Os integrantes da Coluna estes percorreram cerca de 25 mil quilômetros pelo interior do território brasileiro, dos quais 330 km em solo paraibano, onde estiveram entre os dias 5 e 12 de fevereiro de 1926, quando a Coluna passou pelo sertão do Estado. Na tarde desta terça-feira (12), a importância histórica deste movimento, que lutava contra o governo federal, mostrando as injustiças sociais da época e defendendo reformas políticas e sociais e, especialmente, sua passagem pela Paraíba foi debatida durante uma audiência pública, proposta pelo deputado estadual Jeová Campos (PSB). A proposta de criar uma Trilha histórica-turística-cultural-ambiental deste movimento político-militar brasileiro, que existiu entre os an os de 1925 e 1927, ganhou a simpatia e apoio de professores, historiadores, políticos e intelectuais que se revezaram na tribuna da ALPB enaltecendo esse importante feito histórico.
O deputado Jeová Campos, que abriu e presidiu os trabalhos, fez uma breve retrospectiva do movimento, enaltecendo sua importância histórica e disse que na condição de presidente da Comissão de Desenvolvimento, Turismo e Meio Ambiente, via com muita satisfação e entusiasmo a possibilidade da criação desta trilha. “Eu acho esse tema fascinante, admiro o movimento, a visão humanista de Prestes, a região por onde a coluna passou é belíssima, é uma região pouco aproveitada turisticamente, ecologicamente, economicamente e a criação desta trilha é um filão que pode ser um indutor para alavancar essa região sertaneja como um polo de atração cultural, porque o fat o histórico existiu, foi importante para o país e tem marcos aqui na Paraíba”, destacou o parlamentar.
O secretário de Cultura, Lau Siqueira, também se entusiasmou com a proposta. “Esses roteiros históricos são a história viva que pode ser resgatada e explorada para ampliar conhecimentos, reviver momentos, em Piancó, por exemplo, ainda há casas que têm balas alojadas em suas paredes, cujos resquícios remontam ao confronto de 1926. Imagina um roteiro deste na Paraíba com viés de turismo. Esse é o caminho”, destacou o secretário, se colocando à disposição para apoiar a criação da trilha. O jornalista e escritor Wills Leal se entusiasmou com a ideia e disse que ela precisa ser bem elaborada. “A elaboração deste projeto, que acho fantástico, é um caminho, um indutor para alavancar e tornar aq uela bela região sertaneja num polo de atração econômica, cultural e turística”, destacou Leal.
O historiador José Otávio, que fez uma retrospectiva do movimento, inclusive relembrando fatos dramáticos da Coluna Prestes, a exemplo da tragédia da morte do Padre Aristides, ocorrido em Piancó, também acha importante esse resgate histórico através da criação da trilha. O professor João Trindade fez duras críticas ao movimento por causa do que aconteceu na Paraíba, mas, reiterou que acha importante essa trilha até para resgatar esse feito histórico que, na opinião dele, marcou negativamente a Coluna Prestes. “A Coluna foi um movimento de grande valor para o Brasil, uma marcha legítima que, infelizmente, teve esse episódio lamentável aqui na Paraíba, mas que mesmo assim foi um marco na luta por mais justiç ;a social”, destacou o professor que é autor e um cordel sobre o movimento.
O escritor Francisco de Assis, autor de um livro inédito que ainda não foi publicado sobre a Coluna Prestes enalteceu o ideal de justiça social defendido pelo comandante da Coluna, para justificar a essência do movimento. “Prestes era um humanista acima de tudo. Para ele, a dignidade humana era o mais importante. Ele pregava um mundo sem injustiças de qualquer natureza. O movimento tinha esse propósito que era lutar por uma sociedade mais justa e igualitária”, destacou ele.
O vereador de Piancó, José Luiz, enalteceu a ideia de criação da trilha e disse que além do resgate histórico da passagem da Coluna pela Paraíba, essa iniciativa poderá alavancar o desenvolvimento da região. “Seria maravilhoso reviver a história e atrair turistas para a região. Esse projeto tem nosso apoio e da Câmara Municipal de Piancó”, destacou ele, que sugeriu a realização de uma audiência na região para aprofundar esse assunto.
“O registro histórico da Coluna Prestes quando da sua passagem pela Paraíba, dada a riqueza natural e cultural dos municípios por onde passou a Coluna, pode ser explorado turisticamente a partir da criação, no alto sertão paraibano, de uma a Trilha histórico-cultural-turística-ambiental. Após essa audiência, penso que isso será perfeitamente possível de realizar, pois trata-se de um projeto pensado na história e projetado para o futuro, que servirá como instrumento de formação ética e intelectual das novas gerações”, reitera Jeová. Outras pessoas também falaram durante a audiência, entre as quais, o deputado Jandhuy Carneiro, o historiador Salviano Leite, o professor Gil Sabino, o músico , João Leite, e um representante dos Correios que, inclusive, mostrou a proposta de um selo personalizado da Coluna Prestes.
Sobre a Coluna
Na Paraíba, a Coluna Prestes passou pelos municípios de Uiraúna, Poço Dantas, São João do Rio do Peixe, Vieirópolis, Lastro, Santa Cruz, São Francisco, Pombal, Coremas, Piancó, Santa dos Garrotes, Nova Olinda, Tavares, Princesa Isabel, Santa Terezinha, Catingueira, Patos, Emas e Olho D’Água. O núcleo fixo do movimento tinha cerca de 200 homens, porém em vários momentos da caminhada o movimento chegou a contar com cerca de 1400 pessoas (militares e simpatizantes do movimento). Os integrantes da Coluna Prestes passam e paravam nas cidades. Conversavam com as pessoas e faziam a propaganda contra o governo federal, mostrando as injustiças sociais da época e defendendo reformas políticas e sociais.
O movimento teve início na cidade de Alegrete (sul do Rio Grande do Sul) e após dois anos e meio e percorrer 11 estados, terminou dividido. Um grupo foi para a Bolívia, enquanto outro para o Paraguai. Embora não tenha conseguido derrubar o governo, a Coluna Prestes foi um movimento que enfraqueceu politicamente a República Velha, abrindo caminho para a Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder. Com o movimento, Luís Carlos Prestes ganhou o apelido de “Cavaleiro da Esperança”.