Os investigadores responsáveis pelos cinco planos de ataque considerados bem-sucedidos no último Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação (TPS 2021) começaram, nesta quarta-feira (11), a examinar e avaliar as soluções desenvolvidas pela equipe técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para sanar as vulnerabilidades identificadas em novembro do ano passado. No entanto, nenhum dos achados conseguiu atingir potencial para uma modificação de voto.
Chamado Teste de Confirmação, o evento ocorre de 11 a 13 de maio, das 9h às 18h, no Centro de Divulgação das Eleições (CDE), no 3º andar do edifício-sede do TSE, em Brasília. O encerramento das atividades está previsto para as 17h desta sexta-feira (13). O Teste de Confirmação está previsto no artigo 37 do Edital do TPS.
Em nome do presidente do TSE, ministro Edson Fachin, o juiz auxiliar da Presidência da Corte, Sandro Nunes Vieira, abriu o evento pela manhã, agradecendo a participação dos investigadores que vieram, mais uma vez, colaborar com o aprimoramento do sistema eletrônico de votação. O juiz integra a Comissão Avaliadora do TPS 2021.
“Os protagonistas do TPS são os investigadores. São pessoas, brasileiros com mais de 18 anos de idade, que voluntariamente se inscrevem e trazem para a Justiça Eleitoral a sua expertise para colocar o sistema eleitoral à prova. De modo algum vemos essas pessoas como adversárias. Pelo contrário, temos uma visão colaborativa dessa participação”, salientou Sandro Vieira.
O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Júlio Valente, falou sobre o que o TSE espera dos resultados do Teste de Confirmação. “A expectativa é a melhor possível. É a conclusão de um trabalho de muitos meses. Um trabalho que consiste em uma interlocução científica entre a Academia, os peritos, os investigadores individuais e o TSE. Os investigadores que vêm aqui e contribuem com a Justiça Eleitoral são os verdadeiros protagonistas desse processo”, disse Valente, reforçando o que disse Sandro Vieira.
Um dos integrantes da Comissão Avaliadora do TPS 2021 e presente hoje no CDE, juntamente com outros integrantes do órgão, o professor da Universidade Federal de Uberlândia, Jamil Salem Barbar, lembrou que a urna é composta de diversas proteções em série. “Esperamos que os investigadores nos deem, inclusive, algumas contribuições adicionais, o que poderia ser melhorado”, acrescentou o professor.
Início do Teste
O primeiro dia do Teste de Confirmação começou com os grupos de investigadores se preparando para analisar as soluções inseridas no sistema para resolver os achados verificados nos cinco planos de ataque bem-sucedidos no TPS 2021.
Integrante da equipe que identificou, durante o TPS de novembro, um achado ligado à saída do fone de ouvido da urna, o professor de computação, Carlos Alberto da Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, afirmou que a urna eletrônica é um dispositivo bem planejado e que funciona. “Tudo o que a gente questionou, o TSE mostrou e teve transparência”, disse ele, ressaltando que a urna tem diversos mecanismos de segurança que impedem a manipulação do voto.
No achado, a equipe conectou um transmissor Bluetooth que transmitia o áudio com o voto do eleitor a um mecanismo externo. O áudio, no entanto, é habilitado somente para eleitores com deficiência visual. Além disso, esse ataque é de fácil identificação, uma vez que a saída do fone de ouvido da urna fica na parte de trás do equipamento, que é exposta a todos.
O TPS
Evento permanente do calendário eleitoral, o Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação (TPS) é realizado pelo TSE desde 2009, preferencialmente nos anos anteriores ao das eleições. Na sexta edição do TPS, ocorrida de 22 a 27 de novembro de 2021, dos 29 planos de ataques aos componentes da urna eletrônica, somente cinco registraram achados, cujas soluções estão submetidas a exame no Teste de Confirmação.
O objetivo do TPS é fortalecer a confiabilidade, a transparência e a segurança do registro e da apuração dos votos, bem como propiciar melhorias no processo eleitoral.