Chegou a vez de as máscaras coloridas e de super-herói tomarem conta dos postos de saúde para a vacinação contra a covid-19. A aplicação de doses em crianças de cinco a onze anos começou em ao menos nove capitais pelo Brasil, com direito a distribuição de livros infantis, doces, certificado e shows de palhaços. Entre os pais que levaram os pequenos para tomar a esperada injeção, o sentimento foi de alívio.
“Minha mãe disse que não é para ter medo da injeção porque lá dentro tem um remédio muito importante para poder continuar indo na minha escola e brincar com meus amigos”, diz Isadora, de sete anos, que recebeu ontem as gotinhas da Pfizer no braço. A criança tem síndrome de Down e problemas cardíacos.
A mãe – a dentista Helena Gouveia, de 42 anos – não segurou as lágrimas. “É muito mais que um sonho. Espero que em breve todas as crianças tenham a mesma bênção”, afirma ela, de Recife.
A capital pernambucana iniciou a vacinação de forma simbólica na sexta-feira, e abriu para os postos de saúde no sábado para o público prioritário (com doenças neurológicas, Down, autismo, entre outros). No Recife, em troca da agulhada, as crianças ganham livro infantil e um certificado de “supervacinado”. Olinda e Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana, distribuíram doce e pipoca.
Para João Lucas, de Fortaleza, a vacina foi presente de aniversário: ele completou 12 anos ontem. “Com tanta notícia ruim e doenças surgindo, a única esperança é a vacina”, afirma o tio, José Augusto Silva. Segundo ele, o imunizante dá segurança para que o garoto leve vida normal e frequente a escola. E João Lucas garante que a injeção não é um sacrifício. “Não doeu. Foi rápido”, disse à reportagem do UOL.
O Centro de Eventos de Fortaleza, escolhido para iniciar esta etapa da vacinação, ficou até mais colorido. Um grupo de palhaços arrancou sorrisos da criançada. De brinde, os pequenos também levaram para casa balões artísticos.
Em outros casos, a emoção também trazia a saudade de quem não pôde assistir ao momento. “Perdi minha esposa para a covid em julho de 2021. Meu filho é autista e tem problemas renais e sei como essa vacina é importante para sua proteção”, conta o professor Paulo Duarte, de 34 anos, que já tomou as duas doses e o reforço. Ele e Eduardo, de nove anos, foram os primeiros a chegar ao posto em Jaboatão dos Guararapes. “Só vendo ele receber a imunização é que meu coração fica mais tranquilo.”