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Ciência e cooperação para superar adversidades

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* Maurício Antônio Lopes – Pesquisador da Embrapa

Poucos sabem da influência da ciência no pensamento político dos líderes que moldaram a maior potência global, os Estados Unidos da América.  Os chamados “fundadores” da nação americana consideravam que a ciência era parte integrante da vida – incluindo da vida política.  Historiadores nos contam que Thomas Jefferson era um estudioso do legado científico de Isaac Newton, Benjamin Franklin foi um cientista ilustre que se dedicou ao estudo da eletricidade, John Adams teve a melhor educação científica que o novo país oferecia e James Madison, o arquiteto-chefe da Constituição americana, salpicou seus famosos “Artigos Federalistas” com referências às ciências da vida; física e à química.

Ao se tornar fonte de inspiração que ajudou a moldar a Constituição americana, a ciência ganhou visibilidade e status e certamente marcou a evolução do pensamento, das leis e das instituições que consolidaram aquele país como potência científica e tecnológica – o que ajudou a definir a forma, a evolução e a competitividade da sua pujante economia.  Após a Segunda Guerra Mundial, as universidades americanas, estimuladas por financiamento governamental para pesquisa e ensino superior, se expandiram em tamanho, número e diversidade de alunos, produzindo não apenas profissionais bem treinados, mas também um arsenal de novos conhecimentos que deram origem ao mais poderoso ecossistema de inovação do planeta.

O sucesso da ciência americana ajudou também a inspirar o investimento global em inovação e a fortalecer a cooperação científica e tecnológica ao redor do globo.  Suas universidades se tornaram referência em capacitação de alto nível, se abrindo para treinar cientistas de todas as partes, incluindo o Brasil.  Milhares de pesquisadores da Embrapa, de institutos estaduais de pesquisa e de universidades brasileiras foram treinados nas melhores universidades americanas, onde adquiriram conhecimentos e construíram redes de cooperação que ajudaram o Brasil a superar a insegurança alimentar e a se tornar um grande exportador de alimentos em apenas quatro décadas.

O fato é que os líderes preparados e pragmáticos sabem que aqueles que geram novos conhecimentos e os transformam em inovações tecnológicas são os donos do futuro.  O recém eleito presidente americano Joseph Biden tem repetido que sua administração será “construída sobre um alicerce de ciência”.  E países que almejam posição de destaque no mundo investem em políticas científicas e tecnológicas robustas e de longo prazo, ao mesmo tempo que fortalecem suas estratégias de cooperação.  Este é o caso da China, que em poucos anos se tornou um dos maiores produtores globais de conhecimento científico.  São países cujos líderes compreendem que a superação de adversidades, como mudanças climáticas, riscos sanitários, poluição e escassez de recursos só poderá se dar com pesados investimentos em ciência, tecnologia e cooperação.

Ainda assim, a última década foi notável por um aumento nas atividades anticientíficas, com destaque para o movimento contra a vacinação – uma das maiores conquistas da saúde pública no século 20.  Esse é um dos tristes exemplos da desinformação que ganham força nas redes sociais, trazendo de volta riscos considerados já superados e comprometendo a credibilidade da ciência, em momento em que a sociedade se mostra cada vez mais dependente de conhecimento.  É por isso que precisamos de dirigentes esclarecidos, atentos aos riscos da ignorância científica, capazes de compreender e comunicar que vivemos em uma sociedade absolutamente dependente do conhecimento.  Impossível não perc eber essa realidade, imersos que estamos em uma pandemia, que nos traz exemplos cristalinos do enorme poder da ciência e da cooperação para superação de adversidades.

Exemplo como o rápido sequenciamento do genoma do vírus Sars-CoV-2, na China, em janeiro de 2020, dias após o seu primeiro isolamento.  Quando a cidade de Wuhan registrou a primeira morte devido à Covid-19 a sequência genômica do vírus foi rapidamente postada em um site de acesso aberto a cientistas em todo o mundo. As 28.000 letras do código genético do vírus permitiram que universidades e empresas farmacêuticas ao redor do globo projetassem, em poucos dias, diversos protótipos de vacinas, alguns testados com sucesso ao longo do ano. Responder a um novo vírus letal desconhecido com vacinas aprovadas em prazo tão exíguo foi um feito extraordinário que atestou de maneira inequívoca a essencialidade da ciência e d a cooperação para o progresso e o bem estar da sociedade.

É por isso que, mais que em qualquer outro momento da sua história, o Brasil precisa cuidar com grande atenção da sua ciência.  A falta de planejamento estratégico, de investimento e de formação de cientistas poderá nos colocar em situação de perigo ou nos arrastar para posições de menor importância no cenário mundial.  É evidente a emergência de riscos de grande impacto – como as mudanças climáticas e as crises sanitárias, assim como é evidente a reconfiguração nas cadeias de valor globais, cada vez mais intensivas em conhecimento.  Por isso o Brasil precisará elevar de forma substancial sua capacidade de resposta a crises, além de ampl iar a criatividade e a produtividade da sua economia, o que só ocorrerá com formação de talentos, fortalecimento da capacidade de cooperação e grande investimento em políticas científicas e tecnológicas robustas e de longo prazo.

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Medicinando: os avanços da tecnologia na melhoria dos procedimentos de saúde

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O médico e presidente da Cooperativa Unimed João Pessoa, Doutor Gualter Ramalho, publicou nesta segunda-feira (16/09), mais um episódio do projeto ‘Medicinando’. Com um formato de vídeos curtos compartilhados no seu perfil das redes sociais, o anestesiologista aborda temas como gestão, inovação e liderança.

Desta vez, Gualter falou sobre os avanços da tecnologia e o impacto na melhoria dos procedimentos de saúde. Ferramentas como Inteligência Artificial, telemedicina, Wearables e dispositivos vestíveis, impressoras 3D, equipamentos de realidade virtual e o BigData, são alguns dos exemplos de novas tecnologias citadas pelo gestor que otimizam as técnicas aplicadas na medicina moderna.

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Setembro Amarelo: a importância de quebrar tabus e falar sobre a saúde mental

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Realizada anualmente desde 2015, o Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização e prevenção ao suicídio no Brasil, um problema de saúde pública que ainda enfrenta muitos estigmas. De acordo com o psiquiatra e professor da Afya Educação Médica, Caio Uehara, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre indivíduos de 15 e 29 anos. “Esse dado alarmante reforça a necessidade de abordarmos o tema de forma adequada e sem preconceitos”, destaca.

A campanha criada com o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e busca oferecer informações e recursos para que a população saiba como agir diante de situações de crise. Para Caio Uehara, a maior barreira ainda é o desconhecimento. “Existe aquele medo que congela e faz com que a pessoa pare diante de um indivíduo que está pedindo ajuda, e assim, por falta de informação, acaba não agindo”, afirma.

Fatores de risco e sinais de alerta — Entre os fatores que podem aumentar o risco de suicídio estão doenças físicas, como dores crônicas, transtornos mentais e situações de sofrimento intenso. Entretanto, Caio alerta que, embora relevantes, esses fatores não são determinantes isolados. “Não é porque eu sou homem, por exemplo, que vou cometer suícidio, mas o sexo masculino é um fator de risco”, explica o psiquiatra. Segundo ele, o sofrimento pode ser manifestado por meio de sentimentos de desesperança e desespero, muitas vezes disfarçados em comportamentos sutis.

Sinais como isolamento, falas sobre ser um peso para os outros e perda de interesse pela vida são alguns dos principais alertas. “Essas são frases que no dia a dia acabamos não valorizando, mas são pequenos pedidos de ajuda que as pessoas fazem”, destaca Uehara. Mais de 90% dos suicídios têm alguma correlação com transtornos mentais. “É importante que a gente reconheça quando um indivíduo faz uma fala de desesperança e comecemos a olhar para ele como alguém que precisa de uma conversa, que pode ser bem efetiva”, ressalta.

Sociedade e amigos — A forma como o suicídio é tratado na mídia também é fundamental para evitar o efeito de propagação. O psiquiatra destaca que a abordagem deve ser cuidadosa e focada em informações que ajudem a prevenir o problema. “A mídia tem um grande papel em trazer os fatores que podem ajudar a gente a proteger as pessoas”, afirma o médico.

Além disso, Uehara enfatiza a importância do apoio de amigos e familiares: “A maioria das pessoas que pensam ou chegam ao ato em si busca ajuda de alguma forma. E o que pode chamar a nossa atenção é a mudança de comportamento. Muitas vezes, na boa intenção, incentivamos a pessoa a sair de casa, fazer alguma atividade física, porém, ela já queria estar fazendo isso e não faz devido ao processo de adoecimento. É preciso ter cuidado nas falas. Reconhecer, ouvir sem julgar, acolher e, em seguida, buscar auxílio especializado são os passos fundamentais”. Ele também recomenda que em casos de emergência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deve ser acionado para intervenção imediata.

Desafios e avanços — Nos últimos anos, o aumento de fatores estressores, como a pressão das redes sociais e o impacto da crise financeira, tem afetado a saúde mental de jovens e adultos. “O Brasil está entre os primeiros colocados em transtornos ansiosos e depressivos, atrás apenas de países em situação de guerra e regimes repressivos”, aponta o psiquiatra. Contudo, ele reforça que, com tratamento adequado e apoio especializado, é possível reverter esse cenário e salvar vidas.

O passo mais importante, segundo o especialista, é buscar auxílio especializado de psicólogos e psiquiatras. “Esses profissionais vão trabalhar uma forma de solucionar esse trauma e com isso reduzir o sofrimento. Se o suicídio é uma forma desesperada de acabar com o sofrimento, quando tratamos, a vontade do indivíduo tirar sua vida também desaparece”, aponta.

Para quem precisa de apoio emocional, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito e sigiloso 24 horas por dia, todos os dias da semana, pelo telefone 188, chat ou e-mail. A iniciativa é um recurso importante para aqueles que buscam ajuda em momentos difíceis, reforçando a importância do diálogo e da escuta ativa na prevenção ao suicídio. Além disso, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) também oferece suporte fundamental para quem enfrenta crises emocionais ou transtornos mentais. Os CAPS oferecem acompanhamento especializado, tratamento contínuo e apoio psicológico gratuito para quem necessita.

Caio Uehara acrescenta que o tabu é uma das maiores barreiras. “É a chamada psicofobia, por isso o Setembro Amarelo é importante. É importante. É preciso não ter vergonha e encorajar as pessoas a conversar abertamente, buscando auxílio especializado o mais rápido possível”, conclui.

Sobre a Afya Educação Médica –  A Afya, líder em educação e soluções para a prática médica no Brasil, reúne 32 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 30 delas com cursos de medicina e 20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada com mais de 70 cursos em diversas áreas. Com mais de 20 mil alunos formados nos últimos 25 anos, a instituição é pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina. Mantemos parcerias com as mais importantes sociedades médicas e centenas de hospitais em mais de 40 municípios compreendidos por nossas 20 unidades, entre clínicas, laboratórios e demais espaços especializados para práticas de formação médica, e aulas com turmas reduzidas, concentradas em menos dias da semana para facilitar a rotina do médico. A Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2023) como a melhor empresa de educação. Na Paraíba, a Afya está localizada na BR-230 Km 9 – Amazônia Park, Cabedelo – PB. Para mais informações, acesse www.afya.com.br  e https://ir.afya.com.br/ .

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Especialistas dão dicas para diagnóstico e prevenção da anemia, doença comum no mundo todo

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Redação do Portal da Capital

Palidez, cansaço, dificuldade para realizar atividades habituais, coração acelerado, queda de cabelo e unhas quebradiças. Estes são alguns sintomas da anemia, um problema de saúde comum em todo o mundo. Apesar de acometer também adolescentes, homens e idosos, a anemia afeta principalmente crianças até 2 anos de idade e mulheres adultas. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, mais de 20% das crianças abaixo de 5 anos e cerca de 29% das mulheres adultas apresentam a doença.

anemia e doenças da medula óssea é o tema do videocast “Sem Contraindicação” desta semana. A apresentadora Linda Carvalho recebeu os hematologistas Roberto Matias e Thaís Benevides, que trazem várias informações sobre as causas e como evitar ou tratar a anemia.

Classificada em diferentes tipos, essa doença ocorre quando a quantidade de hemoglobina no sangue está abaixo do normal em consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais. As crianças estão entre os grupos mais afetados por causa de questões específicas dessa faixa etária, como baixa ingesta de carne e folhas verdes escuras, além das parasitoses e verminoses comuns na infância. No caso da mulher, a perda de sangue com a menstruação e também alguns distúrbios gastrintestinais estão entre as principais causas.

Sobre as doenças que afetam a medula óssea, a mais comum é a leucemia. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, até o final do ano, 11 mil novos casos de leucemia devem surgir no Brasil.

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O episódio completo do “Sem Contraindicação” sobre anemia e doenças da medula óssea está disponível no canal da Unimed João Pessoa no YouTube, no Spotify e no Portal Unimed João Pessoa, que tem uma seção exclusiva sobre o programa.

Produzido pela Unimed João Pessoa, o “Sem Contraindicação” tem como foco divulgar informações sobre saúde, qualidade de vida e bem-estar, além de novidades na medicina e no plano de saúde. Toda quinta-feira, um novo episódio é publicado. Esta semana, o videocast chegou à 47ª edição.

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