O ex-governador Ricardo Coutinho observou que se os deputados estaduais que foram da base aliada do seu governo votarem a favor do parecer do Tribunal de Contas do Estado, sugerindo a reprovação de suas contas relativa ao ano de 2916, terão votado contra si próprios. Por quê? Porque, segundo ele, todos estavam presentes às solenidades de pagamentos de 13º, 14º e 15º salários aos professores, assim como a outras solenidades inerentes a ações de sua gestão.
A observação foi feita durante entrevista que o ex-governador concedeu neste sábado (21) ao programa Radar 87, da Rádio Pirauá de Alagoa Nova, ancorado pelos jornalistas Wellington Borges e Teixeira de Melo. Sobre este assunto, ele disse que ainda tem a Justiça pelo meio, porque vai recorrer a todas as instâncias possíveis, se preciso for.
Ricardo disse que, na Paraíba, existe contra ele um lawfare, uma combinação entre órgãos para persegui-lo, com o notório propósito de tirá-lo da política.
Na mesma entrevista, ele comentou sobre a aventada possibilidade de o senador Veneziano Vital (MDB) ser candidato a governador por um grupo progressista que formaria o segundo palanque para Lula na Paraíba.
Na sequência, a coluna transcreve alguns trechos da entrevista:
Em suma, seria um acórdão no mundo jurídico para perseguir alguém.
Perguntado se acredita que a Assembleia Legislativa, em sua maioria aliada do governador João Azevêdo, iria rejeitar o parecer do TCE sobre suas conta, RC respondeu:
Essa é outra manipulação boba. Primeiro, porque ainda tem a Justiça ai nesse meio. O Tribunal de Contas não pode rejeitar contas de um governador que teve todos os índices de sua gestão respeitados. Isso é uma manipulação boba. O Tribunal de Contas agiu de forma covarde. Porque ele inventou uma coisa: disse que eu não tinha chegado aos 60 por cento do Fundeb. Isso é mentira. Nós provamos que era mentira. Só que para o Tribunal de Contas e para o lawfare que existe aqui na Paraíba, a combinação de perseguição que existe aqui na Paraíba, eles disseram que no empenho não tem a palavra “professor”, quando na verdade nós pagamos 13º, 14º e 15º salários aos professores e os que estão nos ouvindo sabem disso. Então, dizer que não vai contar porque no empenho que é preparado pelo 5º escalão da Secretaria de Educação, que não sei nem quem era, não tem a palavra “professor” e que quando em todos os outros anos sem a palavra “professor” no empenho eles aprovaram, fica claro que isso é uma forçação de barra terrível. Eu procurar os meus direitos na Justiça, também, e vou até a última instância, porque não é possível que você cumpra tudo aquilo e um órgão deturpe, porque alguns dos seus membros provavelmente se sentem espremidos em investigações e tenham medo e façam aquilo que outros órgãos queiram. É isso que está em jogo; isso não é democracia; isso não é estado democrático de direito. Nós pagamos aos professores e eles dizem que não porque no papel não tem a palavra “professor”. Isso é ridículo.
Agora, no que se refere à Assembleia Legislativa, os deputados, majoritariamente participaram do meu governo. Se eles reprovarem as contas, teoricamente estão se reprovando também. É verdade, ou não? Porque estavam todos presentes nas solenidades de entrega do 14º e 15º salários; em inauguração de escolas; estava todo mundo presente nas inaugurações de adutoras, de barragens. Portanto, eu acho que a Justiça deve ser procurada por todos aqueles que gostem ou que não gostem; que votem ou não votem em Ricardo; que sejam mandados, ou não, pelo governador de plantão.
Ricardo Coutinho disse que, naturalmente, concorda que a análise do parecer do TCE sobre suas contas deve ser estritamente técnica. A propósito, acrescentou que, se assim for, elas fatalmente serão aprovadas. “Se a análise for técnica o parecer será rejeitado, é assim que as coisas são”, afirmou.
Sobre denúncias do Ministério Público, na Operação Calvário:
“O objetivo das denúncias é prejudicar (a sua campanha para senador, no ano que vem), para me tirar da política. O objetivo da denúncia não é achar uma prova que me incrimine, porque eles sabem que não têm prova nenhuma para me incriminar. O objetivo político é esse. Nos últimos dez anos, tivemos um fenômeno no Brasil chamado lavajatismo, que destruiu economia, que prendeu um presidente sem provas alguma; uma farsa criada pelos procuradores junto ao juiz (Sérgio Moro). A Operação Calvário não é diferente disso: fez uma grande combinação com a mídia e eu não tive onde me defender; tentaram me condenar previamente. Procure investigar e veja se existe um único superfaturamento na educação durante o meu governo. Não existe. E vou mais: não apenas durante o meu governo, mas durante a minha vida de 60 anos, não existe um único depósito ou um único bem que porventura não seja incompatível com a minha renda adquirido de forma totalmente lícita. Qual o político que pode abrir a boca e dizer o que estou dizendo aqui nesse momento? Conta nos dedos qual é o que consegue. Porque quando se olha para a Calvário, você sabe o que tem lá? Talvez não saiba, mas eu vou te dizer: tem lá um tal de um dinheiro, no Rio de Janeiro, que foi pago a fornecedores de campanha. Quem era o candidato? Era eu? Era eu ou era João Azevêdo? As pessoas não respondem.”
No entender de Ricardo Coutinho, isso são coisas deliberadamente produzidas para excluí-lo da política, inclusive com a participação do Ministério Público.
Por Wellington Farias