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“A chance de um golpe é zero”, diz presidente Bolsonaro em entrevista

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Aos olhos de muita gente, Jair Bolsonaro deveria estar preocupado — aliás, muito preocupado. As pesquisas mais recentes mostram que o presidente atingiu um incômodo patamar de impopularidade. Cinquenta e três por cento dos brasileiros acham que o governo é ruim, 39% não enxergam qualquer perspectiva positiva no horizonte e apenas 28% creem que a situação pode melhorar. Muito desse pessimismo certamente é derivado dos problemas econômicos. A inflação e os juros estão em alta, o emprego e o crescimento se recuperam lentamente e a prometida agenda de reformas estruturais emperrou. No terreno político, a CPI da Pandemia finaliza um relatório que vai acusar o presidente pela morte de quase 600 000 pessoas, a tensão com o Supremo Tribunal Federal diminuiu, mas não acabou, e a palavra impeachment voltou a ser citada em influentes rodas de conversa. Nada disso, porém, parece atormentar o presidente.

Prestes a completar 1 000 dias de governo, Jair Bolsonaro recebeu VEJA na quinta-feira 23 para uma conversa de duas horas no Palácio da Alvorada, onde cumpre isolamento sanitário por comparecer à abertura da Assembleia-Geral da ONU. Em Nova York, Bolsonaro pintou um Brasil que se livrou da corrupção, superou a pandemia, protegeu o meio ambiente e está bem estruturado para receber investimentos internacionais. Na entrevista, a imagem que o presidente constrói do país, de si mesmo e de seu governo não é muito diferente. A novidade surge quando ele é indagado sobre um espectro que, há algum tempo, ronda o imaginário de alguns setores, especialmente depois das manifestações de 7 de setembro: a possibilidade de o presidente se valer de um golpe para manter o poder. “A chance é zero”, garantiu Bolsonaro, admitindo, no entanto, que houve pressão “de algumas pessoas” para que o governo “jogasse fora das quatro linhas”. Quem são essas pessoas, ele não revela, mas afirma que o ambiente agora está pacificado.

A equipe de VEJA tomou todos os cuidados necessários para realizar a entrevista — uso de máscara, álcool em gel e distanciamento. Sobre a política de combate à pandemia, aliás, o presidente reafirmou que faria tudo de novo. Ele continua cético em relação às vacinas, embora seus assessores ainda tentem convencê-lo a mudar de ideia. Em Nova York, em tom de brincadeira, o presidente chegou a propor uma aposta ao primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para saber quem tinha o IgG maior. Tomar ou não o imunizante, segundo ele, deve ser uma opção, não uma obrigação — e cita como exemplo a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que foi vacinada. “Não consigo influir nem na minha própria casa”, disse. A seguir, os principais trechos da entrevista, na qual o presidente também fala de eleições, Lula, voto impresso, CPI, crises políticas, economia e revela qual foi o pior e mais tenso momento de seu governo nesses quase três anos.

Existe uma leitura bastante difundida de que várias de suas ações e falas são preparação para um golpe de Estado. Daqui pra lá, a chance de um golpe é zero. De lá pra cá, a gente vê que sempre existe essa possibilidade.

O que seria exatamente esse “de lá pra cá”? De lá pra cá é a oposição, pô. Existem 100 pedidos de impeachment dentro do Congresso. Não tem golpe sem vice e sem povo. O vice é que renegocia a divisão dos ministérios. E o povo que dá a tranquilidade para o político voltar. Agora, eu te pergunto: qual é a acusação contra mim? O que eu deixei, em que eu me omiti? O que eu deixei de fazer? Então, não tem cabimento uma questão dessas.

EXAGEROS - Desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios: Bolsonaro reconhece que extrapolou em algumas ocasiões –
EXAGEROS – Desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios: Bolsonaro reconhece que extrapolou em algumas ocasiões – Antonio Molina/Fotoarena/.
O senhor está dizendo que existe uma conspirata contra o governo? Quando você passa a ter o povo do teu lado, como eu tenho, bota por terra essa possibilidade. A não ser que tenha algo de concreto, pegou uma conta minha na Suíça, aí é diferente. Não tenho nada. Desligo o aquecimento da piscina, não uso cartão corporativo, não pedi aposentadoria na Câmara, não dou motivo. Estamos há dois anos e meio sem um caso de corrupção.

A CPI da Pandemia diz que houve corrupção no Ministério da Saúde. Tem gente que não pensa no seu país, ao invés de mostrar seu valor, ele quer caluniar o próximo. Vejo na CPI os senadores Omar Aziz e Renan Calheiros falando: “O governo Bolsonaro é corrupto”. Pois aponte quem por ventura pegou dinheiro. Com todo o respeito à PM de MG, um cabo da PM negociando 400 milhões de doses a 1 dólar, se encontrando fortuitamente num restaurante? É coisa de maluco.

“Não errei em nada. Fui muito criticado quando falei que ficar trancado em casa não era solução. Eu falava que haveria desemprego — e foi o que aconteceu. Outra consequência disso é a inflação”

Depois de um ano e meio de pandemia, o senhor faria algo diferente? Não errei em nada. Fui muito criticado quando falei que ficar trancado em casa não era a solução. Eu falava que haveria desemprego — e foi o que aconteceu. Outra consequência disso é a inflação que está aí. Hoje há estudos que mostram que quem mais caminha para o óbito por coronavírus é o obeso e quem está apavorado. Falei isso no início do ano passado. Todo mundo aumentou de peso ficando em casa. Também criamos o auxílio emergencial. Sem ele, com certeza teríamos saques em supermercados, balbúrdia, violência.

Mas teve a sugestão de tratamento precoce, a hidroxicloroquina. Continuo defendendo a cloroquina. Eu mesmo tomei quando fui infectado e fiquei bom. A hidroxicloroquina nunca matou ninguém. O militar na Amazônia usa sem recomendação médica. Ele vai para qualquer missão e coloca a caixinha no bolso. O civil também. Você nunca ouviu falar que na região Amazônica morre gente combatendo a malária por causa da hidroxicloroquina. Criou-se um tabu em cima disso.

Mas o senhor está sendo responsabilizado pelas quase 600 000 mortes durante a pandemia. Responsabilizado por quem? Pela CPI? Essa CPI não tem credibilidade nenhuma. No auge da pandemia, esses caras ficaram em casa, de férias, em home office, cuidando da vida deles. E agora vêm acusar? Não engulo isso aí. A história vai mostrar que as medidas que tomamos, concretas, econômicas, ajudando estados e municípios com recursos, salvaram as pessoas.

A demora em comprar e a pregação contra a vacina não são, no mínimo, um mau exemplo? No ano passado, não tinha vacina para vender. No caso da Pfizer, havia um dispositivo na proposta que dizia que eles não se responsabilizavam pelos efeitos colaterais. Como posso comprar um negócio desse aí? Se começar a ter efeito colateral adverso, de quem é a responsabilidade? Vocês iriam me perdoar? Não, né? Então tem que ter responsabilidade. Pergunto: a CoronaVac tem comprovação científica? Não tem. Tomar vacina é uma decisão pessoal. Minha mulher, por exemplo, decidiu tomar nos Estados Unidos. Eu não tomei.

Qual foi o momento mais tenso nesses 1 000 dias de governo? Foi quando avolumou a pressão a apoios mediante concessões. Eu não podia ceder. Depois de 28 anos de Parlamento, eu conheço como essas coisas funcionam. Era muito comum acabar uma votação importante e chegar uma lista da fidelidade. Estava ali no fedor, na muvuca: “Olha nosso partido deu mais voto que o outro, que tem um ministério a mais que nós”. Era comum você ver nas manchetes de jornais: PSDB, PFL… era comum você ver acerto. Isso não tem mais. A gente precisa aprovar as coisas e alguns do Parlamento vão com tudo para cima de você. Foram quinze dias de tensão, mas foi tudo contornado. Considero que estou bem com o Parlamento hoje em dia. Não vou entrar em detalhes nem de quando e nem quem foi, mas pretendo destravar a pauta nesta semana.

Deputados
O preço da gasolina, do gás de cozinha e dos alimentos pressiona o bolso do brasileiro. Eu não vou tabelar ou segurar preços. Não posso tabelar o preço da gasolina, por exemplo, mas quero que o consumidor fique sabendo o preço do combustível da refinaria, o imposto federal, o transporte, a margem de lucro e o imposto estadual. Hoje toda crítica cai no meu colo. O dólar está alto, mas o que eu posso falar para o Roberto Campos (presidente do BC)? Quem decide é ele, que tem independência e um mandato. Reconheço que o custo de vida cresceu bastante aqui, além do razoável, mas vejo perspectivas de melhora para o futuro.

O governo ainda patina para encontrar recursos para o Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família. Acertei com o Paulo Guedes um mínimo de 300 reais para o Auxílio Brasil, um programa que, ao contrário de governos passados, não vai ser usado como curral eleitoral. Se eu usasse o programa para ganhar a eleição, colocava o valor em 600 reais. Em outros governos, com uma canetada fingia-se que estava extinta a pobreza no Brasil. São as hipocrisias. Duvido que o PT se reelegeria com o Orçamento que eu tenho. Com toda a certeza eles iriam furar o teto de gastos. Apesar da nossa dívida e dos nossos problemas, a nossa meta é ter responsabilidade e cumprir o teto de gastos, lógico.

O ministro Paulo Guedes continua indemissível? Não existe nenhuma vontade minha de demiti-lo. Vamos supor que eu mande embora o Paulo Guedes hoje. Vou colocar quem lá? Teria de colocar alguém da linha contrária à dele, porque senão seria trocar seis por meia dúzia. Ele iria começar a gastar, e a inflação já está na casa dos 9%, o dólar em 5,30 reais. Na economia você tem que ter responsabilidade, o que se pode gastar, respeitando o teto de gastos. Se não fosse a pandemia, estaríamos voando na economia. A inflação atingiu todo mundo, mas a melhor maneira de buscarmos a normalidade e baixar a inflação é o livre mercado.

“Não existe nenhuma vontade de demiti-lo. Vamos supor que eu mande embora o Paulo Guedes. Vou colocar quem lá? Teria de colocar alguém da linha contrária à dele, por que senão seria trocar seis por meia dúzia”

Mas o senhor vê perspectiva de melhora, presidente? Sim, sim. Como temos ainda um ano para a eleição, as decisões que devem ser tomadas ainda não estão contaminadas por interesses eleitorais. O Paulo Guedes tem dito que a eleição estimula você a gastar para buscar a reeleição. Estimula você a fazer certas coisas que você não quer, para buscar a reeleição, isso aí é natural do ser humano. E nós não furamos teto, não fizemos nada de errado no tocante a isso aí.

Presidente, é 100% de certeza que o senhor vai disputar a reeleição, instrumento que foi contra no passado? Se não for crime eleitoral, eu respondo: pretendo disputar.

Já tem partido e um nome para disputar a chapa como candidato a vice-presidente? Olha só, seu eu vier candidato, não vai mais se repetir o que aconteceu em 2018. O vice tem que ter algumas características, tem que ajudar você. E tem que ajudar no tocante ao voto também. Então, o pessoal diz pra mim: “Ah, o vice ideal é de Minas ou do Nordeste”. Então, tudo isso a gente vai botando na mesa. O Mourão, por exemplo, eu acho que não está fechada a porteira para ele ainda. Agora, o Mourão não tem a vivência política. Praticamente zero. E depois de velho é mais difícil aprender as coisas. Mas no meu entender, seria um bom senador. Sobre o partido, eu não vou fugir de estar no PP, PL ou Republicanos. Não vou fugir de estar com esses partidos, conversando com eles. O PTB ofereceu pra mim também.

As pesquisas mostram que, se as eleições fossem hoje, o senhor perderia para o ex-presidente Lula. Pesquisa é uma coisa, realidade é outra. O que o outro lado faz?: “Oh, no meu tempo o gás estava tanto, a carne estava tanto”. Eles ficam jogando isso aí, ele pegou uma economia de certa forma arrumada do Fernando Henrique Cardoso. Nós estamos arrumando a casa, engordando o porquinho, espero que o lobo mau não coma o nosso porquinho. A gente quer o bem do Brasil. O outro gastava horrores, não tinha teto de gastos, não tinha problemas com o Parlamento, dava menos dor de cabeça para eles, loteou tudo. Hoje é completamente diferente, estou demorando um recorde de tempo para sabatinar o André Mendonça, coisa que não acontecia no passado. Era um relacionamento Executivo-Legislativo bem diferente do que é hoje. Aqui não tem loteamento.

O ex-presidente Lula é um adversário preferencial? Não dou bola para isso. Eu, poxa, por Deus que está no céu, é uma desgraça essa minha cadeira, você não tem paz, cara. A única satisfação que eu tenho, uma das poucas, é saber que não tem um comunista sentado naquela cadeira, só essa.

Presidente, o senhor foi eleito deputado federal cinco vezes com a urna eletrônica e foi eleito presidente do Brasil com a urna eletrônica. O que faz o senhor não acreditar nesse sistema? Por que os bancos investem dezenas de milhões para cada vez mais evitar que hackers entrem e façam um estrago em seu banco? A tecnologia muda. O que estou pedindo? Transparência. Muita gente diz: “Eu não vou votar porque o meu voto não vai ser contado para quem eu votei”. Uma vez conversei com o ministro Luiz Fux, presidente do STF, sobre esse assunto. Ele ia implementar 5% do voto impresso no Brasil. 5% do voto impresso, ao lado da urna eletrônica. E depois o Supremo pulou para trás e disse que é inconstitucional, não sei por quê. Se o Lula está tão bem, como diz o Datafolha, por que não garantir a eleição dele com o voto impresso?

A decisão sobre o voto impresso já foi tomada pelo Congresso. O senhor vai aceitar? Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição. O que o Barroso está fazendo? Ele tem uma portaria deles, lá, do TSE, onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora. As Forças Armadas têm condições de dar um bom assessoramento. Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia — desde que as instituições participem de todas as fases do processo.

O senhor apresentou MP para restrição de combate a fake news e depois um outro projeto. Qual a urgência desse assunto? A urgência é dado o que está acontecendo no Brasil, os inquéritos de fake news, por exemplo. Onde está a linha sobre o que se pode ou não publicar. O que está ali são dispositivos da Constituição. Você só pode ter a página da internet retirada depois do contraditório e de uma ação judicial. Não se pode monocraticamente excluir ninguém com uma canetada… Estão nos acusando de fake news. O que a esquerda faz? O pessoal faz jogo de futebol com minha cabeça de borracha. Por que não tomar providência contra essas pessoas também? Só para cima da gente? O objetivo das mídias sociais é liberdade. Você vai deixar de frequentar minha página no Facebook se eu escrever besteira, vai descurtir e tem que ser assim.

A crise com o Judiciário está superada? Não sou o Jairzinho paz e amor, mas a idade dá certa maturidade. Depois das manifestações de 7 de setembro, houve a reação do STF. Teve o telefonema do Temer, ele falou para mim: “O que a gente pode fazer para dar uma acalmada?”. Respondi que o que eu mais queria era acalmar tudo. Acabou o 7 de Setembro, é um movimento, talvez um dos maiores do Brasil, o povo está demonstrando espontaneamente o que quer, como liberdade. Então ele (Temer) falou que tinha umas ideias. “Você pode falar para mim?” “Eu prefiro conversar pessoalmente.” “É um prazer.” Mandei um avião da Força Aérea trazer ele para cá, ele trouxe uns dez itens, mexemos em uma besteirinha ou outra, duas ou três com um pouquinho mais de profundidade, estava bem-feito, casou com o meu pronunciamento e divulguei.

Parte de seus apoiadores criticou muito o que foi interpretado como um recuo. Esperavam que eu fosse chutar o pau da barraca. Você imagina o problema que seria chutar o pau da barraca. Eu não convoquei a manifestação. Eu vinha falando que estamos lutando por liberdade e comecei a falar uns quinze dias antes que estaria na Esplanada e em São Paulo. Mas em São Paulo, quando eu falei em negociar, eu senti um bafo na cara. Extrapolei em algumas coisas que falei, mas tudo bem.

O que significa “chutar o pau da barraca”? Queriam que eu fizesse algo fora das quatro linhas. E nós temos instrumentos dentro das quatro linhas para conduzir o Brasil. Agora todo mundo tem que estar dentro das quatro linhas. O jogo é de futebol, não é de basquetebol. Não vou mais entrar em detalhes porque quanto mais pacificar melhor.

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Cidades da PB estão entre as que mais avançaram em políticas locais para Educação em tempo integral

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Redação do Portal da Capital

Os municípios do Paraná, da Paraíbado Amazonas, de Sergipe e do Rio de Janeiro foram os que mais apresentaram avanços na construção de políticas locais percentualmente em se tratando de educação em tempo integral. Apenas dez unidades da Federação ainda não apresentaram — no Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (Simec) — políticas estaduais para fomento de matrículas em tempo integral.

Desde a criação do Programa Escola em Tempo Integral, em 2023, pelo Ministério da Educação (MEC), dos 4.716 entes que pactuaram matrículas no âmbito da política, 3.024 (64,1%) apresentaram suas respectivas políticas locais de educação em tempo integral. O número representa um aumento de quase 50% no total de estados e municípios que possuem programas para o fomento dessa modalidade de ensinoA elaboração de políticas locais para oferta de vagas em educação integral é um dos compromissos firmados entre as secretarias de educação participantes do programa e o MEC, como prevê a Portaria nº 1.495/2023.

Confira o boletim com as informações completas sobre a apresentação de políticas locais de educação integral. 

Formação – A fim de auxiliar a formulação das políticas de educação em tempo integral, o MEC, por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB), está promovendo um curso de formação para secretários e equipes técnicas dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. O curso busca apoiar a elaboração, o planejamento, o aprimoramento e a institucionalização dos programas. No total, a formação já alcançou 9.209 cursistas, de 4.233 secretarias de educação do Brasil. 

As formações começaram em março e vão até novembro deste ano, ofertadas em parceria com as Universidades Federais de Goiás (UFG), da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA), de Minas Gerais (UFMG) e da Fronteira Sul (UFFS).  

Construir colaborativamente políticas de educação integral exige uma formação que se nutra no diálogo e na busca de soluções, sempre em parceria entre instituições formadoras, redes e sistemas de ensino.” Valdoir Wathier, diretor de Monitoramento, Avaliação e Manutenção da Educação Básica 

O curso apresenta uma matriz curricular com cinco módulos, sobre: a apresentação do Programa Escola em Tempo Integral; os fundamentos da educação integral; as bases legais da educação integral e do tempo integral; os tópicos para a elaboração de política de educação integral em tempo integral em nível local ou estadual; bem como a gestão democrática e as diversas instâncias de participação e acompanhamento social na política de educação integral. 

“A formação continuada para gestores no processo de tessitura de políticas de educação integral nos territórios parte da compreensão de que a educação abrange a vida humana em sua globalidade”, defendeu o diretor de Monitoramento, Avaliação e Manutenção da Educação Básica, Valdoir Wathier. “Construir colaborativamente políticas de educação integral exige uma formação que se nutra no diálogo e na busca de soluções sempre em parceria entre instituições formadoras, redes e sistemas de ensino.” 

A secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, explicou que é necessário pensar nos modelos de ensino de forma particular para cada município. “Essa é uma realidade relativamente nova no Brasil e nós ainda estamos nos adaptando para construir as políticas para essa modalidade da melhor maneira. Não existe um único modelo que possa ser replicado em todos os lugares. Na verdade, é necessário que cada região produza a sua educação em tempo integral, levando em consideração as especificidades de cada local e a integralidade dos indivíduos”, concluiu. 

A visão de Raquel é compartilhada por Carla Ponce, secretária de Educação do município de Sinop (MT), para quem o curso foi uma oportunidade de refletir sobre a prática e a realidade local. “Revisitamos nossa história e repensamos as possibilidades que o município tem enquanto intersetorialidade”, disse. “O aporte teórico do curso também me ajudou a reaver algumas leituras que fiz há uns dez anos atrás e me fez ‘reapaixonar’ pela temática.” 

De acordo com a formadora Lucinha Alvarez, da equipe de coordenação pedagógica do programa na Região Sudeste, a formação abriu um novo campo de reflexão e ampliou o olhar dos participantes sobre questões relacionas aos territórios educativos. “O curso provocou, problematizou, fortaleceu a concepção e a prática dos cursistas e, consequentemente, contribuiu para a construção de políticas públicas de educação integral participativas e democráticas no Sudeste. Também nos mostrou a importância da participação social da comunidade e da intersetorialidade na educação”, afirmou. 

Lucinha Alvarez, formadora da Região Sudeste. Foto: Arquivo pessoal“Em virtude da excessiva carga de trabalho, os agentes do município têm dificuldade em acompanhar as mudanças de legislação. Dessa forma, pudemos perceber como o curso os ajudou a conhecer a legislação, tirar dúvidas e trocar experiências”, disse a formadora da Região Centro-Oeste, Flávia Motta. “Outro elemento impactante foram as reflexões acerca da concepção de educação integral, diferenciando-a de tempo integral. O curso trouxe elementos teóricos e práticos que puderam ampliar o pensamento dos cursistas acerca do tema, aumentando as possibilidades de elaboração de um currículo integrado, de turno único”, completou.  

Flávia Motta, formadora da Região Centro-Oeste. Foto: Arquivo pessoal
“Vejo o programa da educação integral nascer extremamente robusto e com força em sua legislação”, disse Valdons Júnior, coordenador educacional em Sergipe. “A Lei nº 14640/23 é um marco, pois esse programa passa a ser uma política de estado que transcende os limites do governo.”  

Valdons Júnior, coordenador educacional em Sergipe. Foto: Arquivo pessoal

 A carga horária do curso é de 100 horas e a sua metodologia prevê momentos formativos remotos assíncronos e síncronos, além de encontros estaduais ou seminários regionais, conforme o cronograma apresentado por cada universidade anfitriã. Os participantes devem ter 75% de frequência, concluir as tarefas de cada módulo e participar dos webinários e encontros presenciais para obter certificação. 

Durante a formação, nas diferentes regiões do País, foram realizados webinários com especialistas em educação integral e tempo integral. Todos esses conteúdos estão disponíveis no canal do MEC no YouTube. 

Novo ciclo – O período de adesão e de pactuação de matrículas para o novo ciclo de 2024 e 2025 está aberto. As redes devem demonstrar interesse em participar ou declarar a quantidade de vagas que pretendem ofertar até 31 de outubro, pelo Simec. A adesão é voluntária e permite que as secretarias municipais, estaduais e distrital acessem os recursos financeiros destinados à criação de matrículas de tempo integral em todas as etapas e modalidades da educação básica. 

Para o novo ciclo, serão fomentadas mais 1 milhão de matrículas em todo o Brasil, desde a creche até o ensino médio, contemplando também estudantes com deficiências, de comunidades quilombolas, do campo e indígenas. O investimento será de R$ 4 bilhões e a meta é alcançar, até o ano de 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas. 

Somente em seu primeiro ciclo, o Escola em Tempo Integral já fomentou 965.121 matrículas, efetivamente declaradas pelos entes federativos. 

Tempo Integral – O Programa Escola em Tempo Integral tem o objetivo de induzir a criação de matrículas em tempo integral em todas as etapas e modalidades da educação básica. Coordenado pela SEB/MEC, o programa busca viabilizar o cumprimento da Meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 (Lei nº 13.005/2014), política de Estado construída pela sociedade e aprovada pelo parlamento brasileiro. As diretrizes e estratégias para a ampliação da jornada escolar em tempo integral, na perspectiva da educação integral, foram instituídas pela Portaria nº 2.036/2023.  

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Flamengo entra em campo com camisa do programa ‘Antes que aconteça’, da senadora Daniella Ribeiro

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“Antes que aconteça”. Foi com essa inscrição no uniforme que o Clube de Regatas do Flamengo entrou em campo na noite do domingo (29), na partida contra o Athletico Paranaense, no Maracanã. “Antes que aconteça” é o nome do programa de combate à violência contra a mulher criado pela senadora Daniella Ribeiro, coordenadora-nacional do programa.

A senadora acompanhou o jogo no Maracanã na companhia do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, da deputada Soraya Santos, do Rio de Janeiro, do empresário Ernildo Júnior, patrocinador que cedeu espaço na camisa para a propaganda do Antes que aconteça, e de outros nomes ligados ao futebol brasileiro.

Daniella disse que o momento é um grande acontecimento no que diz respeito ao fortalecimento no combate à violência contra a mulher. “Estamos muito felizes com a ampliação do nosso programa que agora chega ao futebol através desse jogo emblemático no qual os jogadores do Flamengo estão com o “Antes que aconteça” estampado no peito. O que queremos é aumentar o coro em defesa da mulher”, declarou.

Daniella lembrou as estatísticas da Polícia Militar que mostram um aumento acentuado de denúncias de violência contra a mulher em dias de jogos. “O Antes que aconteça tem ações efetivas a esse combate, incluindo a conscientização que é um dever de todos nós. Essa parceria com o Flamengo é muito representativa e abre portas para outros espaços no futebol. Importante lembrar que já temos como parceiros a própria CBF e também a FPF”, afirmou.

O início

Daniella Ribeiro lançou o Antes que Aconteça enquanto presidia a Comissão de Mista de Orçamento, em 2023, no Congresso Nacional. O propósito do projeto é manter uma fluxo financeiro permanente e quantitativo no OGU para viabilizar projetos em todo o país. “É muito difícil manter políticas públicas em favor das mulheres sem que tenhamos as verdadeiras condições para isso”, explicou Daniella.

O Antes que Aconteça já foi apresentado para diversos poderes constituintes e segmentos da sociedade civil organizada. Daniella Ribeiro já esteve apresentando e discutindo o projeto no Ministério da Justiça, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, Defensoria Pública da Paraíba, Secretaria de Segurança Pública da Paraíba, Tribunal de Justiça da Paraíba, Banco Itaú e Federação Paraibana de Futebol (FPF).

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Bandeira tarifária vermelha entra em vigor terça-feira e aumenta conta de energia na Paraíba

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Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou que a bandeira tarifária será vermelha, patamar 2, em outubro. A sinalização demonstra que haverá cobrança complementar na conta de luz para os consumidores de energia elétrica conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O anúncio foi feito na sexta-feira (27/09).

Na bandeira vermelha patamar 2 serão cobrados R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Os fatores que acionaram a bandeira vermelha patamar 2 foram o GSF (risco hidrológico) e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) que foram influenciados pelas previsões de baixa afluência para os reservatórios das hidrelétricas e pela elevação do preço do mercado de energia elétrica ao longo do mês de outubro.

Uma sequência de bandeiras verdes foi iniciada em abril de 2022 e interrompida em julho de 2024 com bandeira amarela, seguida de bandeira verde em agosto e a vermelha, patamar 1, em setembro.

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela ANEEL em 2015 para indicar, aos consumidores, os custos da geração de energia no Brasil. Ele reflete o custo variável da produção de energia, considerando fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis, bem como o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas.

Com as bandeiras tarifárias, o consumidor ganha um papel mais ativo na definição de sua conta de energia. Ao saber, por exemplo, que a bandeira está vermelha, o consumidor pode adaptar seu consumo para ajudar a reduzir o valor da conta. Pela regra anterior, que previa o repasse somente nos reajustes tarifários anuais, o consumidor não tinha a informação de que a energia estava cara naquele momento e, portanto, não tinha um sinal para reagir a um preço mais alto.

A ANEEL reforça a importância da conscientização e do uso responsável da energia elétrica, mesmo em períodos favoráveis. A economia de energia contribui para a preservação dos recursos naturais e para a sustentabilidade do setor elétrico como um todo.

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