O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, alfinetou estados ao comentar sobre a escassez de medicamentos para intubação no país. Durante coletiva de imprensa na quinta-feira (15), Queiroga afirmou que também é responsabilidade das unidades da federação buscar esses insumos e não deixar apenas “nas costas do Ministério da Saúde”. Segundo o cardiologista, como o país vive uma emergência sanitária, a pasta atua para garantir o abastecimento, mas a atribuição é originalmente de estados e municípios.
De acordo com a matéria originalmente postada por O Globo, na quinta-feira, a pasta anunciou envio para os estados de 2,3 milhões de unidades de medicamentos utilizados para intubação; todo o lote foi doado por empresas. Os insumos chegarão ao aeroporto de Guarulhos ainda nesta quinta-feira, às 22h30, de onde serão distribuídos para todo o país, devendo chegar em até 48 horas aos destinos finais.
Serão 600 mil comprimidos do bloqueador neuromuscular Cisatracúrio, 400 mil do analgésico Fentanil; 800 mil de Midazolam e 500 mil de propofol, ambos sedativos. A remessa é suficiente para manter o estoque por dez dias no caso de medicamentos como Cisatracúrio, Midazolam e Fentanil; e 15 dias para Propofol. O ministério não explicou, no entanto, se garantirá os estoques após esse período.
— Os estados também têm que procurar esses medicamentos, sobretudo grandes estados. Existem estados que têm economia maior do que de países, que têm condições de buscar esses insumos. Não é só empurrar isso para as costas do Ministério da Saúde, é uma atuação tripartite. Se instituições privadas buscam importações e trazem esses insumos para cá, por que grandes estados não fazem isso? Fica essa questão— afirmou Queiroga, ressaltando que não se deve “um atirando no outro” e que é hora de “esquecermos o Twitter”.
Estoques baixos
Estados de todo país têm relatado dificuldade para manter os estoques de medicamentos para intubação. Na quarta-feira (14), o governo de São Paulo afirmou que já havia encaminhado nove ofícios ao Ministério da Saúde para solicitar auxílio para compras do chamado kit intubação, mas não obteve resposta. O estado relatou que seus estoques estavam em níveis críticos. Questionado sobre o tema, o ministro afirmou que não basta enviar ofícios:
— Não adianta só ficar enviando ofício para o Ministério da Saúde, temos que trabalhar juntos, e os governadores sabem disso, que têm encontrado parceria contínua do Ministério da Saúde.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que a demanda dos estados são tratadas semanalmente em uma reunião entre gestores municipais, estaduais e representantes do Ministério da Saúde. Cruz disse ainda que a distribuição é feita de acordo com critérios de “criticidade” dos municípios e estados naquele momento.
Nesta quinta-feira, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou um levantamento que mostra que 30% dos hospitais privados têm medicamentos do kit intubação para apenas cinco dias ou menos.