O cineasta paraibano e professor universitário Bertrand Lira lança, nesta quinta-feira (25), o documentário ‘Calvário’, que conta o ‘tormento’ pessoal da ex-prefeita de Conde, Márcia Lucena (PT), que é apontada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba (MPPB), como ‘peça’ fundamental em um esquema de desvio milionário de verbas dos cofres públicos paraibanos.
O lançamento acontecerá às 19h, na sede do Sindicato dos Bancários, instalada em João Pessoa, Capital da Paraíba.
O documentário aponta o MPPB, através do Gaeco, como promotor de perseguição de pessoas através da prática de ‘lawfare’, um conceito americano que indica uso ou manipulação das leis como instrumento de combate a um oponente desrespeitando os procedimentos legais e os direitos do indivíduo que se pretende ‘eliminar’.
De acordo com o material audiovisual “várias ações judiciais foram oferecidas contra Márcia Lucena, como se uma metralhadora estivesse disparando contra ela, sem provas ou indícios robustos das acusações […] Fora do processo judicial, percebe-se campanha de alguns veículos de comunicação destinada a condená-la perante a opinião pública“.
O curta-metragem possui 37 minutos de duração, com direção, edição e sonoplastia de Bertrand Lira; colaboração de Rodrigo Barbosa (direção de fotografia, câmera e edição); e, Didier Guigue (Música). As gravações contaram com a participação da própria Márcia Lucena e ainda de João Lucena, Nanego Lira, professor Iveraldo Lucena e Miúcha.
Márcia e a Operação Calvário
As investigações realizadas pela força-tarefa do Ministério Público, Polícia Federal e Gaeco, no âmbito da Operação Calvário apontaram que a eleição de Márcia Lucena, em 2016, para comando da Prefeitura Municipal de Conde, município localizado na região Metropolitana de João Pessoa, fazia parte do esquema de expansão da Organização Criminosa (Orcrim) comandada pelo ex-governador Ricardo Coutinho e dar sequência ao esquema de desvio de dinheiro público na Paraíba.
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Ainda do decorrer das investigações o MPPB encontrou provas de que Márcia Lucena fazia parte de um esquema de enriquecimento ilícito e a tornou ré em diversos processos, dentre eles de uma Ação Civil Pública que pedia a indisponibilidade dos bens e a devolução de milhares de reais por parte da ex-prefeita.
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Na época o valor a ser ressarcido pela ex-gestora era de quase R$ 1 milhão, em solidariedade com outra ré no mesmo processo.
Márcia Lucena, que foi presa no final do ano de 2019, até os dias atuais participa de monitoramento judicial e cumpre medidas cautelares impostas pela Justiça, como, por exemplo, o uso de tornozeleira eletrônica.
A ex-gestora só conseguiu confirmar presença no lançamento do documentário porque, recentemente, obteve êxito em reaver o direito de deslocamento e derrubar a obrigação de se manter em recolhimento domiciliar noturno.
Ainda de acordo com as investigações, Márcia Lucena era uma das integrantes da Organização Criminosa (Orcrim) que recebia ordens diretas do suposto chefe do grupo, Ricardo Coutinho, que atualmente é ex-governador da Paraíba e, apesar de ter inelegibilidade decretada, apontado como pré-candidato ao Senado pelo Estado nas Eleições 2022.