A pressão feita pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) sobre o PT foi gigantesca nos últimos dias. O objetivo era retirar a pré-candidatura do deputado estadual Anísio Maia para compor uma frente de esquerda. A meta inicial era incluir o PV no time, com a indicação de vice para Edilma Freire. Depois que a sigla fechou com o PDT e recebeu a indicação de Mariana Feliciano para vice, as portas foram fechadas. A partir daí, os esforços de Coutinho passaram a ser por uma composição com o PSB na cabeça.
Segundo a matéria publicada no blog do Suetoni, Ricardo Coutinho era o favorito para vencer as eleições até o ano passado, quando foi alvo da operação Calvário. Ele chegou a ser preso, mas conseguiu habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). De dezembro para cá, foi alvo de várias outras denúncias, mas a coisa complicou mesmo após as Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontarem risco de inelegibilidade.
A aposta do partido, agora, tem sido bancar uma candidatura da deputada estadual Estela Bezerra. O primeiro nome na fila era o do deputado federal Gervásio Maia, mas ele não quis. Para viabilizar a disputa por Estela, Ricardo foi a Lula (PT). O objetivo era que o Diretório Nacional fizesse uma intervenção em João Pessoa. Os petistas têm o maior tempo de televisão entre os partidos que disputarão a eleição neste ano. A meta então era que a frente de esquerda saísse com PSB, PT e PCdoB. Há quem diga entre os socialistas que Anísio é um candidato laranja do governador João Azevêdo (Cidadania), que apoia Cícero Lucena (PP) na disputa.
Dificuldades
Assim como Ricardo Coutinho, a candidatura de Estela Bezerra não é um consenso mesmo dentro do partido. Há quem lembre o fato de ela cumprir medidas cautelares em decorrência da operação Calvário. Estela também chegou a ser presa em dezembro do ano passado, sob a acusação de suposto envolvimento em uma organização criminosa. A Assembleia Legislativa reverteu a decisão e votou pela soltura dela. A determinação foi acatada pela Justiça, mas foram impostas medidas cautelares contra a deputada.
Estela é obrigada, por exemplo, ao recolhimento noturno diário. Ou seja, estaria fora dos debates televisivos e de eventos políticos que ocorram depois das 21h. Tem mais. Ela não poderia se comunicar com o ex-governador em nenhuma hipótese, porque está proibida também de conversar com outros acusados de envolvimento com a suposta organização criminosa que teria desviado R$ 134,2 milhões de contratos da saúde e da educação do Estado.
O último dia para as convenções é nesta quarta-feira (16). O Diretório Municipal do PT recebeu uma recomendação do Diretório Nacional, após as pressões do PSB, para opte por uma composição com PSB e PCdoB. Como não houve intervenção, ao menos até agora, os petistas mantiveram para as 18h a convenção que vai ratificar o nome de Anísio Maia. O PCdoB indicou Percival Henriques para vice. O PSB é esperado para compor a aliança, mas sem espaço na majoritária.
A conta não é simples. Como demorou para entrar no jogo, o PSB corre o risco de sair sozinho para a disputa ou passar à condição de coadjuvante pela primeira nas duas últimas décadas na Paraíba. A convenção foi marcada para as 16h30. O fim desta novela saberemos mais tarde.