuldade de compreensão dos incidentes processuais e de seus resultados”.

Para ele, o problema é quando “essa aparente incompreensão parte da defesa técnica”. Nesse caso, ele classifica de “estratégia, questionável do ponto de vista da ética profissional, que procura desacreditar o sistema se ele não lhe favorece”.

“Mais grave ainda que essa estratégia seja utilizada para imprimir um ar técnico” à despropositada tese de que o presente processo representa uma perseguição política a uma pessoa com a popularidade e o carisma que possui o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”

Considerado um dos mais respeitados procuradores do grupo da Lava Jato na PRR-4, Gerum defendeu em seu parecer não só o MPF, mas também o Judiciário.

“Como se salientou no início deste parecer, e a ilustre defesa tem perfeita consciência disso, este processo nada tem de político. Foi conduzido com serenidade pelo magistrado de primeiro grau, sempre lastreado, volta-se a insistir, nas regras legais que disciplinam o processo penal no Brasil. Será da mesma forma julgado em segunda instância e em todas as instâncias recursais.

Segundo ele, “absolutamente desnecessária, e até desrespeitosa, a admoestação final, que soa quase como uma advertência a esta Corte, de que se espera um julgamento pautado pelos princípios constitucionais e legais”.

“Não é preciso lembrar a profissionais sérios e competentes como eles devem agir.”

Continue Lendo

Brasil

Entidade multissetorial e Senado Federal discutem impactos da Reforma Tributária

Publicado

em

Por

Redação do Portal da Capital

O Senado Federal recebeu, nesta terça-feira (26/11), uma importante entidade multissetorial do país, a Amcham Brasil, para o evento “Diálogo com o Senado Federal para a Regulamentação da Reforma Tributária em 2024”.

O encontro reuniu líderes políticos e empresariais para debater os próximos passos da regulamentação da Emenda Constitucional nº 132, reforçando o compromisso de construir um sistema tributário mais moderno, justo e competitivo.

Representando o Senado, Efraim Filho (União Brasil), destacou a importância do debate com entidades que movimentam a produção e economia no país, enfatizando a contribuição entre Congresso Nacional e cadeia produtiva.

“A oportunidade de sentar a mesma mesa com empreendedores que tratam de inovação, que tratam de comércio exterior, que tratam de um Brasil que quer crescer e se desenvolver num mundo globalizado e sem fronteiras, onde você concorre com todos os países. E hoje, você poder receber essas sugestões, contribuições, com um olhar diferente sobre o texto da reforma tributária que tem sido debatido no Senado engrandece. Nosso compromisso foi de recepcionar essas sugestões de emendas, apresentá-las para estimular o debate e atender aquilo que possa contribuir para um texto melhor”, frisou.

Continue Lendo

Brasil

Relatório da PF detalha participação de paraibano em tentativa de golpe de Estado; veja documento

Publicado

em

Por

Redação do Portal da Capital

O relatório final da Polícia Federal (PF) com detalhes sobre o inquérito que investiga a tentativa de um golpe de Estado no Brasil, após as Eleições 2022 para presidente da República, detalha a participação do paraibano Tércio Arnaud Tomaz no esquema criminoso.

No documento, que tem 884 páginas, o nome do paraibano é citado, pelo menos, dez vezes e, nos trechos, ele é apontado como integrante do “gabinete do ódio” e como responsável por coordenar, editar e, junto com outros integrantes da organização criminosa, facilitar o repasse de notícias falsas através da internet.

A quebra do sigilo foi determinada na terça-feira (26/11) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Confira abaixo um trecho do relatório:

No cargo assessor especial da Presidência da República, TÉRCIO ARNAUD TOMAZ integrou o autodenominado GABINETE DO ÓDIO. Os elementos probatórios reunidos pela investigação identificaram que TÉRCIO foi o responsável por repassar o conteúdo editado da live realizada pelo argentino FERNANDO CERIMEDO em 04 de novembro de 2022, no qual o mesmo propagou ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral brasileiro.

No mesmo dia da live, TÉRCIO ARNAUD TOMAZ, encaminhou, via aplicativo WhatsApp para MAURO CID, um link que direcionava para o armazenamento de arquivos no Google Drive. O link levava à gravação da live realizada por FERNANDO CERIMEDO naquele dia, com a duração de 01h01min22seg. Ele escreve, em seguida, “resumo” e envia o vídeo editado a partir do referido conteúdo com a duração de 08min59seg. O objetivo de editar o vídeo foi facilitar a disseminação da live, de modo a se antecipar às já citadas ações do TSE contra a propagação de fake news.

Assim, os elementos de prova arrecadados identificaram que TÉRCIO ARNOUD TOMAZ atuou em coordenação com os demais integrantes da organização criminosa. Coube ao investigado auxiliar na edição do conteúdo falso publicado pelo argentino FERNANDO CERIMEDO, propagado logo em seguida por MAURO CID e MARQUES DE ALMEIDA“.

Clique aqui e confira o relatório (parte 1)

Clique aqui e confira o relatório (parte 2)

Clique aqui e confira o relatório (partes 3 e 4)

Clique aqui e leia mais sobre o assunto.

Continue Lendo

Brasil

No Senado: Daniella destaca importância de políticas públicas para combater violência contra mulher

Publicado

em

Por

Redação do Portal da Capital

O programa ‘Antes que aconteça’ foi citado ontem em matéria do Jornal Nacional, como uma das ações de combate à violência contra a mulher no Brasil
Idealizadora e coordenadora nacional do programa ‘Antes que aconteça’, a senadora Daniella Ribeiro fez um pronunciamento na Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher, a necessidade de políticas públicas no combate à violência contra a mulher no Brasil, e também no exterior.

“Se a gente tem dificuldade para quem vive aqui, imagina para quem estar fora de casa. O suporte de Estado é fundamental, bem como de nós, mulheres, também se sentem confrontadas por esse tipo de questão. Quero me colocar à disposição para ajudar no que for preciso”, declarou. A audiência abordou a violência contra mulheres no exterior.

Ainda na comissão, Daniella destacou o programa Antes que aconteça e explicou o propósito da ação, anunciada em dezembro de 2023, quando a senadora presidia a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional. “Pela primeira vez o orçamento foi destinado diretamente para o combate à violência contra a mulher, pensando em vertentes como ações de defesa pessoal até o empreendedorismo, pois os estudos mostram que a dependência financeira impulsiona esse tipo de violência”, pontuou.

’Antes que aconteça’ é citado em matéria do Jornal Nacional
O ‘Antes que aconteça’, programa de combate à violência contra a mulher, idealizado pela senadora Daniella Ribeiro, foi destaque em matéria do Jornal Nacional, que abordou o tema da violência contra a mulher. A citação ao programa ‘Antes que aconteça’ foi feita na edição da segunda-feira, 25 de novembro, Dia internacional de luta contra a violência contra as mulheres.

A criação
O programa “Antes que aconteça”, como o próprio nome sugere, tem o objetivo de evitar a violência contra a mulher nas suas diversas formas, desde a psicológica ao último estágio do ciclo, que é o feminicídio.

O programa foi idealizado pela senadora Daniella e por outras mulheres. São elas: a deputada federal Soraya Santos, procuradora da Mulher na Câmara dos Deputados; a segunda-dama da Paraíba, Camila Mariz Ribeiro, coordenadora do programa na Paraíba; a juíza Renata Gil, conselheira do CNJ; a advogada e jurista Luciana Lossio, ex-ministra do TSE; e a professora Nadja Oliveira, diretora-técnica do Parque Tecnológico da Paraíba.

Continue Lendo