Os movimentos que surgiram no caldeirão da Lava Jato e no esfarelamento dos partidos políticos têm como principal bandeira a possibilidade de participar das eleições com candidaturas independentes, sem a necessidade de abrigo em qualquer “legenda guarda-chuva”. Mas, enquanto não há previsão legal das chamadas “candidaturas avulsas”, esses grupos procuraram manter sua independência programática dentro de siglas “amigas”. Rede e PSOL já estão com as portas abertas.
Os movimentos chamam a estratégia de “candidaturas cívicas”, ou legendas democráticas. A Rede prevê este tipo de iniciativa em estatuto, desde sua criação e recentemente aprovou um texto que incentiva a ideia. Nos últimos meses, a ex-ministra Marina Silva tem se reunido pessoalmente com alguns grupos para atrair candidatos.
“Esta sempre foi desde a criação uma das razões de ser da Rede”, disse o coordenador da legenda, Bazileu Margarido.
Bancadas. O PSOL também se prepara para receber este tipo de candidatura. O objetivo primeiro é engrossar as bancadas da sigla, mas, além disso, o PSOL espera sair na frente de outros partidos de esquerda, como o PT, na disputa por atrair as novas formas de organização política. “Hoje o lugar mais confortável para esse tipo de experiência é o PSOL”, disse o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros.
Grupos. O Brasil 21, por exemplo, planeja lançar 36 candidatos – dos quais mais da metade será mulheres. O movimento deve se espalhar pela Rede e PSOL. “Não ouve oxigenação no cenário político desde 1988. Por isso, é necessário mudar os mecanismos de escolha dos candidatos”, disse o porta-voz do 21, Pedro Henrique de Cristo.
Já o Acredito planeja lançar candidatos em pelo menos oito Estados. Os nomes que irão representar o movimento serão definidos em um processo de prévias. “A ideia é que a gente esteja em mais de um partido – tendo a nossa plataforma como ponto de convergência”, disse Zé Frederico, coordenador nacional.
Com uma linha de atuação política definida, o Agora! pretende lançar 30 candidatos “viáveis” e ocupar cargos técnicos ou de confiança na máquina pública. “A ideia de ‘partidos’ é antiga. As legendas de esquerda precisam de uma reconexão com a sociedade”, disse o cientista político e coordenador do Agora!, Leandro Machado.
De acordo com publicação do Estadão, EGrupos como a Bancada Ativista e Muit@s já tiveram experiências vitoriosas em 2016. Em São Paulo, a Bancada conseguiu eleger a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL). “Os partidos políticos precisam no geral se oxigenar e se abrir para experiências independente para acompanharem a necessária renovação política”, disse Sâmia. Em Belo Horizonte, o Muit@s fez a vereadora mais votada, Áurea Carolina (PSOL): “A lógica tradicional dos partidos está obsoleta, eles não têm mais capacidade de movimentação e construção coletiva”.
Com uma proposta de atuação diferente, a Frente Favela Brasil passou a recolher assinaturas para se formalizar como partido político. O grupo ainda não sabe se vai procurar as legendas tradicionais para lançar candidatos identificados com a frente.