O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi ouvido nesta segunda-feira, 15, pela Polícia Federal na condição de testemunha no inquérito que apura possíveis irregularidades nas negociações do acordo de colaboração premiada dos executivos do grupo J&F, dono da JBS. Atualmente Janot é sub-procurador da República.
A oitiva foi realizada no gabinete de Janot no prédio da PGR e foi conduzida pelo delegado Cleyber Malta, do grupo da PF de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, segundo informa o blog de Fausto Macedo, do Estadão.
Janot confirmou ao Estadão/Broadcast nesta segunda-feira que foi ouvido, mas não falou sobre o conteúdo do depoimento.
O ex-PGR foi responsável pela negociação e assinatura do acordo de colaboração premiada dos ex-executivos do grupo J&F.
Em setembro, Janot convocou uma coletiva de imprensa na qual anunciou a abertura de uma investigação para apurar se os delatores teriam omitido informações do acordo. “Determinei hoje [segunda] a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para assinatura do acordo de delação no caso JBS.
Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente, na quinta-feira, às 19h”, disse Janot durante a coletiva à época.
A apuração foi aberta após pedido da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e já foi parcialmente concluída. Um dos investigados é o ex-procurador Marcello Miller, suspeito de atuar para a JBS enquanto ainda era integrante do MPF.
A PF já concluiu parcialmente a investigação sobre o caso JBS e descartou a ocorrência de crimes envolvendo as citações a ministros do STF. Em dezembro, o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, se reuniu com a presidente do STF para falar sobre o caso.
Depois da audiência com Cármen Lucia, Segovia afirmou que o relatório é ‘parcial’ e que a ministra é quem deve tornar públicas as conclusões da investigação. “As conclusões da investigação parcial estão nas mãos da ministra Cármen Lúcia e tão logo haja uma análise ela deverá expor ao público quais são essas conclusões”, afirmou.
Janot, pouco antes de deixar o cargo de procurador-geral, rescindiu a colaboração premiada dos executivos da J&F.
O pedido ao Supremo foi corroborado pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge.