O prefeito Bruno Cunha Lima, de Campina Grande, manteve reunião virtual, na manhã desta segunda-feira, 22, com representantes do Ministério Público Estadual, Federal e do Trabalho. Na pauta: questionamentos sobre os critérios do Governo do Estado para a distribuição de vacinas aos 223 municípios e um alerta e pedido de investigação sobre possíveis manobras de uma força-tarefa que têm gerado transferências excessivas nas últimas semanas de várias regiões da Paraíba para o Hospital Municipal Pedro I, via regulação da Secretaria Estadual da Saúde.
De acordo com Bruno Cunha Lima, as pautas que levou às três representações do Ministério Público foram alvos de muita reflexão pessoal, nos últimos dias, levando-se em conta a tendência que existe, por parte de alguns segmentos e principalmente do Governo do Estado, de tentar partidarizar os temas relevantes que precisam ser enfrentados. Nesse sentido, ele preferiu reunir uma série de informações técnicas, com base em documentos e dados oficiais, para levar adiante seus questionamentos e pedido de apoio aos promotores e procuradores em relação aos fatos.
Com base em relatórios e levantamentos, o prefeito de Campina Grande apresentou ao grupo do Ministério Público uma série de questionamentos que, segundo ele, pela própria falta de informações do Governo do Estado, deixa margem para as mais diversas interpretações. Coordenada pela promotora de Justiça Adriana Amorim, a reunião contou com as participações também dos procuradores Marcos Antônio e Raulino Maracajá (MPT), Renan Félix e Bruno Barros (MPF). O médico Tito Lívio, diretor do Pedro I, também se integrou à videoconferência.
Acompanharam o prefeito Bruno na reunião os secretários Filipe Reul e Gilney Porto, titular e adjunto da Saúde do Município, além do procurador-geral do Município, Aécio Melo e o coordenador de Comunicação da Prefeitura, Marcos Alfredo.
Questionamentos
Um dos questionamentos: por que, de acordo com o último censo, o Hospital das Clínicas do Estado em Campina Grande dispõe de um número considerável de leitos em enfermarias e o secretário de Saúde do Estado insiste em falar de filas de pacientes nas 1ª e 2ª Macrorregiões de Saúde? E isso, mesmo levando em conta que, por problemas no fornecimento de oxigênio na unidade, 25 pacientes tiveram de ser transferidos para o Hospital de Trauma durante a madrugada do último dia 20. Não tem havido também transparência na divulgação rotineira de boletins, indicando de onde são os pacientes, por parte do HC, alerta Bruno.
Ao mesmo tempo, também, numa ação orquestrada e que vem deixando evidências, a Secretaria de Saúde do Estado tem usado o setor de regulação para direcionar um número excessivo de pacientes para o Pedro I, mesmo com disponibilidade de leitos no Hospital das Clínicas. No último domingo, segundo o prefeito em sua exposição para o MP, de 18 pacientes que deram entrada no Pedro, apenas dois foram de Campina Grande.
Vacinação
Sobre a questão da vacinação contra a Covid-19, o prefeito campinense apresentou uma série de dados que evidenciam um desequilíbrio proporcional, em desfavor de Campina Grande e de praticamente todos os outros municípios paraibanos, na distribuição dos imunizantes repassados pelo governo federal ao Estado. Ele citou como exemplo o tratamento dado a João Pessoa, em detrimento das outras cidades. Deixou claro que o alvo não é a gestão da Capital, mas sim o desequilíbrio gerado. Confirmou que vai recorrer à Justiça para a correção do que considera “um lamentável desequilíbrio” dentro do próprio Estado.