As ausências dos deputados federais paraibanos Aguinaldo Ribeiro (PP) e Hugo Motta (Republicanos) e de outros nomes considerados fortes, do chamado ‘Centrão’, na Câmara, em Brasília, no dia da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que tornaria obrigatório o voto impresso, chamou atenção de analistas políticos e foi assunto nos bastidores da política na Capital Federal.
O fato chamou atenção porque cada voto não entregue contribuiu para esta que já está sendo considerada uma das maiores derrotas do gestão do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em todos os tempos.
A PEC do Voto Impresso precisaria de 308 votos para ser aprovada, porém, só recebeu 229 votos favoráveis, 218 contrários e uma abstenção, ou seja, 79 votos a menos que o esperado pelo Palácio do Planalto.
Alerta
A postura dos deputados Aguinaldo (líder da Maioria no Congresso), Cacá Leão (líder do PP na Câmara), e André Fufuca, acendeu um alerta em relação ao comportamento do Partido Progressistas em relação ao governo de Bolsonaro, principalmente depois que Ciro Nogueira, senador piauiense que controla do PP, foi agraciado com uma nomeação que o tornou o novo ministro da Casa Civil.
Vale a pena lembrar que, de acordo com informações que circulam pelos bastidores políticos, o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é o líder de Bolsonaro na Casa, teria realizado vários telefonemas para pedir a colegas parlamentares que votassem para que a PEC fosse derrotada e, ao final da votação, disse em alto e bom som que esperava que o assunto estivesse “definitivamente enterrado”.
Já a ausência de Hugo Motta também chamou muita atenção por ser ele o líder do Partido Republicanos na Câmara e ser apontado como um dos operadores de bastante poder nos bastidores da Casa, com notoriedade pela capacidade de articulação e negociação longe dos holofotes.
Abandono
O gesto do Centrão, como um todo, está sendo avaliado por especialistas políticos como um recado claro de que o presidente Bolsonaro não está tão amparado como pensa pelo grupo para o qual ofereceu cargos e liberou emendas para garantir um pouco mais de governabilidade e sobrevida política.
O Centrão, segundo analistas políticos estaria dizendo nas entrelinhas que, diferentemente do que pensa Bolsonaro, não é um grupo dominado pelo presidente apesar dos gestos recebidos nos últimos tempos por parte do gestor.