A arte está espalhada por cada sala da Escola Cidadã Integral Técnica Alice Carneiro, em João Pessoa. As portas personalizadas e as imagens nas paredes foram todas pintadas por alunos da própria unidade de ensino, que participam da disciplina eletiva de Artes Plásticas. A instituição vem se tornando referência no estado quando o assunto é arte na escola. Do ateliê montado no auditório da ECIT já saíram artistas e, todos os dias, novos pintores surgem no mesmo espaço.
A professora de Artes e Projeto de Vida, Francineide Lira, conhecida como França, relembra como a arte foi introduzida na escola, a partir do programa Arte em Cena, que promove concursos artísticos em diversas modalidades entre as escolas da rede estadual de Ensino.
“O projeto surgiu em 2017. Nós juntamos alguns alunos que tinham interesse em artes plásticas para fazer um projeto e concorrer no Arte em Cena. Começamos as oficinas, montamos o ateliê, e notamos que muitos outros estudantes ficaram curiosos e interessados em também participar das oficinas. Foi daí que surgiu o projeto ‘Toda caminhada começa no primeiro passo’, que tem esse nome porque tem como objetivo formar estudantes que querem iniciar na pintura e nas artes plásticas”, explica França.
Romulo da Silva, de 16 anos, cursa a segunda série do ensino médio na escola e é um dos participantes do projeto. “Eu sempre gostei de desenhar desde pequeno. Via os desenhos animados na TV e tentava reproduzir. Depois fui me aprimorando, usando cores, desenhando coisas mais complexas. O projeto aqui na escola, para mim, foi um lugar de aprimoramento. A escola me incentivou a me esforçar mais, já que se dependesse só de mim, talvez eu não conseguisse realizar o que realizei”, observa Romulo.
Arte: Ação e Solução – Assim como Romulo, Nathan Inácio Guerra, de 14 anos, aluno do nono ano do ensino fundamental da ECIT Alice Carneiro, também faz parte do projeto. Junto com outros estudantes e orientados pela professora França, os alunos criaram um projeto para participar do Desafio Celso Furtado, que premia iniciativas e soluções sustentáveis voltadas ao desenvolvimento e empreendedorismo. O objetivo era repassar todo o conhecimento que foi adquirido durante as formações na escola, e foi daí que surgiu o projeto ‘Arte: ação e solução’.
Na iniciativa, os estudantes dão formações relacionadas às artes plásticas tanto para outros alunos da escola, quanto para moradores da região, como dos bairros de Manaíra e São José. As aulas ocorrem duas vezes na semana no ateliê montado dentro da própria escola. Para Nathan, a oportunidade de repassar o conhecimento é, na verdade, mais uma forma de aprender. “Comecei a pintar durante a pandemia, porque estava procurando uma atividade para suprir o tempo que ficava em casa. Fui chamado para participar das oficinas e, desde então, vim melhorando a cada dia. Agora, estamos tendo a oportunidade de repassar um pouco do aprendizado e tem sido muito legal. É como se a gente conduzisse as pessoas por um caminho, onde nós também vamos aprendendo”, explica o jovem artista.
As pessoas que se interessarem pela formação podem se dirigir até a escola, a partir das 8h, e fazer a inscrição para as formações junto à secretaria escolar. Para participar das aulas basta apenas apresentar a documentação pessoal.
Frutos – O projeto desenvolvido na ECIT Alice Carneiro já começou a dar frutos. Um deles é o artista plástico Felipe Silva, conhecido como Hicor. Felipe terminou o ensino médio na escola há um ano, e desde então, se dedica às artes plásticas. Hicor já passou a ingressar no circuito municipal de artes e está com sua primeira exposição solo marcada para o mês de setembro.
“Eu fui um dos primeiros alunos a participar do clube de pintura e das oficinas do Alice Carneiro. Com o tempo, as atividades foram agregando mais estudantes e fomos vendo o potencial que aquilo tinha. Em seguida, estudamos a possibilidade de tornar uma disciplina eletiva e um projeto. Essa experiência foi fundamental para me tornar o artista que sou hoje”, revela Felipe.
Inclusão – O ‘Arte: Ação e Solução’ ainda abre portas para a inclusão social, isto porque as atividades são desenvolvidas em conjunto com a professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE), Flávia Lima. Dessa forma, quase a metade das turmas da capacitação é formada por alunos e pessoas com deficiência. “Essas atividades contribuem muito para o desenvolvimento das pessoas com deficiência e também dão a elas mais uma oportunidade de inclusão social”, garante a professora.
É por meio da arte que muitos estudantes criam novos caminhos pessoais e profissionais. Nathan, Romulo, Felipe e tantos outros são jovens artistas que encontraram a motivação e o incentivo dentro das salas de aula para mostrar seu talento para todo o mundo.