A Polícia Federal encontrou indícios de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usava linhas de celulares registradas em nome de outras pessoas para fugir do grampo e fazer ligações sigilosas. Os aparelhos foram apreendidos no dia 18 de maio, durante operação de busca e apreensão realizada pela PF em apartamento do parlamentar no Rio de Janeiro.
De acordo com a PF, o senador utilizava dois telefones em nome de laranjas, sendo pessoas fora de suspeitas, que não seriam alvos de investigações. Na ocasião, um dos telefones foi encontrado na sala de TV e o outro no “Closed” do imóvel de Aécio Neves em Ipanema (RJ), informa reportagem de Joelma Pereira, do Congresso em Foco.
Um dos donos é Laércio de Oliveira, agricultor que trabalha no cultivo de café em fazendas no interior de Minas. Já o outro é Mitil Ilchaer Durao, montador de andaimes com endereço registrado no Espírito Santo. Os dados foram revelados a pedido da PF pelas operadoras TIM e Vivo.
“Os titulares das linhas telefônicas acima referenciadas são pessoas simples e não há de se descartar a possibilidade de tais linhas terem sido habilitadas sem o consentimento deles”, diz a PF, que também aponta que os últimos registros de ligações realizadas por aqueles aparelhos “não denotam ser de pessoas de convívio social de assinantes daquelas linhas”.
Conforme o relatório, “tratam-se de aparelhos telefônicos simples, descartáveis, normalmente utilizados para conversas ponto a ponto (análogo a uma rede fechada) com pessoas determinadas/restritas de modo a evitar eventuais vazamentos do número utilizado na ligação, visando a maximização do sigilo das ligações”. Até o fechamento da reportagem, a assessoria do senador ainda não havia se manifestado sobre o assunto.
Além dos celulares, na operação realizada em Maio, a PF também apreendeu obras de artes, entre elas uma tela pintada pelo artista Cândido Portinari e uma escultura. As informações sobre o relatório da PF foram publicadas em primeira mão pelo site G1.
As diligências foram realizadas no âmbito da acusação do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, que afirma ter repassado R$ 2 milhões em propina. O dinheiro foi entregue a um primo do senador, em quatro parcelas de R$ 500 mil, e repassado depois a uma empresa do filho do senador Zezé Perrella, Gustavo Perrella, secretário do Ministério do Esporte. O tucano alega que sua relação era estritamente pessoal com Joesley e que o recurso era para pagar sua defesa na Lava Jato.
No dia 26 de Maio, a PF apresentou relatório com pertences e indícios encontrados nas buscas que tinham como alvo o senador. Na ocasião, a PF informou que encontrou um bloqueador de sinal telefônico, uma lista de indicações para cargos federais e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição “cx 2”.