Na semana em que é comemorado o Dia dos Indígenas, 19 de abril (última terça-feira), a Prefeitura de Campina Grande apresenta uma série de ações desenvolvidas por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), no Espaço Humanitário do Refugiado Migrante Warao, instalado no bairro do jeremias. Desde 2019, o local abriga os venezuelanos desta etnia.
Na unidade, que conta com estrutura adequada aos trabalhos, já foram realizadas várias ações que representam avanços no quesito sociocultural. Entre essas está o cultivo de alimentos na horta comunitária urbana, mantida com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri). São 370 metros quadrados onde é realizado o plantio de sementes de frutas e legumes, a fim de reforçar a alimentação dos Waraos e atender a cultura da própria etnia.
E no dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, uma outra ação foi promovida para homenagear as mulheres indígenas: uma oficina de artesanato e a produção de várias peças, a exemplo das redes e potes, permitindo às mulheres Waraos relembrarem a tradição de seu povo.
No mês passado, por meio de parceria entre a Semas e a Secretaria de Educação (Seduc), seis waraos (3 idosos, 2 adultos e 1 adolescente), iniciaram as aulas na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), com duração de seis meses, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Emídio Viana Correia, situada no mesmo bairro. Foi uma outra forma encontrada para garantir direito social, inserção na sociedade e autonomia aos migrantes venezuelanos.
O trabalho, realizado na unidade, foi destaque na mídia nacional e internacional, em julho do ano passado, através da reportagem especial “Crianças Waraos no Nordeste”. As ações foram publicadas no site mexicano Distintas Latitudes; em um especial multimídia e através de vídeos para YouTube e TV aberta, no canal Bandeirantes de Comunicação de São Paulo, nos programas Primeiro Jornal e Bora Brasil.
Para Samara Almeida, advogada da Semas que atua na unidade, a importância desse trabalho impacta, diretamente, o contexto migratório pela vulnerabilidade: “Eles têm hoje um espaço de acolhimento, que respeita a forma de vida deles, onde sabem que têm a liberdade de viver e receber familiares que, porventura, estejam nessa situação migratória também”.
Ainda segundo a advogada, o Espaço conquistou avanços para integrar os Waraos à cidadania, garantindo-lhes os direitos sociais. “Aos poucos a Prefeitura de Campina Grande, por meio da Semas, vem conseguindo ampliar o acesso deles à educação e também à utilização e aceitação da nossa medicina. Um outro fator importante é sobre a documentação. Hoje estão todas regularizadas, como CPF, cartão SUS, carteira de trabalho e também a inserção deles em todos os programas do governo”, ressaltou Samara Almeida.
Atualmente, oito venezuelanos estão acolhidos no Espaço Warao, situado no bairro do Jeremias. Todos são assistidos por uma equipe multiprofissional, formada por assistentes sociais, psicólogo, advogada. A unidade possui ainda uma antropóloga, que ajuda a equipe a compreender o modo de vida da etnia, favorecendo um diálogo intercultural, respeitando o que eles acreditam e preservando, desse modo, um resultado de integração efetiva.